ALIMENTO DIÁRIO

MATEUS 11: 7 – 15

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O Testemunho que Cristo dá de João

Aqui temos o grande elogio que o nosso Senhor Jesus faz a João Batista, não somente para reavivar a honra dele, mas para reavivar o seu trabalho. Alguns dos discípulos ele Cristo poderiam, talvez, aproveitar a pergunta que João enviou para refletir sobre ele, como sendo fraco, hesitante e incoerente consigo mesmo, e para evitar isto Cristo lhe faz este elogio. Note que é nosso dever levar em consideração a reputação dos nossos irmãos e não somente remover, mas também impedir e evitar invejas e maus pensamentos sobre eles. E devemos aproveitar todas as oportunidades, especialmente a descoberta de alguma indecisão ou hesitação, para falar bem daqueles que são dignos de louvor, e para atribuir a eles o fruto das suas mãos. João Batista, quando estava no centro do cenário, e Cristo estava recluso, deu testemunho de Cristo – e agora que Cristo aparecia publicamente e João estava encarcerado, Cristo deu testemunho de João. Observe que aqueles que têm um interesse confirmado em si mesmos devem utilizá-lo e aprimorá-lo para auxiliar o crédito e a reputação de outros, cujo caráter o exige, mas cujo temperamento ou circunstâncias atuais os impedem de fazê-lo. Isto é dar honra a quem a honra é devida. João tinha se humilhado para honrar a Cristo (João 3.20,30; cap. 3.11), tinha se reduzido a nada, para que Cristo pudesse ser Tudo, e agora Cristo o dignifica com este elogio. Note que aquele que a si mesmo se humilhar será exaltado, e aquele que honra a Cristo, Ele o honrará. Qualquer que o confessar diante dos homens, Ele o confessará diante de Deus Pai; e algumas vezes também diante dos homens, mesmo neste mundo. João havia concluído o seu testemunho, e Cristo o elogia. Cristo reserva honra para os seus servos que fizerem o seu trabalho (João 12.26).

A respeito desse elogio a João, observe:

 I – Que Cristo falou de João com honra, não para que os discípulos de João O ouvissem, mas depois que eles tinham partido, imediatamente após eles terem se retirado (Lucas 7.24). Ele não daria a impressão de estar adulando João, nem os seus elogios seriam transmitidos a ele. Embora devamos estar dispostos a dar a todos o seu devido elogio, para seu incentivo, ainda assim devemos evitar tudo o que possa parecer bajulação, ou que possa correr o risco de inchá-los de orgulho. Existem aqueles que, mesmo estando mortificados para o mundo, em outros aspectos, não conseguem vencer o seu próprio louvor. O orgulho é um estado de espírito corrupto que não devemos alimentar, nem nos outros, nem em nós mesmos.

 II – Que o que Cristo disse a respeito de João tinha a intenção não apenas de elogiá-lo, mas também beneficiar o povo, reavivando a lembrança do ministério de João, que tinha sido acompanhado por muita gente, mas que agora estava (como outras coisas costumavam ser) estranhamente esquecido: eles o fizeram durante algum tempo, e por apenas algum tempo se alegraram com a sua luz (João 5.35). “Que fostes ver no deserto?”. Faça a si mesmo esta pergunta.

1.João pregava no deserto, e para lá as pessoas iam em grandes grupos, para vê-lo, embora fosse um lugar distante e inconveniente. Se os professores são levados a lugares distantes, é melhor procurá-los e segui-los do que ficar sem eles. Mas se valia a pena tanto esforço para ouvir a sua pregação, certamente ela era merecedora de algum cuidado por parte daqueles que a recebiam. Quanto maiores forem as dificuldades que passarmos para poder ouvir a Palavra, mais preocupados estaremos em nos beneficiar dela.

2.Eles iam até ele, para vê-lo; mais para alimentar os seus olhos com a aparência incomum da sua pessoa do que para alimentar a alma com as suas instruções saudáveis; mais levados pela curiosidade do que pela consciência. Observe que muitos dos que procuram a palavra vêm mais para ver e ser vistos do que para aprender e ser ensinados, mais para ter algo de que falar do que para se informar sobre a salvação. Cristo faz a pergunta a eles: “Que fostes ver?” Note que aqueles que procuram a palavra serão chamados para responder quais eram as suas intenções e em que melhoraram. Em breve, lhes será perguntado: “O que você estava fazendo na ocasião daquela orientação? O que levou você até lá? Era costume, ou foi a companhia, ou foi um desejo de honrar a Deus e ser bom? O que você trouxe de lá? Que conhecimento, graça e consolo? O que você foi ver ali?” Observe que quando lemos e ouvimos a palavra, devemos ter o cuidado de manter um objetivo correto naquilo que fazemos.

III – Vejamos qual foi o elogio feito a João. Não sabemos que resposta devemos dar à pergunta de Cristo. Ele disse: “Vou lhes dizer que homem era João Batista”.

1.Ele era um homem firme e decidido, e não uma cana agitada pelo vento; assim são vocês, nos pensamentos que têm sobre ele, mas ele não era assim. Ele não oscilava nos seus princípios, nem era irregular ou inconstante no que dizia; mas era admirável pela sua constância e coerência consigo mesmo. Aqueles que são fracos como as canas serão levados em roda por todo vento de doutrina (Efésios 4.14), mas João tinha espírito forte. Quando o vento do aplauso popular, por um lado, soprava fresco e claro, quando a tempestade do ódio de Herodes, por outro lado, crescia feroz e colérica, João ainda era o mesmo, o mesmo em todas as ocasiões. O testemunho que ele tinha dado a respeito de Cristo não era o testemunho de uma cana, de um homem que tinha um pensamento hoje e outro amanhã, não era um testemunho como um cata-vento, que gira conforme o vento. Não. A sua constância é declarada (João 1.20). Ele confessou, e não negou, mas confessou e mais tarde permaneceu fiel ao que tinha dito (João 3.28). E por isso esta pergunta trazida pelos seus discípulos não devia ser transformada em nenhuma suspeita a respeito da verdade sobre o que ele tinha dito anteriormente. Por isso as pessoas afluíam até ele, por­ que ele não era como uma cana. Observe que não se perde nada a longo prazo nessa caminhada devido a uma resolução inabalável de continuar com o nosso trabalho. Nada pode nos deter: nem a falta de sorrisos e bons tratos, nem o temor à censura dos homens.

2.Ele era um homem que se negava a si próprio, e que se humilhava neste mundo. “Que fostes ver? Um homem ricamente vestido?” Se foi este o caso, vocês não deviam ter ido ao deserto, para vê-lo, mas sim à corte. Vocês foram ver alguém que tinha suas roupas feitas de pêlo de camelo, e um cinto de couro em torno ele seus lombos; a sua aparência e os seus costumes mostravam que ele estava morto para todas as pompas do mundo e para os prazeres dos sentidos. A sua roupa combinava com o deserto em que ele vivia, e a doutrina que ele pregava ali, que era a do arrependimento. Entretanto, não devemos pensar que ele, que era um estranho aos prazeres da corte, fosse levado a mudar o seu pensamento pelos terrores de uma prisão, e a questionar se Jesus seria ou não o Messias! Aqueles que vivem uma vida humilde têm menos probabilidade ele se afastar da sua religião pela perseguição. Ele não era um homem ricamente vestido; certamente existem homens assim, mas eles estão nas casas dos reis. Note que é conveniente que as pessoas, em todas as suas manifestações, sejam coerentes com o seu caráter e com a sua situação. Aqueles que são pregadores não devem desejar ter a aparência de corte­ sãos. Nem devem aqueles, cujo destino os coloca em residências comuns, desejar as roupas ricas que usam os que vivem nas casas dos reis. A prudência nos ensina a ser coerentes. João parecia rude e desagradável, e ainda assim as pessoas corriam até ele. A lembrança do nosso antigo zelo em procurar a palavra de Deus deveria nos motivar no nosso trabalho atual. Que não se possa dizer que nós fizemos e sofremos tantas coisas em vão, que corremos em vão, e que trabalhamos em vão.

1.O maior elogio que Jesus fez a João Batista foi ao seu trabalho e ministério, que o honravam mais que quaisquer qualificações ou dons pessoais poderiam; e, portanto, isto foi ampliado num elogio completo.

(1) Ele era um profeta, sim, e “muito mais do que profeta” (v. 9) – e isto João falou daquele que era o grande Profeta, de quem todos os profetas dão testemunho. João disse sobre si mesmo, que ele não era aquele profeta, aquele grande profeta, o próprio Messias; e agora Cristo (o juiz mais competente) dizia, a respeito de João, que ele era mais do que um profeta. Ele se considerava inferior a Cristo, e Cristo o considerava superior a todos os outros profetas. O precursor ele Cristo não era um rei, mas um profeta, para que não parecesse que o reino do Messias estivesse fundamentado em poderes terrenos; mas o seu precursor imediato era, como tal, um profeta transcendente, mais do que um profeta do Antigo Testamento; todos eles agiam ele maneira honesta e íntegra, mas João os superou a todos; eles viam a época ele Cristo à distância, e a sua visão ainda demorou um grande intervalo ele tempo para se concretizar; mas João viu o dia amanhecer, viu o sol se levantar e contou ao povo sobre o Messias, como alguém que estava entre eles. Eles falavam sobre Cristo, mas João apontou para Ele. Eles diziam: “Uma virgem conceberá”; ele dizia: “Eis o Cordeiro ele Deus!”

2.Ele era aquele de quem havia sido predito que seria o precursor de Cristo (v. 10). “E este de quem está escrito”. Os outros profetas tinham profetizado sobre ele, e, portanto, ele era maior que eles. Malaquias profetizou a respeito de João: “Eis que diante da tua face envio o meu anjo”. Com isto, uma parte da honra de Cristo foi colocada sobre ele, pois os profetas do Antigo Testamento falaram e escreveram sobre ele; e todos os santos têm esta honra, pois seus nomes estão escritos no Livro da Vida do Cordeiro. Houve grande deferência a João sobre todos os profetas, pois ele foi o anunciador de Cristo. Ele foi um mensageiro enviado com uma grande tarefa. Um mensageiro, um entre milhares, que obtém a sua honra daquele para quem ele trabalhava: Ele é o meu mensageiro, enviado por Deus Pai. O trabalho de João Batista era preparar o caminho para Cristo, preparar as pessoas para receber o Salvador, revelar, a elas, o seu pecado, a sua infelicidade e a necessidade que tinham de um Salvador. Isto ele tinha dito sobre si mesmo (João 1.23), e agora Cristo falava a respeito dele. O Senhor pretendia, dessa forma, não apenas honrar o ministério de João, mas reavivar a consideração das pessoas por aquele ministério, que abria caminho par a o Messias. Observe que grande parte da beleza das revelações de Deus está na sua conexão e coerência mútuas, e na relação que têm umas com as outras. O que tornava João superior aos profetas do Antigo Testamento era o fato de que ele veio imediatamente antes de Cristo. Quanto mais próximo alguém está de Cristo, mais verdadeiramente merecedor de honra será.

1.”Entre os que de mulher têm nascido, não apareceu alguém maior do que João Batista” (v. 11). Cristo sabia como valorizar as pessoas de acordo com os graus do seu valor, e Ele dá preferência a João Batista antes de todos os que vieram antes dele, porque todos aqueles tinham nascido de mulheres por geração normal. Entre todos os que Deus tinha chamado para algum serviço na sua obra, João é o mais eminente, mais eminente que o próprio Moisés, pois ele começou a pregar a doutrina da remissão dos pecados àqueles que são verdadeiramente penitentes, e ele teve mais revelações dos céus do que qualquer um deles tinha tido; pois ele viu o céu se abrir e o Espírito Santo descer. Ele também teve grande sucesso no seu ministério; quase a nação inteira veio até ele; ninguém teve um desígnio tão grande ou realizou uma tarefa tão nobre quanto João, nem foi tão bem recebido. Inúmeros tinham nascido de mulheres, mas Cristo prefere João. Observe que a grandeza não deve ser avaliada pelas aparências e pelo esplendor exterior, mas os maiores homens são aqueles que podem ser considerados os maiores santos; e as maiores bênçãos são aqueles que são como era João- grandes diante do Senhor (Lucas 1.15).

Ainda assim, este grande elogio feito a João tem uma surpreendente limitação: “Aquele que é o menor no Reino dos céus é maior do que ele”.

[1]. No reino da glória. João foi um grande homem, e um bom homem. mas ainda estava em um estado humano, sujeito à enfermidade e à imperfeição; portanto, ele estava em uma condição inferior à dos santos glorificados, e à dos espíritos dos justos aperfeiçoados. Observe, em primeiro lugar, que existem graus de glória no céu. Alguns ali são menos que os outros; embora cada vaso esteja cheio da mesma maneira, eles não têm todos o mesmo tamanho e a mesma capacidade. Em segundo lugar, o menor santo no céu, é maior, e sabe mais, e ama mais, e faz mais em louvor a Deus, e recebe mais dele, do que o maior deste mundo. Os santos na terra são ilustres (SaImos 16.3), mas os que estão no céu são muito mais ilustres; os melhores deste mundo são menores do que os anjos (SaImos 8.5), porém os menores no céu são iguais aos anjos – o que deveria fazer com que anelássemos por este estado abençoado, onde os fracos serão como Davi (Zacarias 12.8).

[2] Aqui, o Reino dos céus deve ser compreendido como o reino da graça, a revelação do Evangelho na per feição do seu poder e da sua pureza, e aquele que é menor nele é maior do que João. Alguns interpretam que se trate do próprio Cristo, que era mais jovem que João e, na opinião de alguns, menor que João, e que sempre falou de maneira a se diminuir. “Eu sou verme, e não homem, embora maior que João”. Isto estaria de acordo com o que João Batista disse (João 1.15): “O que vem depois de mim é antes de mim”. Mas isto deve ser compreendido a respeito dos apóstolos e ministros do Novo Testamento, os profetas evangélicos; e a comparação entre eles e João não diz respeito à sua santidade pessoal, mas ao seu trabalho. João pregou a vinda de Cristo, mas eles pregavam que Cristo não apenas veio, mas foi crucificado e glorificado. João veio para o amanhecer do dia do Evangelho, e com isto superou os profetas anteriores, mas ele foi removido antes do meio-dia daquele dia, antes que o véu fosse rasgado, antes da morte e ressurreição de Cristo, e antes do derramamento do Espírito, de modo que o menor dos apóstolos e evangelistas, a quem foram feitas grandes revelações, e tendo sido empregado numa tarefa maior, é maior do que João. João não realizou milagres; os apóstolos realizaram muitos. A base dessa preferência está na proeminência da revelação do Novo Testamento em comparação à do Antigo Testamento. Os ministros do Novo Testamento, portanto, se sobressaem, porque o seu ministério também se sobressai (2 Coríntios 3.6 etc.). João era o maior da sua ordem; ele chegou aos extremos que a revelação sob a qual ele estava permitia; mas – o menor da ordem superior é superior ao primeiro da ordem inferior; um anão, sobre uma montanha, vê mais longe que um gigante no vale. Observe que toda a verdadeira grandeza dos homens se origina, e é motivada, da graciosa manifestação de Cristo a eles. Os melhores homens não são melhores do que Ele se agrada em torná-los. Que razão temos nós para dar graças ao fato de que a nossa sorte esteja lançada nos dias do Reino dos céus, e sob tais vantagens de luz e amor! E quanto maiores forem as vantagens, maior será a prestação de contas, se recebermos a graça de Deus em vão.

(4) O grande elogio a João Batista foi o de que Deus era o dono do seu ministério, e o tornou maravilhosamente bem-sucedido para quebrar o gelo e preparar o povo para o Reino dos céus. Desde os dias da primeira aparição de João Batista até aquele momento (o que não representa muito mais que dois anos), muitas coisas boas foram feitas; a ação de João, diante de Cristo, o centro de tudo, foi igualmente rápida. O Reino dos céus sofre violência, como a violência de um exército atacando repentinamente uma cidade, ou uma multidão invadindo uma casa; os violentos o tomam pela força. Podemos ver o significado disso na passagem paralela (Lucas 16.16). Desde aquela época, o Reino de Deus vem sendo pregado, e todo homem quer entrar nele. O trabalho com as multidões era feito pelo ministério de João, e muitos se tornavam seus discípulos. E são:

[1] Multidões improváveis. Elas lutavam por um lugar no céu, e poderíamos pensar que elas não teriam direito a ele, e dessa forma pareciam ser intrusos e fazer uma entrada tortuosa, como a nossa lei a chama, uma entrada ilegítima e forçada. Quando os filhos do reino são excluídos dele, e muitos vêm a ele do Leste e do Oeste, então ele é vítima de violência. Compare isso com Mateus 21.31,32. Os publicanos e as prostitutas creram em João, que era rejeitado pelos escribas e fariseus, e assim entraram no Reino de Deus antes deles, o tomaram deles enquanto eles brincavam. Observe que não é uma violação das boas maneiras ir ao céu antes daqueles que são melhores do que nós. Esta é uma grande bênção do Evangelho desde os seus primeiros dias, o fato de que ele levou à santidade muitos que eram candidatos absolutamente improváveis.

[2]. Multidões inoportunas. Esta violência sugere uma força, um vigor, um desejo ansioso, e um empenho naqueles que seguiam o ministério de João, caso contrário eles não teriam ido tão longe para procurá-lo. Além disso, mostra o fervor e o zelo que são exigidos de todos aqueles que desejam fazer do céu a sua religião. Observe que os que desejam entrar no Reino dos céus devem se esforçar para consegui-lo; este reino é vítima de uma violência sagrada; o próprio ser deve ser negado, as tendências e a inclinação, a estrutura e o estado de espírito da mente devem ser alterados; há sofrimentos que devem ser suportados, uma força a ser colocada sobre a natureza corrupta; devemos correr, lutar, combater, e sofrer agonias, e tudo isto não será suficiente para obter um prêmio como este e para vencer a oposição de fora e de dentro. Os violentos tomam-no pela força. Aqueles que têm interesse pela grande salvação são levados na direção dela com um desejo forte, e a terão mediante quaisquer condições, e não as acharão difíceis nem se deixarão levar sem uma bênção (Genesis 32.26). Aqueles que quiserem assegurar o seu chamado e eleição deverão ser diligentes. O Reino dos céus nunca teve a intenção de tolerar a tranquilidade dos levianos, mas de ser o descanso daqueles que trabalham. É uma visão abençoada. Oh! Se pudéssemos enxergar mais, não uma disputa irada lançando os outros para fora do Reino dos céus, mas uma disputa sagrada, na qual todos são lançados para dentro dele!

(5) O ministério de João foi o início do Evangelho, conforme está registrado em Marcos 1.1 e Atos 1.22. Isto é evidenciado aqui em dois aspectos:

[1] Em João, a dispensação do Antigo Testamento começou a fenecer (v. 13). Até então, aquele ministério continuava em plena força e virtude, mas a partir de então começou a declinar. Embora a obrigação à lei de Moisés não tenha sido removida até a morte de Cristo, ainda assim as revelações do Antigo Testamento começaram a ser superadas pela manifestação mais clara de que o Reino dos céus era chegado. Pelo dever de a luz do Evangelho (como a da natureza) preceder e abrir caminho para a sua lei, desta  maneira  as  profecias  do Antigo Testamento chegaram ao fim  – fim de perfeição, não de duração), antes dos preceitos  do Evangelho; assim,  quando  Cristo diz que todos os profetas e a lei profetizaram até João, Ele nos mostra, em primeiro lugar, como a luz do Antigo Testamento estava estabelecida; ela se estabelecia na lei e nos profetas, que falavam, embora de maneira obscura, sobre Cristo e seu reino. Observe que está escrito que a lei profetizava, assim como os profetas, a respeito daquele que viria. Cristo começou por Moisés (Lucas 24.27). Cristo foi predito pelos sinais mudos da obra mosaica, assim como também pelas vozes mais estruturadas dos profetas, e se exibiu, não apenas nas predições orais, mas também nos tipos pessoais e reais. Bendito seja Deus porque nós temos tanto a doutrina do Novo Testamento para explicar as profecias do Antigo Testamento como as profecias do Antigo Testamento para confirmar e exemplificar a doutrina no Novo Testamento (Hebreus 1.1); como os dois querubins, um olha para o outro. A lei foi dada por Moisés há muito tempo, e não houvera profetas por trezentos anos antes de João, e ainda assim diz-se que a lei e Moisés profetizaram até João, porque a lei ainda era observada –  Moisés e os profetas ainda eram lidos. As Escrituras continuam ensinando até à nossa época, embora os seus escritores já tenham morrido. Moisés e os profetas estão mortos; os apóstolos e os evangelistas estão mortos (Zacarias 1.5), mas a Palavra do Senhor permanece para sempre (1 Pedro 1.25). As Escrituras estão falando expressamente, embora os seus escritores estejam em silêncio, no pó. Em segundo lugar, como esta luz foi deixada de lado. Quando Jesus diz: “profetizaram até João”, Ele dá a entender que a glória da lei e dos profetas foi eclipsada pela glória que a superava; as suas predições foram superadas pelo testemunho de João: “Eis o Corde­ iro de Deus!” Mesmo antes do nascer do sol, a alvorada faz as velas brilharem menos. As profecias de um Cristo que viria ficaram ultrapassadas quando João disse, em outras palavras: “Ele chegou”.

[2]. Nele o dia do Antigo Testamento começou a amanhecer; pois (v. 14) é este o Elias que havia de vir: João foi o laço que uniu os dois Testamentos; assim como Noé foi o elo que ligou dois mundos, também João foi o elo que conectou os dois Testamentos. A profecia que concluiu o Antigo Testamento foi: “Eis que eu vos envio o profeta Elias” (Malaquias 4.5,6). Estas palavras profetizaram até João, e então começaram a se transformar em história, deixando de ser profecia. Em primeiro lugar, Cristo fala dela como uma grande verdade, que João Batista é o Elias do Novo Testamento; não Elias em sua própria pessoa, como os judeus carnais esperavam; João Batista negou isto (João 1.21); mas seria alguém que viria no espírito e virtude de Elias (Lucas 1.17), como ele em temperamento e em mensagem, que levaria os homens ao arrependimento com terror, e especialmente como na profecia, que converteria o coração dos pais aos filhos. Em segundo lugar, Ele fala dela como uma verdade, que não seria facilmente entendida por aqueles cujas expectativas se prendessem ao reino temporal do Messias, e às apresentações agradáveis ao reino. Cristo suspeitaria da receptividade do reino, se eles o recebessem. Nada, a não ser isto, era verdade, quer eles a recebessem, quer não, mas Ele os repreende pe­os seus preconceitos, pois eles estão atrasados para receber as maiores verdades que são contrárias aos seus sentimentos, embora favoráveis aos seus interesses. Ou, em outras palavras: “Se vocês o receberem, ou se receberem o ministério de João como sendo o do Elias prometido, ele será como Elias para vocês, para convertê-los e prepará-los para o Senhor”. Observe que as verdades do Evangelho estão ligadas à maneira como são recebidas, tendo um sabor de vida ou de morte. Cristo é o Salvador, e João é um Elias, para aqueles que recebem a verdade a respeito deles.

Finalmente, o nosso Senhor Jesus conclui este sermão com um solene pedido de atenção (v. 15): “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça”; o que sugere que estas coisas eram obscuras e difíceis de compreender, e, portanto, precisavam de atenção, mas tinham grande importância, e, portanto, mereciam a atenção. Em outras palavras: “Que todo o povo se dê conta disso, se João é o Elias que foi profetizado, certamente há uma grande revolução a caminho, o reino do Messias é chegado, e o mundo em breve será surpreendido por uma feliz transformação. Estas são coisas que requerem séria consideração, e, portanto, todos vocês devem se preocupar em ouvir o que Eu digo”. Observe que as coisas de Deus têm uma importância grande e incomum: todo aquele que tiver ouvidos para ouvir qualquer coisa deve se preocupar em ouvir isto. Isto sugere que Deus não exige de nós nada além do uso correto e do aprimoramento das faculdades que Ele já nos deu. Ele exige que ouçam os que tiverem ouvidos, que usem a razão os que tiverem razão. Desta maneira, as pessoas são ignorantes, não porque precisam de poder, mas porque precisam de vontade; portanto, elas não ouvem, porque, como a víbora surda, têm os seus ouvidos tapados.

GESTÃO E CARREIRA

VOZ DA CONSCIÊNCIA

Voz da Consciência

A ciência está descobrindo que conversar consigo mesmo é um exercício que pode ajudar a controlar a ansiedade e a atingir novos objetivos.

Ser ou não ser? Eis a questão.” Quem não se lembra do diálogo sobre o significado da existência que o personagem Hamlet na peça de William Shakespeare que leva o mesmo nome, trava consigo mesmo? A passagem é um dos solilóquios mais famosos da literatura. Diferentemente do monólogo, que enfatiza o fato de apenas uma pessoa falar – esteja ela sozinha ou acompanhada-, no solilóquio, do latim solus (“sozinho”) e loqui (“conversa”), o foco está na conversa que se passa na consciência de uma pessoa. Quem nunca se pegou pensando alto sobre um problema? Ou repetindo o nome de um item do qual está em busca no supermercado? Eis aí alguns bons exemplos de solilóquios do nosso dia a dia.

Cientificamente, a autoconsciência, ou seja, a capacidade de refletir sobre si, é o que nos diferencia dos animais, e é por causa dela que somos capazes de estabelecer conversas interiores. ”Quando você está pensando, dialoga consigo mesmo. Antes de uma entrevista, por exemplo, questiona o que vai perguntar e de que modo vai perguntar”, diz William B. Gomes, professor no Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). E esse costume, de acordo com a ciência, pode trazer inúmeros benefícios – inclusive para a carreira. “Muitas vezes nem percebemos que essa conversa está acontecendo, mas ela pode ter grande influência sobre a forma como nos sentimos em relação a nós mesmos”, diz Mariângela Gentil Savoia, psicóloga clínica do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP) e coordenadora do Núcleo de Estudos de Comportamento e Saúde Mental – Conscientia.

DISTÂNCIA SAUDÁVEL

Para medir esse impacto positivo, Ethan Kross, professor de psicologia e diretor do Laboratório de Autocontrole e Emoção da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, conduziu um estudo com 89 pessoas. Ele descobriu que, quando falamos internamente nos referindo a nós mesmos na terceira pessoa, diminuímos a ansiedade e conseguimos, inclusive, melhorar nosso desempenho. Na pesquisa, os participantes tiveram de elaborar um discurso sobre por que eram qualificados para conseguir uma vaga num trabalho dos sonhos – e tinham apenas 5 minutos para se preparar. Metade deles foi instruída a usar apenas pronomes para se descrever e a outra metade foi orientada a usar seu nome. O primeiro grupo ficou muito mais ansioso com o prazo curto para realizar a tarefa, mas o segundo se sentiu autoconfiante, mesmo coma pressão pela entrega. “Usar o próprio nome ou outros pronomes que não sejam na primeira pessoa proporciona uma distância psicológica, algo necessário para enfrentar experiências estressantes de maneira mais eficaz”, diz Ethan.

O estudo contou ainda com uma segunda etapa, que apontou que os participantes que se descreveram na terceira pessoa tiveram um desempenho melhor nas apresentações, julgadas por avaliadores independentes, e se sentiram menos envergonhados ou preocupados com a própria atuação. De acordo com Ethan, isso aconteceu porque os primeiros assumiram uma postura observadora de si mesmos. “Quando as pessoas fazem esse exercício, são levadas a pensar sobre si mesmas de forma semelhante à que pensam sobre outras pessoas’, afirma o professor.

Como tendemos a ser mais pacientes e menos críticos com os outros, a técnica ajuda a diminuir a ruminação, ou seja, aqueles pensamentos geralmente negativos e obsessivos que podem surgir em certos momentos, como antes de uma entrevista de emprego, após uma discussão acalorada com o chefe ou durante a entrega de um projeto importante. Os diálogos negativos têm impacto muito grande na autoestima, influenciando o aparecimento de emoções pessimistas que podem resultar em ações malsucedidas. “De tanto você dizer que é incompetente, burro, limitado, uma hora você acaba se convencendo disso. Nesses momentos, é útil, por exemplo, fazer uma lista de sucessos que você teve durante a vida, relembrando as coisas boas que já fez. Temos uma autocrítica muito grande e costumamos recordar apenas nossos erros”, diz Mariângela, da USP.

REFORÇO POSITIVO

Usar a conversa interior de um jeito positivo foi o que fez com que a paulista Luciana Dleizer, de 46 anos, tivesse coragem de largar a sociedade com a irmã e abrir o próprio negócio com uma amiga, o coworking Office & Co. Fonoaudióloga de formação, Luciana deixou a carreira quando teve o consultório assaltado e, durante sete anos, trabalhou na área de eventos com a irmã. “Quando contei para minha família que largaria a sociedade com minha irmã, fui bastante criticada”, afirma. A empreendedora relata que o hábito de recorrentemente dar feedbacks Positivos a si mesma foi fundamental para conseguir a autoconfiança de se lançar num negócio próprio. “Digo com frequência coisas como “Vai, Luciana, você consegue” e isso muda muito minha postura. Tenho certeza de que, sem essa estratégia, e fala, o que fortalece os estímulos neurais da memória. Esse exercício também adiciona o estímulo auditivo, redobrando a atenção para determinada ação”, diz Mariângela.

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EMOÇÕES RACIONALIZADAS

Ao colocar para fora um pensamento ou relatar um conflito em voz alta, conseguimos racionalizar nossas emoções – o que é muito importante. “É como se fizéssemos uma reprogramação mental e assistíssemos a um filme sobre a situação. Isso ajuda a entender o assunto de forma mais lógica e menos emocional”, diz José Roberto Marques, presidente do Instituto Brasileiro de Coaching de São Paulo. Além disso, falar em voz alta como estamos nos sentindo ajuda a aceitar nossas emoções e, consequentemente, a lidar melhor com elas. “Costumamos evitar entrar em contato com certos sentimentos. Quando você diz, você aceita e interage com esses eventos, algo muito diferente de apenas reagira eles”, diz Lidiane Pontes, psicóloga clínica do Zenklub, plataforma de terapia por videoconferência de São Paulo.

O empreendedor Marcelo Cansini, de 48 anos, dono da rede de agências de intercâmbio internacional WorldStudy, de Curitiba, no Paraná, sentiu essa diferença depois de começar a falar sobre suas emoções. “Eu tinha pouca resiliência, ficava nervoso, perdia a paciência quando acontecia algum problema no escritório ou em casa e percebia que isso atrapalhava meus relacionamentos”, a firma Marcelo. Quando começou a fazer terapia, descobriu que talvez conseguisse se controlar melhor se passasse a desenvolver solilóquios. Hoje, todas as noites, geralmente enquanto dirige, o empreendedor trava essas conversas em voz alta, revisitando as atitudes que teve ao longo do dia. “Esse hábito me ajudou a tomar decisões, aumentar meu autoconhecimento e melhorar a empatia”, afirma.

É importante ressaltar que essa conversa interior é muito diferente do que ocorre num transtorno psicológico. Trata-se de um processo racional, completamente consciente. ” Nos distúrbios mentais, geralmente relacionados à psicose, há delírios e diálogos com pessoas imaginárias. No bate-papo interno, há uma ação deliberada, com um objetivo claro”, afirma Lidiane. Por isso, fique totalmente à vontade para falar mais consigo mesmo. E, na próxima discussão com seu colega ou antes daquela apresentação, procure ouvir alguém que geralmente não escuta: você.

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Fonte: Revista Você S.A – Edição 234

PSICOLOGIA ANALÍTICA

CUIDADO COM AS MÁQUINAS QUE LEEM PENSAMENTOS

Cuidado com as máquinas que leem pensamentos

Nos últimos anos, a tecnologia de imageamento cerebral avançou tanto que se tornou capaz de perscrutar – e em alguns casos até alterar – conhecimentos guardados no cérebro. Com esse novo cenário, que até recentemente seria considerado tema típico de um filme de ficção, se torna necessário pensar em como podemos nos proteger de possíveis invasões.

A ideia de que a mente está completamente protegida das intrusões externas persistiu por séculos. Mas hoje essa suposição pode não ser mais válida. Sofisticados equipamentos de neuroimageamento e interfaces cérebro-computador detectam a atividade elétrica de neurônios, o que permite a decodificação e até alteração de sinais do sistema nervoso que acompanham processos mentais. Embora tais avanços tenham grande potencial para as áreas de pesquisa e medicina, eles trazem um desafio ético, jurídico e social: de repente se torna importante determinar se, ou em que condições, é legítimo obter acesso à atividade neuronal de outra pessoa ou interferir nela.

Essa questão tem especial relevância porque muitas neurotecnologias se desviaram de uma configuração médica e passaram a fazer parte no domínio comercial. Tentativas de decodificar informações mentais por meio do imageamento também estão ocorrendo em processos judiciais em tribunais, às vezes de modo bastante questionável cientificamente. Há quase uma década, por exemplo, uma mulher indiana foi condenada por homicídio e sentenciada à prisão perpétua com base em um exame de varredura cerebral que mostrava, de acordo com o juiz, “conhecimento experiencial” sobre o crime.

O potencial uso de tecnologia neural como um detector de mentiras durante interrogatórios ganhou atenção especial. Apesar do ceticismo de especialistas, empresas já estão comercializando tecnologia baseada em imageamento por ressonância magnética funcional e eletroencefalografia para detectar mentiras. As forças armadas americanas também têm testado técnicas de monitoramento, mas por outra razão: a ideia é utilizar estímulo neural para aumentar o estado de alerta e a atenção dos soldados.

A tecnologia de leitura cerebral pode ser vista como só mais uma etapa de uma tendência inevitável do mundo digital de avançar um pouco mais sobre nosso espaço pessoal. Talvez não estejamos dispostos a aceitar essa intromissão em nosso universo mental. As pessoas poderiam, de fato, considerar tal tecnologia como algo que exige a revisão de conceitos acerca dos direitos humanos básicos e até mesmo da criação de “direitos neuroespecíficos”.

Diante da evolução tecnológica, é possível falar hoje em direito à liberdade cognitiva. Isso daria às pessoas a possibilidade de tomar decisões livres e informadas sobre a aplicação prática do conhecimento científico que possa vasculhar seus conhecimentos ou até afetar seus pensamentos. Num futuro próximo, o direito à privacidade mental deveria nos proteger tanto de intrusões não consentidas de terceiros em nossos “arquivos” cerebrais, quanto da coleta não autorizada dessas informações.

Violações de privacidade no âmbito neural poderiam ser até mais perigosas do que as convencionais, uma vez que ultrapassam o nível do raciocínio consciente, deixando-nos expostos ao risco de ter nossa mente lida in- voluntariamente. Por mais que lembre enredo de filme de ficção, o fato é que esse perigo existe não apenas em estudos de marketing predatório ou tribunais que poderiam utilizar a tecnologia em demasia, mas também em usos que afetariam consumidores em geral. Esta última categoria, aliás, está crescendo. Há poucos meses, o Facebook revelou um plano para criar uma interface “discurso-para-texto” com o intuito de traduzir pensamentos direto do cérebro para o computador. Ensaios parecidos são feitos por empresas como a Samsung e a Netflix. No futuro, o controle cerebral poderia substituir o teclado e o reconhecimento da fala como forma principal de interagir com computadores.

Se tais ferramentas se tornarem cada vez mais comuns – como é bem possível que ocorra –, novas possibilidades de uso indevido surgirão, inclusive violações de segurança. Cientes de que dispositivos neurológicos conectados ao cérebro são vulneráveis a sabotagem, neurocientistas da Universidade de Oxford sugerem que a mesma fragilidade se aplica a implantes cerebrais e que podem levar a um fenômeno chamado brainjacking, que seria uma espécie de “hackeamento” da mente. Tal possibilidade pode exigir a reconsideração do que entendemos hoje como direito à integridade mental, já reconhecida como uma prerrogativa indispensável para a saúde mental. Essa nova interpretação, porém, tem desdobramentos: não só protegeria pacientes contra uma possível recusa a trata- mentos para doenças mentais, mas também defenderia as pessoas de modo geral contra manipulações prejudiciais de nossa atividade mental pelo uso indevido da tecnologia.

Por fim, o direito à “continuidade psicológica” pode proteger a vida mental contra alterações feitas por terceiros.  Um exemplo: o mesmo tipo de intervenção em estudo para reduzir a necessidade de sono nas forças armadas poderia ser adaptado para tornar soldados mais beligerantes ou destemidos. A neurotecnologia traz benefícios, mas para diminuir riscos indesejados precisamos de um debate aberto que envolva neurocientistas, psicólogos, psicanalistas, médicos peritos legais, especialistas em ética e cidadãos comuns. Para alguns, podem parecer precipitadas essas preocupações, mas o mundo se transforma rápido, frequentemente nos surpreende. Afinal, há 15 anos você imaginava o quanto a tecnologia ocuparia sua vida hoje e o faria tão dependente de seu celular ou de seu computador?

 

MARCELLO IENCA – é neurocientista, pesquisador do Instituto para Ética Biomédica da Universidade de Basel, presidente do comitê de estudantes e pós-doutores na Sociedade Internacional de Neuroética.

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