PSICOLOGIA ANALÍTICA

O poder terapêutico da Gratidão3

O PODER TERAPÊUTICO DA GRATIDÃO

O reconhecimento da gentileza e da bondade alheia gera um sentimento positivo, que nos torna felizes e abertos em relação à vida. Quanto mais manifestamos abertamente o reconhecimento, mais profunda costuma ser a sensação de bem-estar. Felizmente, essa habilidade pode ser Aprendida e exercitada.

De tempos em tempos algumas palavras se transformam em moda nas redes sociais, ganham lugar nas capas de livros de autoajuda e até em frases escritas em camisetas. “Gratidão” parece ser é um desses vocábulos. Indo além da possível banalização, nos últimos anos vários pesquisadores se dedicaram à realização de estudos sobre o tema. A maioria absoluta deles de fato mostra que praticar a gratidão – de forma consciente e deliberada, reconhecendo as coisas boas da própria vida – favorece a sensação geral de bem-estar. É compreensível que muitos textos sobre o assunto terminem com uma convocação para que o leitor inicie um diário de agradecimentos para colher todos os benefícios da gratidão.  E certamente não há nada de errado com isso. Mas há outras finalidades desse sentimento a serem consideradas a médio e longo prazo: o fortalecimento dos vínculos afetivos com as pessoas com as quais nos relacionamos e o efeito de proteção à saúde mental.

A gratidão é um sentimento de profundo reconhecimento para com qualquer um que tenha sido gentil conosco, um estado de espírito que nos leva a oferecer algo em troca do favor recebido. O termo deriva do latim gratia, que quer dizer favor. E é exatamente ao favor, à generosidade e ao reconhecimento de uma doação – seja um presente ou um ato de cortesia – que a emoção está associada. De certa forma, esse sentimento pressupõe maturidade psíquica para reconhecer que o outro tem algo e pode oferecer – seja atenção, delicadeza, tempo, algum serviço ou bem material, por exemplo. Pessoas mais imaturas emocionalmente tendem a experimentar inveja ou desejo de atacar aquele que age de forma generosa, pois em algum nível se dão conta do óbvio: sempre nos falta algo e precisamos dos outros.

Para experimentar esse sentimento são necessárias duas etapas: de um lado, perceber que um evento positivo aconteceu em nossa vida e, de outro, reconhecer que foi provocado intencionalmente por alguém. Nesse sentido, a gratidão é um formidável veículo de bem-estar social. Vamos imaginar, por exemplo, um professor que dedica muitas horas de seu tempo para montar uma comédia musical com seus alunos, com a intenção de melhorar a atmosfera em sala de aula e transmitir à garotada maior entusiasmo com relação à escola. Caso nem os pais nem os próprios alunos demonstrem algum sinal de reconhecimento pelo trabalho, podem surgir decepções e tensão. Inversamente, se o professor receber agradecimentos e talvez até um presente coletivo, o gesto pode consolidar vínculos afetivos. Ou, eventualmente, provocar em algumas pessoas a sensação de que “são devedoras” de quem lhes dedicou algo. Para entender esses processos, é importante compreender alguns aspectos fundamentais para o bem-estar psicológico.

 FAZ BEM PARA QUEM?

Há alguns anos, o pesquisador Jean Dumas, professor da Universidade de Purdue, nos Estados Unidos, pediu que um grande número de voluntários avaliasse 800 traços de personalidade: os resultados demonstraram que a gratidão é uma das 30 qualidades mais apreciadas. Na realidade, não se trata de uma forma de submissão nem reflete um estado de espírito que diminui quem a experimenta. Acima de tudo, é um modo de relacionar-se com a vida. A “orientação para a gratidão” constitui um traço de personalidade – passível de ser desenvolvido e fortalecido. Reconhecer a importância do apoio alheio não é, de maneira alguma, incompatível com a consciência do valor dos esforços individuais. Um atleta, por exemplo, atribui seu sucesso à própria constância nos treinos, mas se possui um elevado grau de orientação para a gratidão irá considerar também essencial para a vitória a contribuição das pessoas que o cercam: a família pela paciência, o time pelo apoio, até mesmo os rivais que o impulsionaram a melhorar.

Inúmeros estudos têm revelado que pessoas orientadas ao reconhecimento tendem a ser mais dinâmicas, otimistas, empáticas e abertas a experimentar emoções positivas. Segundo a neurocientista Sonja Lyubomirsky, da Universidade da Califórnia, em Riverside, quanto mais alto é o nível de orientação para a gratidão de uma pessoa, menos ela apresenta sintomas associados à ansiedade e depressão ou vivencia sentimentos de solidão, inveja e frustração. Além disso, os efeitos da gratidão costumam ser proporcionais à consciência dos eventos que nos inspiraram o reconhecimento. Num estudo desenvolvido na Universidade da Califórnia, em Davis, os doutores em psicologia Robert Emmons e Michael McCullough, ambos professores da instituição, dividiram alunos voluntários em três equipes. Os integrantes do primeiro grupo deveriam anotar uma vez por semana cinco eventos que lhes haviam provocado sentimento de gratidão; aos do segundo grupo, os cientistas pediram que fossem registradas cinco preocupações; e aos participantes do terceiro, cinco eventos ao acaso. Após duas semanas, os jovens do primeiro grupo declararam se sentir mais otimistas e satisfeitos com os outros e também apresentaram menos distúrbios físicos, como dor de cabeça ou de estômago, em comparação aos outros universitários.

 É PRECISO FALAR

Sentir é bom, mas comunicar o sentimento é melhor ainda. Emmons e McCullough também constataram que expressar a gratidão não constitui a simples comunicação de um sentimento, mas tem o efeito de aumentar o bem-estar da pessoa que passa pela experiência. Os pesquisadores verificaram que mais da metade dos voluntários entrevistados declarava que o simples fato de agradecer sinceramente a alguém os deixava “extremamente felizes”. Outro trabalho realizado com adultos que sofriam de doenças crônicas mostrou resultados semelhantes: aumento das emoções positivas – alegria, entusiasmo, incremento da autoestima – nos dias em que haviam expressado senti- mentos de reconhecimento.

A orientação para a gratidão é um dos traços pessoais mais ligados ao bem-estar psicológico, e diversos fenômenos podem explicar sua ligação com a saúde física e mental. Examinemos, por exemplo, seu impacto sobre o modo pelo qual retemos as informações. As pessoas com alto nível dessa característica costumam memorizar mais facilmente as lembranças prazerosas positivas, o que torna os aspectos da vida mais agradáveis. A sensação de reconhecimento aumenta a intensidade com a qual uma pessoa pensa em um favor recebido, em quem o prestou e no contexto relativo à situação: todos esses elementos contribuem para reforçar aquela lembrança.

Quando se pede a indivíduos com um alto nível de orientação para a gratidão que se recordem de eventos do passado, eles apresentam maior número de lembranças boas, enquanto pacientes deprimidos demonstram tendência às evocações negativas. Assim, dado que a orientação para a gratidão permite se concentrar nos fatos positivos, é possível pensar que essa tendência reduz o risco de depressão.

Sentir-se intimamente grato – por tudo a que temos acesso e mesmo pelas atitudes que nos beneficiam até sem que haja essa intenção específica – também favorece as interações sociais, o que pode ser um importante fator de bem-estar. Perceber as emoções positivas alheias direcionadas a nós aumenta a autoestima: sentimo-nos considerados, amados, valorizados e apoiados. Além do mais, ao nos voltarmos principalmente aos outros, nos “esquecemos” de nós mesmos – enquanto os deprimidos se curvam sobre si mesmos, alimentando sentimentos de solidão e tristeza, a gratidão encoraja a abertura emocional.

Essa disposição favorece comportamentos empáticos e aumenta a sensação de proximidade em relação ao outro, ainda que se trate de um desconhecido. Isso explica por que as pessoas empenhadas no autoconhecimento tendem a criar redes sociais duradouras e de qualidade: no âmbito das pesquisas realizadas sobre o reconhecimento, os indivíduos inclinados à gratidão se distinguem pelo maior sentido de proximidade com outras pessoas. E mais: os amigos de voluntários desses estudos declararam que sentiam os efeitos do “contágio psicológico” do bem-estar provocado pela convivência com os “gratos”, em comparação aos que eram próximos aos participantes do grupo de controle do experimento. Cientistas afirmam que o mecanismo que produz esses efeitos se auto alimenta: a boa vontade e a generosidade incrementam a capacidade de desenvolver relações satisfatórias, e estas, por sua vez, aumentam a sensação de bem-estar. Assim, uma espécie de espiral ajuda as pessoas que cultivam a gratidão a se manterem felizes de forma duradoura.

É POSSÍVEL APRENDER

Mas nem sempre é fácil manter esse círculo virtuoso. Estímulos e apelos para nos sentirmos menosprezados e cultivarmos a certeza de que temos menos do que merecemos – o que não raro deflagra ciúme e inveja – são frequentes. E muitas vezes o estado de descontentamento parece tão “natural” que o tomamos como uma verdade irrefutável – sem espaço para o agradecimento. Mas é possível reverter isso. Um bom começo é compreender como nos apropriamos de crenças (que se transformam em certezas) psiquicamente prejudiciais sem questioná-las.

Uma das possíveis explicações para o mal-estar difundido nos países ocidentais é o isolamento de muitos indivíduos, em parte devido às modificações na estrutura social. Muitas pessoas vivem sós, as relações são voláteis e as separações, frequentes. Assim, o bem-estar psicológico das pessoas inclinadas ao reconhecimento dependerá de sua iniciativa de fugir do isolamento, já que sabem da importância da solidariedade e do apoio dos outros. Outro fator que vincula gratidão a bem-estar social tem a ver com as estratégias usadas para enfrentar as adversidades. As pessoas mais inclinadas ao reconhecimento têm a capacidade de valorizar aspectos positivos e benefícios, mesmo das circunstâncias difíceis. Em 2003, a pesquisadora Barbara Fredrickson e seus colegas da Universidade de Michigan estudaram os efeitos dos atentados às Torres Gêmeas e descobriram que as pessoas com nível mais alto de orientação para a gratidão se adaptavam melhor às experiências chocantes do 11 de Setembro e apresentavam menos sintomas decorrentes do trauma. Além disso, a gratidão favorece a solução dos problemas.

Mas se a tendência à gratidão é um traço da personalidade, é possível desenvolver a atitude de reconhecimento? Alguns psicólogos elaboraram exercícios que permitem aumentar esse sentimento para melhorar o bem-estar físico e psicológico. Ainda que a gratidão possa ser considerada uma disposição subjetiva estável, é possível desenvolvê-la por meio da educação durante a infância, por exemplo. Entre as práticas utilizadas pelos pesquisadores que trabalham com psicologia positiva, o chamado “diário da gratidão” experimentado por Sonja Lyubomirsky é uma das mais adotadas. Registrar os eventos bons pode ser bastante útil, especialmente se o exercício for praticado à noite e a pessoa escrever detalhadamente a respeito de cada situação. Porém, não basta experimentar o sentimento de gratidão; é necessário comunicar esse estado mental aos outros. De fato, inúmeros estudos têm demonstrado que o ato de agradecer a alguém produz efeitos mais amplos em comparação à simples sensação de reconhecimento.  Quando não é possível expressar abertamente a própria gratidão, pode surgir uma espécie de tensão interna que reduz a sensação de bem-estar.

O reconhecimento pode também ser manifestado por meio de uma “carta de gratidão”. Durante um experimento, foi pedido aos voluntários que redigissem um texto no qual cada um expressasse gratidão para com uma pessoa que havia se mostrado particularmente atenciosa ou gentil, mas não tinha ainda recebido nenhum agradecimento. Na sequência, a carta deveria ser entregue em mãos ao destinatário. Após uma semana, os participantes do experimento se sentiam mais felizes em comparação aos indivíduos do grupo de controle que não manifestaram os próprios sentimentos. Os efeitos positivos persistiam por cerca de um mês após o experimento, depois diminuíam progressivamente se o exercício não fosse repetido.

As cartas de gratidão são ainda mais úteis no caso de experiências dramáticas, como mostra o caso de um homem que, por ocasião do Natal, decidiu escrever uma carta de gratidão a seus pais, expressando em seu nome e do irmão o reconhecimento por todo o amor que haviam lhes dedicado e pelos sacrifícios feitos por eles. Porém, durante as festas, o irmão morreu em um acidente de carro. Mesmo assim o homem entregou a carta escrita antes da tragédia. Nos meses seguintes, refletir sobre o conteúdo daquele texto ajudou toda a família a superar progressivamente o luto.

 O poder terapêutico da gratidão

MEMÓRIA COMO ALIADA

Pesquisadores enfatizam que para aumentar a sensação de bem-estar associada à gratidão é fundamental, além de expressar abertamente os sentimentos, desenvolver a capacidade de atenção. A ação voltada ao momento presente é uma condição essencial para a gratidão – afinal, é impossível reconhecer algo que nem mesmo havíamos percebido. Por isso, é importante recorrer à pró-memória visual por meio de fotografias, cartas e outros objetos que nos tragam lembranças e nos conectem emocionalmente com pessoas significativas. Além disso, é essencial cultivarmos “amigos de gratidão”. Muitos estudos têm demonstrado, por exemplo, que é mais fácil praticar regularmente uma atividade esportiva na companhia de um amigo. Ter companheiros que nos encorajem diante de situações que favoreçam o desenvolvimento de sentimentos saudáveis de reconhecimento em relação aos eventos positivos pode ser decisivo. Essa prática corresponde aos mecanismos do contágio emocional. Se, em um grupo, um amigo experimenta gratidão, pessoas próximas tendem a vivenciar algo muito similar. Além disso, ela aumenta a probabilidade de que um comportamento anunciado venha mesmo a acontecer: a orientação para a gratidão é favorecida quando as pessoas expressam publicamente seu empenho nessa prática. Obviamente, a gratidão pelo que temos de bom não nos exime da dor e da tristeza. A proposta não é negar o sofrimento, mas sim aprender a extrair de cada situação os elementos que permitem o desenvolvimento das próprias competências e o bem-estar psicológico.

UMA COLA DIFERENTE

Historicamente, a maioria das pesquisas tem sido centrada sobre a função social da gratidão não seu impacto sobre nossos cérebros.

Esse conjunto de pesquisas descobriu que – explicando de forma bem direta – expressar gratidão a alguém que o ajuda mantém a pessoa interessada em você e faz com que ela invista no relacionamento a longo prazo. E faz com que o tempo que ela gastou, seu esforço, e as dificuldades, pareçam ter valido a pena. Da mesma forma, não há nada como a ingratidão para azedar um relacionamento que do contrário, seria positivo. Não é difícil para a maioria de nós recordar um momento em que nos chocamos com quão ingrato e descuidado alguém foi em resposta a nossa generosidade. Sem algum tipo de reconhecimento, as pessoas deixam muito rapidamente de querer ajudá-lo. De fato, em estudos realizados por Adam Grant e Francesca Gino, mostraram que quando alguém não era agradecido pela colaboração recebida, a probabilidade dessa pessoa ajudar outros no futuro diminuía, em média, 50%. Ou seja: do ponto de vista evolutivo, a gratidão parece ter um efeito de “cola” que une quem recebe e quem faz a gentileza (não necessariamente material, a boa ação pode vir em forma de palavras gentis, da disposição de ensinar algo ou apenas de ouvir as mazelas alheias).

Uma pesquisa recente sugere que as pessoas costumam cometer um erro crucial quando expressam gratidão: elas se concentram em como elas se sentem: em quão felizes elas estão, quão benéfica foi a ajuda – em vez de focar no benfeitor. As pesquisadoras Sara Algoe, Laura Kurtz, e Nicole Hilaire, da Universidade da Carolina do Norte, distinguem duas formas de expressar a gratidão: elogiar outro, o que valida as ações de quem ajuda, e o benefício próprio, com o reconhecimento da vantagem de ter sido agraciado com algo. Em um dos estudos, casais voluntários foram observados ao demonstrar gratidão um ao parceiro por algo que o outro tinha feito recentemente para eles. Suas expressões foram classificadas pelo grau em que representavam um elogio ao outro ou eram focadas no benefício próprio.

Exemplos de suas expressões incluem o elogio ao outro (por exemplo, “Isso mostra como você é responsável” ou “Acho que você é realmente bom nisso) ou reconhecimento do próprio benefício (“Sua atitude me fez muito bem”). Finalmente, os chamados benfeitores classificaram o quão felizes  e  amorosos  eles se sentiram em relação ao seu parceiro, e quão grato o outro (que expressara a gratidão) de fato se encontrava. Os pesquisadores descobriram que a gratidão na forma de elogio estava muito mais  fortemente  relacionada com a percepção de receptividade, emoção positiva, e carinho – do que aquela focada no reconhecimento do próprio benefício.

Ora, mas então não é tão importante perceber o bem que recebemos? Claro que sim!

Fundamental. Mas na hora de agradecer, vale a pena nos lembrarmos de que os seres humanos são, com frequência, egocêntricos. Temos a tendência a falar de nós mesmos, mesmo quando deveríamos pensar nos outros. Assim, quando recebemos ajuda e apoio, queremos contar sobre como  isso  nos fez sentir. Na realidade, assumimos  que é isso o que a pessoa quer ouvir. Na maior parte das vezes, essa suposição está só parcialmente correta. Sim, é muito provável que a pessoa que o ajuda quer que você seja feliz, mas a motivação para ser útil, muitas vezes, está diretamente ligada ao próprio senso de autoestima. Somos generosos porque queremos ser boas pessoas, para viver de acordo com nossos objetivos e valores.  E, temos de admitir, para sermos admirados.

EM QUATRO PASSOS

Embora direcionada ao outro, na prática a gratidão faz bem, comprovadamente, a quem a sente, já que além do bem-estar a curto e médio prazo ela favorece a capacidade de resiliência em situações difíceis de forma geral. Alguns psicólogos cognitivos elaboraram um programa em quatro etapas para incrementar esse sentimento de gratidão:

1.IDENTIFICAR “pensamentos ingratos”.

2.FORMULAR pensamentos de reconhecimento.

3.IMAGINAR que esses últimos substituem os anteriores em sua cabeça.

4.TRANSFORMAR o sentimento em ação, expressando o reconhecimento.

 

REBECCA SHANKLAND – é doutora em psicologia, professora do Laboratório Interuniversitário de Psicologia da Universidade Pierre Mendès France, Grenoble 2; escreveu La psychologie positive (Dinod, 2012).

GESTÃO E CARREIRA

O que as mulheres não aguentam mais ouvir

 

O QUE AS MULHERES NÃO AGUENTAM MAIS OUVIR

O machismo é o preconceito mais presente no Brasil e se revela em frases que, para muitos, não passam de brincadeiras. Para combater o problema, as empresas precisam se envolver nessa discussão.

“Você está de TPM”? “Não vai começar a chorar, hein”? “A maternidade atrasa a carreira.” Essas são algumas das afirmações que muitas profissionais já ouviram em seu trabalho, de acordo com o levantamento de Ângela Christina Lucas, que ouviu mulheres e executivos de RH durante sua tese sobre o papel dessa área na desigualdade de gênero nas empresas, apresentada para a Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA), da Universidade de São Paulo, em 2015.

Para alguns, essas frases não têm nada de mais. E esse pensamento comprova que existe machismo, mesmo que invisível. “Isso transforma o ambiente organizacional num lugar que desrespeita e afasta as mulheres, além de causar danos físicos e psicológicos nas situações mais graves”, afirma Ângela, que também é professora no Centro Universitário FEI, de São Paulo.

Ouvir coisas como essas todos os dias – seja direcionadas para si própria, seja para as colegas – é, no mínimo, cansativo e pode levar a um quadro de assédio morai ou sexual. Afinal, o constrangimento não é de quem fala, mas de quem escuta. “Apenas quem é constrangido pode dizer se se sente desrespeitado ou não”, afirma Marina Ruzzi, do escritório de advocacia Braga e Ruzzi, voltado para mulheres, de São Paulo.

 BRINCADEIRAS NADA INOCENTES

O problema é que mudar isso não é simples, pois essas “gracinhas” estão arraigadas na sociedade brasileira. Uma pesquisa de 2017, realizada em parceria entre a Skol e o Ibope com 2002pessoas, revelou que o preconceito mais presente é mesmo o machismo. De acordo com o levantamento, 66% dos homens já disseram frases sexistas e 57% das mulheres fizeram comentários assim. A mais usada é: “Mulher tem de se dar ao respeito”. Nas empresas, esse comportamento é traduzido em brincadeiras e pretensos elogios, que, para a maioria das profissionais, são interpretados como assédio. Em sua tese, Ângela ouviu o seguinte depoimento:

“Eu era estagiária e, além de ter a questão do cargo, tinha o fator gênero: era a única mulher em reuniões ao lado de vários gestores homens. Invariavelmente, um diretor fazia uma piada sexista e olhava para mim. Todo mundo ria”.

O machismo não é necessariamente uma conduta jurídica O que se pode denunciar são os casos de assédio moral e assédio sexual. “Só que, quando as mulheres chegam a nós, já foram punidas por sua empresa’’, afirma Ana Paula Braga, sócia no escritório Braga e Ruzzi Na prática, o que mais ocorre é a assediada ter de pedir demissão por não aguentar mais o constrangimento constante”.

Foi o que aconteceu com A.M., de 32 a nos, que pediu para não ter seu nome revelado. Há oito anos, ela era coordenadora do setor de contact center de uma empresa que prestava serviços para um grupo de telefonia, e seu calvário começou com singelos, mas insistentes, “bom dia” do gerente de atendimento. “No início, reparei que ele era mais gentil comigo do que com meus colegas. Fazia questão de passar na minha mesa para me cumprimentar”, diz. Mesmo depois de A. ter se negado a passar o número de seu telefone pessoal ao chefe, o gestor continuou insistindo. “Ele usava o assistente como ponte. Por meio do interlocutor, pedia para tomar alguma coisa com ele fora do trabalho. Ficava me olhando insistentemente”, afirma. Cansada da situação, ela resolveu falar com o diretor, que nada fez, dizendo que não era de sua competência. Por suas negativas, a profissional recebeu o apelido de “Sandy”, em referência à cantora conhecida por ser recatada. “O pessoal só fazia piada e me dizia para ‘resolver’ o problema do chefe. Denunciei ao RH, que também não fez nada. Depois de cinco meses, pedi demissão”, afirma.

FORMANDO ALIADOS

Para que casos corno o de A M. deixem de acontecer, as empresas precisam atuar no combate ao machismo. Que é o que faz, desde 2014, a Braskem, indústria química na qual 78% do quadro é formado por homens. Tudo começou com uma ação simples, mas efetiva: construir 55 banheiros femininos dentro das fábricas. “As funcionárias tinham de andar 2 quilômetros para usar o sanitário’’, diz Camila Dantas, diretora de pessoas e organização da Braskem”. Mas não foi somente isso. O que realmente faz a diferença na luta pela igualdade é ouvir o que as funcionárias têm a dizer por melo de grupos de discussão sobre questões femininas – o que ajuda os colegas e os lideres a repensar comportamentos. “Num dos encontros, as participantes disseram que não queriam ser ‘preservadas’ na volta da licença-maternidade, desejavam ser tratadas como era antes”, afirma Camila.

Esse assunto vem à tona porque cuidar do novo bebê ainda é visto por várias pessoas como de responsabilidade da mulher – embora já existam empresas instituindo licença- paternidade mais longa. É o caso do Google, em que os pais podem ficar até três meses fora após o nascimento do filho; e da Zurich Seguros, na qual a licença estendida de 20 dias para eles e seis meses para elas foi implementada após a discussão do assunto no grupo de mulheres da companhia. Mas esses exemplos ainda são incipientes no Brasil. Tanto que, em sua tese, Ângela ouviu o seguinte depoimento: “Três coordenadoras saíram de licença-maternidade. As três foram desligadas quando voltaram, inclusive eu”.

Por isso é essencial tratar as mulheres, sejam elas mães ou não, de igual para igual. “O RH tem de trazer a questão à tona. Conheço companhias que contrataram mulheres grávidas e outras que as promoveram durante a licença-maternidade”, afirma Rodrigo Vianna, diretor da TaIenses, consultoria de recrutamento executivo que fez uma pesquisa sobre sexismo no trabalho. Só que a questão não pode ficar restrita a apenas uma área. “Para combater a desigualdade é preciso que os presidentes das empresas entendam a relevância desse assunto, porque o impacto de sua voz é muito maior do que apenas uma área tentando implantar uma politica”, afirma Rodrigo.

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Fonte: Revista Você S.A. – Edição 238

ALIMENTO DIÁRIO

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MATEUS 6: 1-4

Continuação do Sermão da Montanha.

Esmolas, Oração, Jejum

Assim como devemos fazer melhor que os escribas e fariseus, evitando os pecados do coração, o adultério do coração, e o assassinato do coração, devemos igualmente manter e seguir a religião do coração, fazendo o que fazemos a partir de um princípio interior e vital, para que possamos ser aprovados por Deus, e não para sermos aplaudidos pelos homens. Isto é, devemos vigi­ ar contra a hipocrisia, que era o fermento dos fariseus, bem como contra sua doutrina (Lucas 12.1). Esmolas, oração e jejum são os três grandes deveres cristãos, e os três fundamentos da lei, dizem os árabes. Por eles, honramos e servimos a Deus com os nossos três interesses principais; através da oração, honramos e servimos ao Senhor com as nossas almas; através do jejum, honramos e servimos ao Senhor com os nossos corpos; através das esmolas, honramos e servimos ao Senhor com os nossos bens. Portanto, não só devemos nos afastar do mal, mas precisamos fazer o bem, e fazê-lo corretamente, e assim habitaremos com Ele para sempre.

Nestes versículos, somos advertidos contra a hipocrisia no ato de dar esmolas. “Guardai-vos”. O fato de sermos solicitados a nos guardar indica que isso é pecado.

1.Estamos em grande perigo. Este é um pecado sutil; a vanglória se introduz no que fazemos antes que possamos estar cientes dela. Os discípulos seriam tentados a este pecado pelo poder que tinham de fazer muitas obras maravilhosas; a convivência deles com alguns que os admiravam, e com outros que os desprezavam, se tornava como duas tentações que podiam levá-los a procurar fazer uma boa demonstração na carne.

2.É um pecado no qual estamos em grande perigo. Guarde-se da hipocrisia, porque se ela reinar em você, vai destruí-lo. Uma mosca morta estraga um frasco inteiro de um perfume precioso.

Supõem-se duas coisas aqui:

I – Dar esmolas é um grande dever, e um dever no qual todos os discípulos de Cristo, de acordo com a sua capacidade, devem cumprir de modo abundante. Este dever está prescrito na lei da natureza e na lei de Moisés, e os profetas dão grande ênfase a ele. Diversas cópias antigas aqui, em lugar de ten eleemosynen vossas esmolas, trazem ten dikaiosynen vossas justiças, pois esmolas são justiças (SaImos 112.9; Provérbios 10.2). Os judeus chamavam a caixa de esmolas para os pobres de “caixa da justiça”. Diziam que era dever deles dar esmolas aos pobres (Provérbios 3.27). A obrigação é algo muito importante, e pode ser considerada necessária e excelente; porém, pode ser utilizada pelos hipócritas para servir ao seu orgulho. Os papistas supersticiosos atribuíram um mérito às obras de caridade, porém esta não pode ser uma desculpa para protestantes cobiçosos que são estéreis em tais boas obras. E verdade que as nossas esmolas não merecem o céu; mas também é verdade que não podemos ir para o céu sem demonstrar o fruto da nossa salvação. Essa é a religião pura e imaculada (Tiago 1.27), e será o teste no grande dia. Cristo aqui tem como certo que os discípulos deem esmolas e façam boas obras; e aqueles que não o fizerem, não pertencerão a Ele.

II – Que este é um dever que tem ligado a si uma grande recompensa – recompensa que será perdida, se ele for desempenhado com hipocrisia. Ele é, às vezes, recompensado com a abundância de coisas temporárias (Provérbios 11.24,25; 19.17); com a segurança de não passar necessidades (Provérbios 28.27; SI 37.21,25); com o socorro na angústia (SaImos 41.1,2); com a honra e um bom nome, que segue aqueles que praticamente não o cobiçam (SaImos 112.9). No entanto, ele será recompensado na ressurreição dos justos (Lucas 14.14), com as riquezas eternas.

Isto posto, observe agora:

1.Qual era a prática dos hipócritas em relação a esta obrigação? Eles certamente a faziam, mas não com base em qualquer princípio de obediência a Deus, ou de amor ao homem, mas por orgulho e vanglória; não por compaixão pelos pobres, mas puramente por ostentação, para que pudessem ser exaltados como homens bons, e assim pudessem ganhar algo mais na consideração das pessoas, junto às quais eles sabiam como servir em causa própria, e para receberem muito mais do que deram. De acordo com esta intenção, eles escolhiam dar as suas esmolas nas sinagogas e nas ruas, onde havia um grande fluxo de pessoas para observá-los – pessoas que aplaudiam a sua liberalidade porque viam estas atitudes; mas eram, na verdade, ignorantes, porque não discerniam o orgulho abominável que motivava estas ações. Eles provavelmente faziam coletas para os pobres nas sinagogas, mas os pedintes comuns andavam pelas ruas e estradas, e eles escolhiam dar esmolas nestes lugares públicos. Não que seja ilegal dar esmolas quando os homens estão nos vendo; podemos fazer isso; mas não para que os homens possam nos ver; devemos, antes, escolher aqueles objetos de caridade que são menos observados. Os hipócritas se dessem esmolas para as suas próprias casas, soariam uma trombeta, sob o pretexto de ajuntar os pobres para serem servidos. Mas na realidade teriam a intenção de proclamar a sua caridade, e o fariam para que isso fosse notado e para que passasse a ser um tema de discurso.

A condenação de Cristo a esta atitude é bem observável: “Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão”. A primeira vista, isso parece uma promessa. Se eles têm o seu galardão, eles já têm o suficiente, mas duas palavras no versículo tornam a recompensa uma ameaça.

(1).É um galardão, mas é um galardão de homens; não o galardão que Deus lhes promete e que faz bem, mas o galardão que eles mesmos prometem, e que é pobre. Eles dão esmolas para serem vistos pelos homens, e são vistos pelos homens. Eles escolheram as suas próprias desilusões com as quais enganam a si mesmos, e terão o que escolheram. Os professores carnais tentam impor diante de Deus a sua suposta dignidade, honra, riqueza, e terão os seus ventres cheios dessas coisas (Salmos 17.14); mas que eles não esperem mais; estas coisas são a sua consolação (Lucas 6.24), os seus bens (Lucas 16.25), e eles serão despedidos com eles. “Não ajustaste tu comigo um dinheiro?” Assim, cada um deve se contentar com o pagamento previamente combinado.

(2)É um galardão, mas é um galardão para o presente; e não há nenhum galardão reservado para eles no estado futuro. Eles agora têm tudo o que podem ter da parte de Deus. Eles possuem o seu galardão aqui, e não têm nenhum galardão por que esperar no futuro. Isto significa um recibo completo. As recompensas que os cristãos têm nesta vida são apenas parte do pagamento; há ainda mais, muito mais; mas os hipócritas têm todas as suas recompensas nesta vida, e esta será para eles a condenação; eles mesmos decidiram isto. O mundo tem a finalidade de prover para os santos; é aqui que gastam o se u dinheiro. Mas ele é o pagamento dos hipócritas, é a sua porção.

(2)O preceito de nosso Senhor Jesus sobre isto (vv. 3,4). Ele, que foi um exemplo de humildade, exigiu esta qualidade dos discípulos como algo absolutamente necessário para a aceitação de suas obras. “Quando tu deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita”. Talvez isso se refira ao estabelecimento do Corbã, a caixa do homem pobre, ou o baú no qual eram lançadas as ofertas voluntárias, à direita da passagem para o Templo – para que eles colocassem as suas ofertas dentro dela com a mão direita. Dar esmolas com a mão direita também pode sugerir presteza e resolução; faça de modo direito, não de forma desajeitada, nem com um a intenção sinistra. A mão direita pode ser usada para ajudar os pobres, erguendo-os, escrevendo para eles, tratando de seus ferimentos, e outras maneiras além de lhes dar esmolas. Mas, “não deixe que a tua mão esquerda saiba de qualquer bem que a tua mão direita fizer aos pobres: esconda o quanto for possível; diligentemente mantenha isso em segredo. Faça isso porque é uma boa obra, e não porque lhe conferirá uma boa reputação”. “Em todas as nossas ações, devemos ser influenciados pela consideração ao objeto, e não ao observador”. É sugerido:

(1) Que não devemos deixar que os outros saibam o que fazemos; não, não aqueles que ficam à nossa esquerda, que estão muito perto de nós. Em vez de aproximar-se deles com isso, esconda deles a ação, se for possível; no entanto, aparente ter o desejo de ocultar estas ações deles, como por educação. Mesmo que observem, eles podem fazer parecer que não perceberam nada, e assim guardarão o fato que testemunharam para si mesmos, sem divulgá-lo.

(2) Que nós mesmos não devemos observar muito a ação: a mão esquerda faz parte de nós mesmos; não devemos, dentro de nós mesmos, notar demais as boas ações que fazemos, não devemos aplaudir e admirar a nós mesmos. Vaidade e auto complacência, e uma adoração da nossa própria sombra, são ramos de orgulho, tão perigosos quanto a vangloria e a ostentação diante dos homens. Encontramos aqueles que tiveram as suas boas obras lembradas em sua honra, mesmo tendo se esquecido delas: “Quando te vimos com fome, ou com sede?”

(3)A promessa feita àqueles que são sinceros e humildes ao darem as suas esmolas: Dá “a tua esmola…ocultamente, e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente”. Note que quando damos pouca atenção às boas obras que fazemos, Deus dá muita atenção a elas. Do mesmo modo como Deus ouve as coisas erradas que fazem contra nós, quando não as ouvimos (Salmos 38.14,15), assim Ele vê as coisas boas feitas por nós, quando não as vemos. O fato de Deus ver todas as coisas em secreto é um terror para os hipócritas, mas é um conforto para os cristãos sinceros. Mas isso não é tudo. Não são só a observação e o louvor que pertencem a Deus: a recompensa também é dele. Ele mesmo nos recompensará abertamente. Note que os hipócritas, ao darem esmolas, buscavam aprovar a si mesmos diante de Deus, voltando-se a Ele simplesmente como o seu Pagador. Os hipócritas tentam agarrar as sombras, mas o homem reto mantém a essência das coisas. Observe como isto é expresso enfaticamente: Ele mesmo recompensará, Ele mesmo é o Galardoador (Hebreus 11.6). Que o próprio Senhor expresse a bondade, pois Ele, e somente Ele, é a sua fonte; e mais ainda, Ele mesmo será o galardão (Genesis 15.1), nosso grandíssimo galardão. Ele nos recompensará como o nosso Pai, não como um senhor que dá ao seu servo somente o que ele ganha como pagamento e nada mais, mas como um pai que dá abundantemente mais, e sem restrição, ao seu filho que o serve. E mais ainda, Ele nos recompensará abertamente; se não nos dias atuais, com certeza no grande dia. Então todo homem deve louvar a Deus, com um louvor aberto. Você será confessado diante dos homens. Se a obra não for manifesta, o galardão o será; e isto é ainda melhor.

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