Mensagens sutis

MENSAGENS SUTIS

Por muito tempo a expressão corpo foi menosprezada pelos estudiosos. Hoje se sabe que um único aceno pode transmitir desejos e intenções.

Movimento, atitude e postura corporal sempre comunicam alguma mensagem O corpo se expressa quando estamos em pé ou sentados, se falamos ou simplesmente ouvimos. E poucas vezes mente

Diferentemente da fala, a linguagem involuntária do corpo não recorre à ironia nem à dissimulação. Transmite a verdade nua e crua por meio de sinais que revelam pistas e impressões sobre personalidade e desejos. Um movimento feminino comum, que pode pôr intenções à mostra, é jogar os cabelos para trás. Homens fazem esse gesto mais raramente. Na maioria das vezes ocorre de forma involuntária e justamente por isso é tão revelador, se a mulher sorri –  e principalmente se inclina ligeiramente a cabeça – sinaliza interesse pelo interlocutor. Como mostrou o etologista Karl Grammer, do Instituto Ludwig Boltzmann de Etologia Urbana, na Áustria. caso se mantenha séria, as chances de o parceiro estabelecer um relacionamento amoroso com ela provavelmente não são boas.

Atualmente, muitos pesquisadores consideram que tais movimentos físicos, especialmente gestos, são mais que meros acessórios para a comunicação. Ainda assim, são pouco investigados. Desde os anos 90, graças a diversos trabalhos como o do psicolinguista americano David McNeill, da Universidade de Chicago, muitos estudos mostraram como o corpo influencia, enfatiza, atenua ou até mesmo revela decisivamente aquilo que alguém quer transmitir com palavras. Para o pesquisador, “os gestos são janelas do pensamento”

Segundo McNeill, gestualidade e fala compõem uma unidade inseparável e têm por base um processo cognitivo. Ele recorre a um exemplo do cotidiano para embasar sua hipótese: a maioria das pessoas tem muita dificuldade de se comunicar por longo tempo sem recorrer às mãos. Quando explicamos algo, a ação aparece, na maioria das vezes, acompanhando a linguagem verbalizada. É possível transmitir com gestos informações para as quais fracassa a linguagem sonora”, diz a pesquisadora gestual Cornélia Müller, da Universidade Livre de Berlim. Com as mãos descrevemos relações espaciais complexas percursos ou formas podemos desenhar no ar mapa inteiros ou esquematizar com gestos um passeio a um jardim zoológico, por exemplo, evocando tais mapas “À direita, mais atrás, estão os macacos, e à esquerda, à frente, as zebras” Quem não gesticula tira de si mesmo um importante canal de informação.

A relação inequívoca entre gesto e fala é corroborada por pesquisas acerca dos distúrbios da comunicação. A gestualidade que acompanha a linguagem verbal não é prejudicada apenas por lesões cerebrais que paralisam membros. Essa forma de comunicação pode ser comprometida nos casos de afasias (perda da capacidade de falar ou de compreender o que é dito). Portanto, a linguagem gestual é controlada por áreas cerebrais responsáveis também pela fala.

Sons e movimentos aparecem interligados não só quando se deseja transmitir uma mensagem, mas no momento de captar o que o outo tenta comunicar. Em 2004, os neurocientistas Spencer Kelly, Corinne Kravitz e Michael Hopkins, da Universidade Colgate, em Hamilton, Nova York, mostraram que gesto e palavra são interpretados simultaneamente pelo cérebro. Além disso, encontraram confirmações de que o ouvinte compreende imediatamente a linguagem do corpo do interlocutor, mesmo que nem sempre essa percepção seja consciente. Por muito tempo, porém, isso foi mostrado apenas indiretamente, quando participantes voluntários de estudos eram questionados sobre as informações apreendidas de uma manifestação gestual.

O grupo da Colgate examinou a contribuição semântica de gestos com a ajuda de potenciais relacionados a eventos (ERP), da sigla em inglês) – respostas eletrofisiológicas específicas a estímulos internos ou externos.

Esses sinais coordenam etapas de processamento neural em determinadas regiões do cérebro, o que pode ser visto no traçado eletroencefalográfico (EEG). Após aproximadamente 400 milésimos de segundo aparece a oscilação máxima negativa, a chamada N400. O fenômeno ocorre, por exemplo, quando ouvimos uma frase como “Ele passou meias no pão” –  e tropeçamos na palavra “meia, um estímulo inadequado e inesperado no contexto.

Sinais contrários

No experimento, voluntários assistiram a um vídeo com situações típicas de conversa: um ator dizia uma palavra e indicava, ao mesmo tempo, qualidades de um objeto com um gesto. O movimento de mão podia se adequar semanticamente ao que era dito quando, por exemplo, a palavra “grande” era expressa e indicava a dimensão de uma vidraça. Em outra situação o gesto fornecia informações adicionais, que nem sempre pareciam combinar de imediato com o primeiro dado apresentado, para “grande” os dedos faziam movimento que significava “fino”. Outra cena contraditória ligava a palavra “grande” a um sinal correspondente a “pequeno”.  Às vezes, o ator não gesticulava, usava apenas palavras para transmitir o conceito.

De cada situação resultam diferentes “respostas” no eletroencefalograma{EEG): nas contradições semânticas entre fala e gesto os pesquisadores constataram fortes estímulos negativos, ou se1j, um efeito N400. De onde o grupo concluiu que o significado do movimento é incluído na interpretação da palavra.

O resultado é apoiado pelo fato de que os ERPs em situação de controle não apontam negatividade comparável. No processamento precoce as curvas do traçado também se diferenciam se o movimento de mão combina com a palavra, e a complementa ou até mesmo se a contradiz. “Gestos não são simplesmente um aceno insignificante, seu conteúdo semântico contribui para o processamento de significados de palavras, diz Kelly.

É possível fazer algumas suposições a respeito da origem dessa estreita conexão entre gestual e fala. A base dessa ligação reside possivelmente nas origens da própria aquisição da linguagem verbal, já que primatas possuem um rico repertório de gestos. Filhotes de chimpanzés, por exemplo, se dirigem à mãe com um sinal típico, estendendo-lhe a mão aberta

Estudiosos acreditam que, no homem, o gesto pode ter precedido a fala. O pesquisador Uwe Jürgens, coordenador do departamento de neurobiologia no Centro Alemão de Primatas, em Gottingen, compartilha com alguns colegas a opinião de que o homem desenvolve primeiramente “gestos vocais, ou seja, sons pouco sofisticados, empregados de forma similar a movimentos de mão ou a caretas, como unidades significantes simples.

Um desenvolvimento comum da comunicação sonora e gestual pode ser observado nas crianças Entre 9 e 12 meses o bebê usa gestos. Por volta de 1 ano, estende a mão aberta com todos os dedos –  como os chimpanzés quando pedem comida –  em direção ao objeto desejado. Em torno do 11º mês as meninas – e um pouco mais tarde os meninos –  iniciam um processo de amadurecimento neural por meio do qual são capazes de estender a mão não mais com todos os dedos, mas apenas um. O gesto de alcançar o objeto do desejo com as mãos estendidas passa a ser a expressão clara da intenção de se dirigir a outra pessoa – e não necessariamente de pedir água, alimento ou brinquedo.

Uma vez amadurecida essa capacidade, os gestos que acompanham as palavras oferecem aos pesquisadores a possibilidade de observar as pessoas enquanto pensam e falam. No estudo de Cornélia Müller, uma voluntária diz: “Nos ouriçamos bem em nossa relação”, formando uma bola com as duas mãos. Ela representou mentalmente algo esférico, referindo-se a uma forma similar a do ouriço – algo que a linguagem sonora não revela imediatamente.

Varrer o lixo

Como há muitas variações desses gestos acompanhantes da fala, David McNeill, em seu influente livro Hand and mind: what gestures reveal about thought (Mão e mente: o que gestos revelam sobre pensamentos), de 1992, distinguiu quatro tipos básicos de gestos: dícticos, icônicos, metafóricos e “beats”. É fácil reconhecer estes últimos movimentos ao observar políticos nas campanhas eleitorais. E, em geral, aparecem estreitamente ligados ao ritmo da fala; golpes de braço ou batidas de mão conferem uma estrutura temporal ao que é dito e enfatizam a “força combativa” do argumento, independentemente do conteúdo expressado.

Gestos dícticos acompanham palavras como “aqui”, “lá”, ou “isto”, e também “eu” e “você”. Por meio deles mostra-se algo concreto “este pãozinho”, ou abstrato (“nesse caso”) Quem diz “eu” frequentemente aponta a mão levemente aberta para o próprio peito. Quando faz o mesmo movimento – sem que a palavra “eu” seja pronunciada, supõe-se que a pessoa se refere a si mesma.

Gestos icônicos expressam representações figuradas, referência espacial ou acontecimento. Surgem, por exemplo, quando alguém conta, “Marina tirou a sujeira da sala – e, simultaneamente, gesticula como se movimentasse uma vassoura imaginária. O movimento pode oferecer informações complementares, representando mais detalhadamente como o lixo foi recolhido do chão – e até se foi varrido pela esquerda ou pela direita.

Já os metafóricos se parecem exteriormente com os icónicos (como o que acompanhou a palavra ouriçar no exemplo anterior), mas se referem a expressões abstratas. Quando se diz “outro tema…, muitas vezes um objeto invisível é delimitado com as mãos semiabertas. Nesses casos, a ideia se torna “palpável” à medida que a pessoa se refere espacialmente a ela. E se continua a dizer “primeiramente, vamos colocá-lo de lado”, o tema exposto é realmente “empurrado” para o lado com um movimento das mãos.

Tanto os gestos icónicos quanto os metafóricos podem apresentar significados convencionais. Pense na mão que limpa o suor imaginário da testa com a lateral do dedo indicador “Como foi cansativo”    A maior parte das pessoas do nosso círculo cultural compreende a mímica. Tomando por base o cotidiano na cidade de Berlim o especialista em semiologia Roland Posner, coordenou a organização   do léxico berlinense dos gestos. Ele procurou mostrar que é possível reconstruir como surgem os gestos. O pesquisador cita um exemplo, balançamos a mão como se estivéssemos nos queimando numa chapa do fogão, procurando resfriá-la com o ar, para transmitir a mensagem de que estamos lidando com um assunto delicado, que quase deu errado. Com isso utiliza-se metaforicamente um movimento que se origina do contexto cotidiano, a cozinha. O gestual convencional funciona sem palavras.

Assim como o colega David McNeill, Adam Kendom, que leciona na Universidade da Pensilvânia e na Universidade de Nápoles, já supunha no início dos anos 80 que gestos e palavras poderiam surgir das mesmas ideias. De acordo com Kendom, movimentos que acompanham a verbalização são apresentados poucos segundos antes ou no máximo ao mesmo tempo que uma palavra ou frase de referência é pronunciada – como bater com a ponta do dedo na testa para fazer alusão a uma ideia original.

Se o lixo é varrido ou um tema é deixado de lado, são oferecidas também ao mesmo tempo indicações verbais e visuais.

Mãos em movimento

Segundo a teoria formulada por McNeill, existe uma fonte mental única, responsável pela produção de fala e gesto. A mistura de símbolos pré-verbais e as representações imagéticas compõem o ponto de partida para que as ideias sejam expressas.  Para o pesquisador, haveria uma espécie de “grão” do qual se desenvolvem palavras ou frases, por um lado, e movimentos significativos de mão, por outro

As famílias linguísticas se distinguem na forma como dividem determinados componentes semânticos, sonoros e gestuais.  Nas línguas de origem latina como português e espanhol, o movimento indica a ação. Na frase “ele escala a montanha” o gesto geralmente mostra o ato de escalar.  Nas línguas germânicas como alemão e inglês, as mãos são mais usadas para designar o substantivo – nesse caso, a palavra montanha.

As línguas se diferenciam nitidamente em relação à unidade de informação de fala e gesto, diz David McNeill. Sua orientanda Gale Stam, que pesquisa a assimilação de uma segunda língua utiliza essa observação para constatar se um espanhol que aprende inglês passa a pensar com base também no segundo idioma. Enquanto o aluno enfatiza com gesto a palavra inglesa climb (escalar) internamente ainda a traduz do espanhol para o inglês. Se o movimento aparece na preposição though (através), isso faz supor que a transição para o pensamento em inglês já se realizou. Ela provavelmente está em “montanha”.

O estreito entrelaçamento de língua, pensamento e gesto chamou a atenção de pesquisadores que por muito tempo se preocuparam com a produção apenas sonora da língua. Um modelo importante nessa área foi apresentado por Willem Levelt, do lnstituto Max Planck de Psicolinguística, em Nijmegen, Holanda. Segundo ele, o cérebro elabora a linguagem em três níveis. Num primeiro momento, o que será dito é organizado como informação puramente pré-linguística (conceito ainda em formulação). No passo seguinte, num desdobramento do processo, interno, que ocorre em frações de segundo, são encontradas palavras e forma das frases para designar o que se pretende expressar. Só na terceira fase é acionado o aparelho de articulação que produz, através dos pulmões e cordas vocais, a fala.

Rascunho e robôs

Jan-Peter de Ruiter, aluno de Levelt, estudou o modelo e encaixou nele o gestual. Ele supõe que no primeiro nível (conceitualizador) surge uma etapa preliminar imagética para gestos, o cérebro “desenha” rascunhos de movimentos. No segundo passo o esboço torna-se um projeto de como gesticular, que no terceiro momento é repassado aos programas motores. Estes levam mãos e braços a agir.

Com tal modelo seria possível explicar por que os gestos muitas vezes se manifestam antes da fala correspondente. Para uma expressão como “o martelo usado para colocar o prego na parede” o movimento de mão poderia descrever primeiro a ferramenta ou o prego e depois a ação de pregar, ou os dois concomitantemente. Mas não existe uma expressão corporal para “martelo-para-colocar- prego-na-parede”.

De Ruiter pesquisou mais detalhadamente a suposta relação de fala e gesto por meio de ações indicativas (“isto aqui”). Ele anotou diálogos em que se contavam histórias e confirmou que certamente a fala se adapta ao gesto, mas também que o contrário ocorre. O pesquisador observou que um “percurso de gesto” muito longo – como quando alguém aponta para um ponto muito alto – provoca o adiamento da fala paralela correspondente a ele. A adequação no sentido contrário do gesto à fala, fica mais clara quando uma pessoa testada se engana e titubeia. Nesse caso, o movimento já preparado parece “esperar até que a fala flua novamente.

Quem realmente quer entender a comunicação falada precisa investigar como o corpo se expressa. Por isso os estudiosos de robótica se interessam pela expressão não-verbal, pois querem construir parceiros que pareçam verdadeiros para as pessoas. A ideia do léxico berlinense dos gestos surgiu quando técnicos em informática da Universidade Técnica de Berlim perguntaram a Roland Posner como as pessoas gesticulam – a fim de ensinar essa habilidade aos seres artificiais.

Nosso grupo de trabalho na Universidade de Bielefeld criou Max, um robô virtual que entende e produz gestos que acompanham palavras. Ele sabe olhar para uma pessoa que aponta para um objeto virtual e lhe diz: “Monte o componente ali atrás. Quem se comunica com Max pode fazê-lo de forma natural. E também aqui se vê como a linguagem do corpo é prática e óbvia. Com sua ajuda, evitam-se equívocos: quando digo “esquerda” a Max, para facilitar posso apontar para a direção à qual me refiro, partindo do meu ponto de vista. O robô entende de imediato a mensagem. Ou seja, funciona de modo tão multimodal quanto nós, ao interpretar ou produzir frases e gestos ao mesmo tempo. Isso simplifica a comunicação enormemente. De qualquer forma, ainda vai demorar para mandarmos Max paquerar no bistrô.

 

INKE WACHSMUTH – Professor de inteligência artificial da Universidade de Bielefeld.

 

 

GESTÃO E CARREIRA

por que o escritóri estiloso não funciona para todos

POR QUE O ESCRITÓRIO ESTILOSO NÃO FUNCIONA PARA TODOS?

Arquitetos se unem a neurocientistas para medir o impacto do design na produtividade e criatividade dos funcionários.

Espaços abertos, cores vivas, móveis descolados, baias não definidas. Cada metro quadrado pensado para gerar inovação, interação, criatividade – e economia. A fórmula dos chamativos escritórios da nova economia foi e é motivada também por custos: abrigando mais gente em menos estruturas físicas, o estilo “open space” economiza até 50% por funcionário.

Mas estudos recentes questionam a eficácia desse modelo. Por gerar mais distrações e ruídos, funcionários relatam maior estresse, menor produtividade e até falta de foco. “Muitas empresas pensam que retirar baias e colocar escorregador resolve o problema de interação e produtividade”, diz a arquiteta Priscilla Bencke. “Mas se não faz sentido para a cultura e atividade da companhia, os próprios funcionários ridicularizam a ação.” Priscilla é uma das maiores vozes no Brasil da chamada neuroarquitetura, novo campo de estudos que busca entender como o cérebro reage a diferentes espaços construídos. A partir de recentes avanços na neurociência, arquitetos ganharam mais elementos para analisar a influência, por exemplo, de um jardim no escritório, da posição de uma mesa ou da cor das paredes na sensação de bem-estar dos funcionários. E, assim, considerar tudo isso na hora de projetar. Os neuroarquitetos defendem que estudar tais influências é uma questão de saúde. “Médicos e psicólogos do trabalho dizem que o estresse vai ser a doença mais frequente no meio corporativo em 2030”, alerta Priscilla.

Por isso, escritórios com iluminação natural e janelas para todos podem ser mais eficazes em aumentar a produtividade do que um “open space” por si só. “O contato com elementos externos é fundamental para o bom funcionamento do relógio biológico e estimula positivamente o cérebro”, diz Mariah Klüsener Pinheiro, pesquisadora da PUC-RS. Em resumo, soluções no ambiente corporativo, antes de impressionar pelo visual, devem ser pensadas a partir de três fatores mais importantes: cultura da empresa, atividade fim e perfil dos funcionários.

FONTE: Revista Época Negócios / junho 2017   

 

ALIMENTO DIÁRIO

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MATEUS 5:43-48

Continuação do Sermão da Montanha

Temos aqui, por fim, uma explicação daquele grande mandamento essencial da segunda tábua da lei: ”Amarás o teu próximo”, que era o cumprimento da lei.

 I – Veja aqui como este mandamento foi corrompido pelas observações dos mestres judeus (v. 43). Deus disse: ”Amarás o teu próximo”; e por próximo eles entenderam somente aqueles do seu próprio país, nação e religião; e somente aqueles que quisessem considerar como seus amigos. Mas isto ainda não foi o pior; pois a partir deste mandamento, “amarás o teu próximo”, eles se dispuseram a pressupor o que Deus nunca pretendeu. E com: “aborrecerás o teu inimigo”, eles consideravam quem quisessem como sendo seus inimigos, consequentemente tornando vazio o grande mandamento de Deus por suas tradições, ainda que houvesse mandamentos que expressassem o contrário, como em Êxodo 23.4-5; Deuteronômio 23.7: “Não abominarás um edomita… nem um egípcio”, embora estas nações tivessem sido inimigas de Israel como qualquer outra. Ê verdade que Deus mandou-os destruir as sete nações devotadas de Canaã e não fazer aliança com eles; mas haviam razões particulares para isso: abrir caminho para Israel e também para que não servissem como um laço para Israel. Mas foi muito perverso, a partir disso, concluir que eles deveriam odiar a todos Os seus inimigos, mesmo que a filosofia moral do pagão permitisse isso. A lei de Cícero é: Nemini nocere nisi prius; lacessitum injuriae Não prejudique ninguém, a menos que você tenha sido anteriormente prejudicado. De Offic. Veja como os sentimentos corruptos condescendentes procuram obter uma aprovação a partir das palavras de Deus, e buscam uma ocasião – através dos mandamentos – para se justificar:

II – Veja como isso é esclarecido pelo mandamento de Jesus, que nos ensina uma outra lição: “Eu, porém, vos digo”. Eu, que vim para ser o grande Pacificador, o general Reconciliador, que vos amou quando éreis estranhos e Inimigos, Eu digo: “Amai a vossos inimigos” (v. 44). Ainda que os homens sejam sempre maus e se comportem sempre de modo desprezível para conosco, ainda assim isto não nos desobriga da grande dívida de amor que temos com os nossos semelhantes, amor por nossos parentes. Não podemos evitar nos achar inclinados a desejar o mal, ou, de qualquer modo, ser muito indiferentes para desejar o bem àqueles que nos odeiam e são violentos conosco; mas o que está no fundo de todo procedimento odioso é uma raiz de amargura, que deve ser extirpada, e o vestígio da natureza corrupta que a graça deve derrotar. O maior dever dos cristãos é amar a seus inimigos, não podemos ter complacência com aquele que é abertamente perverso e profano, nem ter confiança naquele que sabemos que é mentiroso, nem amar a todos da mesma maneira, mas devemos levar em consideração a natureza humana, e, até certo ponto, respeitar todos os homens. Devemos atentar, com alegria, naquilo que, nos nossos inimigos, é agradável e louvável: a sinceridade, o bom humor, o conhecimento, e a virtude moral, a bondade com os outros, a profissão da religião etc., e amar estas qualidades, embora sejam nossos inimigos. Devemos ter compaixão e boa vontade com eles. Aqui aprendemos:

1.Que devemos falar bem deles. “Bendizei os que vos maldizem”. Quando falamos com eles, devemos responder aos seus insultos com palavra s amistosas e cordiais, e não retribuir os insultos com insultos. Quando não estivermos na presença de tais pessoas, devemos elogiar o que nelas é elogiável e, quando já tivermos dito tudo que há de bom nelas, não devemos nos precipitar a dizer mais nada (veja 1 Pedro 3.9). Aqueles cuja língua é a lei da bondade podem oferecer boas palavras para aqueles que lhes oferecem palavras ruins.

2.Que devemos fazer o bem a eles: “Fazei bem aos que vos odeiam”, e isto será uma prova de amor melhor do que as boas palavras. Esteja disposto a dar a todos a verdadeira bondade que você pode dar, e alegre-se pela oportunidade de fazê-lo, a seus corpos, bens, nomes, famílias; e principalmente a suas almas. Isto foi dito a respeito do arcebispo Cranmer, que a maneira de torná-lo um amigo era dar-lhe um tratamento cruel; ele serviu àqueles que o afrontaram.

3.Devemos orar por eles: “Orai pelos que vos mal­ tratam e vos perseguem”. Observe que: (1) Não é nenhuma novidade que a maioria dos santos foi odiada, amaldiçoada e tratada com desrespeito pelas pessoas más; o próprio Cristo foi tratado assim.

(2) Que quando, a qualquer momento, nos encontramos em tal situação, temos a oportunidade de mostrar nossa concordância, não só como preceito, como também com o exemplo de Cristo, orando por aqueles que nos insultam. Se, de outra maneira, não podemos testemunhar o nosso amor por eles, desta maneira, porém, poderemos fazê-lo sem ostentação e de tal forma que certamente não nos arriscaríamos a fingir. Devemos pedir a Deus que os perdoe, para que nunca passem pelo pior, por qualquer coisa que tenham feito contra nós, e que Ele os faça ficar em paz conosco; e esta é uma forma de alcançarmos esta paz. Plutarco, em seu apotegma lacõnico, fala isto de Aristarco; quando alguém elogia as palavras de Cleômenes, que, respondendo o que um bom rei deveria fazer, disse: Tous men philous euergetein, tous de echthrous kakos poiein Tornar o bem para os seus amigos, e o mal para os seus inimigos, disse ele: Como é melhor tous menphiloiis eiwrgetein, tous de echthrnus philous poie­ in fazer o bem para os nossos amigos, e tomar o nossos inimigos amigos. Isto é um monte de brasas sobre as suas cabeças.

Duas razões são dadas aqui para reforçar o mandamento (que parece tão difícil) de amar os nossos inimigos. Devemos fazê-lo:

[l ] Para que possamos ser como Deus, nosso Pai; “para que sejais filhos do Pai que está nos céus”. Podemos escrever um texto melhor? É um texto no qual o amor pelo pior dos inimigos é reconciliado, e está em harmonia com a pureza e a santidade infinitas. Deus “faz que o s eu sol se levante sobre maus e bons e a chuva desça sobre justos e injustos” (v. 45). Observe que, em primeiro lugar, o sol e a chuva são uma grande bênção para o mundo, e vêm de Deus. É o seu sol que brilha, e a chuva é enviada por Ele. Eles não vêm naturalmente ou por acaso, mas de Deus. Em segundo lugar, as bênçãos comuns devem ser estimadas como exemplos e provas da bondade de Deus, que, por meio delas, se mostra um benfeitor generoso para com o mundo em que vive a humanidade – que seria muito infeliz sem estas bênçãos – e que é completamente indigno da menor delas. Em terceiro lugar, estas dádivas da providência com um são distribuídas indiferentemente, para os bons e os maus, para os justos e os injustos; para que possamos distinguir o amor do ódio não pelo que está diante de nós, mas pelo que há dentro de nós; não pelo brilho do sol sobre as nossas cabeças, mas pela ascensão do Sol da Justiça em nossos corações. Em quarto lugar, os piores homens compartilham os confortos desta vida juntamente com os demais, embora eles os maltratem e lutem contra Deus com as suas próprias armas; este é um exemplo surpreendente da paciência e da generosidade de Deus. Uma única vez Deus proibiu o seu sol de brilhar sobre os egípcios, enquanto os israelitas tinham luz em suas habitações. Deus poderia fazer tal distinção todos os dias. Em quinto, as dádivas da generosidade de Deus para os homens maus, que estão em rebelião contra Ele, nos ensinam a fazer o bem àqueles que nos odeiam; especialmente considerando que embora haja em nós uma mente lasciva, que é inimiga de Deus, ainda assim compartilhamos de sua generosidade. Em sexto lugar, só serão aceitos como filhos de Deus aqueles que procuram se assemelhar a Ele, particularmente em sua bondade.

[2] Para que possamos fazer mais do que os outros (vv. 46,47). Em primeiro lugar, os publicanos amavam os seus amigos. A natureza os levava a fazer isto; o interesse os conduzia a isto. Fazer o bem àqueles que fazem o bem a nós é um exemplo simples de humanidade. Mesmo aqueles a quem os judeus odiavam e desprezavam poderiam dar provas tão boas ou até mesmo melhores do que as deles. Os publicanos tinham má fama, embora fossem gratos àqueles que os ajudavam em suas posições e educados com aqueles que dependiam deles. E nós não devemos ser melhores do que eles? Ao fazermos isto, nós serviríamos a nós mesmos e deliberaríamos em nosso próprio benefício. E que recompensa podemos esperar por isto, a não ser o respeito a Deus, um senso de dever que nos conduziria muito além da nossa inclinação natural e do nosso interesse terreno? Em segundo lugar, devemos, consequentemente, amar os nossos inimigos para que possamos superá-los. Se devemos ser melhores do que os escribas e fariseus, devemos ser também muito melhores que os publicanos. Observe que o cristianismo é algo além da humanidade. Eis algumas perguntas sérias que deveríamos nos fazer frequentemente: O que fazemos mais do que os outros? Que coisas distintas nós fazemos? Nós sabemos mais que os outros; falamos mais das coisas de Deus que os outros; professamos e prometemos mais que os outros? Deus fez mais por nós, e, portanto, espera, justamente, mais de nós que dos outros; a glória de Deus se dedica mais a nós que aos outros. Mas o que fazemos a mais que os outros? De que maneira vivemos acima da média dos filhos deste mundo? Será que não somos carnais, e não andamos de acordo com os homens, em um nível inferior ao do caráter dos cristãos? Nisto, especialmente, devemos fazer mais que os outros, pois enquanto cada um retribui o bem com o bem, nós devemos retribuir o mal com o bem; e isto expressará um princípio nobre, e estará de acordo com um preceito mais elevado do que aquele que a maioria dos homens segue. Outros saúdam seus irmãos, acolhem aqueles que são do seu próprio partido, trajetória e opinião, porém não podemos restringir o nosso respeito, mas sim amar os nossos inimigos. De outra maneira, que recompensa teriam as? Não poderemos esperar pela recompensa dos cristãos, se não nos elevarmos acima do padrão dos publicanos. Observe que aqueles que prometem a si mesmos uma recompensa superior à dos outros devem se disciplinar para fazerem mais que eles.

Por último, o nosso Salvador conclui este tema com esta exortação (v. 48): “Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai, que está nos céus”. O que pode ser interpretado:

1.De maneira geral, incluindo todas as coisas nas quais devemos ser seguidores de Deus como filhos amados. Observe que é dever dos cristãos desejar, aspirar e perseverar em direção à perfeição na graça e na santidade (Filipenses 3.12-14). E devemos estudar este assunto para que possamos estar de acordo com o exemplo de nosso Pai Celestial (1 Pedro 1.15-16). Ou:

2.Neste caso particular, mencionado anteriormente, “fazei o bem aos que vos odeiam” (veja Lucas 6.36). A perfeição de Deus é mostrada à medida que Ele perdoa as ofensas, recebe os estranhos, e faz o bem aos iníquos e ingratos. A nossa responsabilidade consiste em procurarmos ser perfeitos, assim como Ele é perfeito. Nós, que devemos tanto, que devemos tudo o que somos à generosidade divina, devemos imitá-la tão bem quanto pudermos.

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