ALIMENTO DIÁRIO

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MATEUS 4: 18-22

Cristo Chama Pedro, André, Tiago e João

Quando Cristo começou a pregar, Ele começou a reunir discípulos, que seriam agora ouvintes, e depois pregadores, da sua doutrina. Eles seriam agora testemunhas dos seus milagres, e no futuro os realizariam. Nestes versículos, temos um relato dos primeiros discípulos que Ele chamou para a sua comunhão.

E este foi um exemplo:

1.De uma chamada eficaz a Cristo. Em toda a sua pregação, Ele fez um chamado geral a toda a nação, mas aqui Ele fez um chamado especial e particular àqueles que lhe foram dados pelo Pai. Devemos observar e admirar o poder da graça de Cristo, possuir a sua Palavra como a vara da sua força, e esperar dele as poderosas influências que são necessárias pana eficácia do chamado do Evangelho. Toda a nação foi chamada, mas estes foram escolhidos, foram resgatados entre todos eles. Cristo se manifestou a eles de uma maneira que Ele não se manifestou ao mundo.

2.Foi um exemplo de ordenação e de indicação ao trabalho do ministério. Quando Cristo, como um professor, estabeleceu a sua grande escola, um dos seus primeiros trabalhos foi indicar auxiliares que seriam empregados no trabalho de instrução. Agora, Ele começava a dar dons aos homens, a colocar o tesouro em vasos terrenos. Este foi um dos primeiros exemplos do seu cuidado pela igreja.

Aqui podemos observar:

I – O lugar onde eles foram chamados: Junto ao mar da Galileia, onde Jesus estava caminhando, pois Cafarnaum se situava próxima àquele mar. A respeito deste mar de Tiberíades, os judeus têm um dito: De todos os sete mares que Deus criou, Ele não escolheu outro que não o mar de Genesaré. Isto se aplica à escolha que Cristo fez dele, para honrá-lo, como Ele frequentemente fazia, com a sua presença e com os seus milagres. Aqui, à margem do mar, Cristo estava caminhando em meditação, como Isaque no campo. Ele foi até ali para chamar os seus discípulos; não foi até a corte de Herodes (pois são poucos os poderosos e nobres que são chamados), nem a Jerusalém, em meio aos principais dos sacerdotes e aos anciãos, mas foi até o mar da Galileia. Certamente Cristo vê o que os homens não veem. Caso contrário, aquele mesmo poder que convocou Pedro e André teria convocado Anás e Caifás, pois para Deus nada é impossível. Mas, como em outros aspectos, no seu discurso e na sua presença, Ele se humilhou e mostrou que Deus tinha escolhido os pobres deste mundo. A Galileia era uma parte remota da nação, os habitantes eram menos educados e refinados, a sua própria linguagem era grosseira para os curiosos, o seu modo de falar mostrava de onde eram. Aqueles que foram escolhidos junto ao mar da Galileia não tinham as vantagens nem o aprimoramento dos galileus mais refinados, mas, ainda assim, para lá Cristo foi, para chamar os seus discípulos, que seriam os primeiros-ministros do estado no seu reino, pois Ele escolhe “as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias”.

II – Quem eles eram. Nós temos o relato do chamado de dois pares de irmãos nestes versículos: Pedro e André, e Tiago e João. Os dois primeiros e, provavelmente, os dois últimos também, tinham conhecido a Cristo anteriormente (João 1.40,41), mas até agora não tinham sido chamados a um relacionamento mais íntimo e frequente com Ele. Observe que Cristo traz as pobres almas gradualmente à comunhão com Ele. Eles tinham sido discípulos de João, e assim eram os mais inclinados a seguir a Cristo. Aqueles que se submeteram à disciplina do arrependimento, darão as boas-vindas às alegrias da fé. Podemos observar, a respeito deles:

1.Que eram irmãos. É uma bênção quando aqueles que são parentes segundo a carne (como o apóstolo fala, Romanos 9.3) são unidos em uma aliança espiritual, Jesus Cristo. É a honra e o consolo para uma casa quando aqueles que são de uma mesma família, são também da família de Deus.

2.Que eles eram pescadores. Sendo pescadores:

 (1) Eram homens pobres; se tivessem tido propriedades ou qualquer mercadoria considerável para o comércio, eles não teriam sido pescadores, embora pudessem ter feito da pesca a sua recreação. Cristo não despreza os pobres, e, portanto, nós também não devemos fazê-lo; os pobres são evangelizados, e a Fonte de honra algumas vezes dá uma honra mais abundante àquele grupo que quase não a tem.

(2) Eram homens iletrados, não criados com livros e literatura, como foi Moisés, que era versado “em toda a ciência dos egípcios”. Às vezes, Cristo decide conceder os dons da graça àqueles que têm menos dons naturais a exibir. Ainda assim, isto não justifica a invasão de homens ignorantes e não qualificados na obra do ministério: não se deve esperar dons extraordinários de conhecimento e expressão, mas algumas habilidades essenciais devem ser obtidas de uma maneira normal, e sem uma quantidade razoável destas ninguém deve ser admitido a este trabalho.

(3) Eram homens de negócios, que tinham sido criados para trabalhar. Observe que a diligência a urna vocação honesta agrada a Cristo, e não representa obstáculo a uma vida santa. Moisés apascentava rebanhos, e Davi cuidava de ovelhas, quando foram chamados a atividades eminentes. As pessoas ociosas estão mais abertas às tentações de Satanás do que aos chamados de Deus.

(4) Eram homens acostumados às dificuldades e aos perigos; o ramo da pesca, mais do que qualquer outro, é trabalhoso e perigoso; os pescadores frequentemente estão molhados e com frio; devem ser vigilantes, e esperar, e trabalhar arduamente, e frequentemente estar em perigo nas águas. Aqueles que aprenderam a suportar dificuldades e a correr riscos, são os mais bem preparados para a comunhão e o discipulado de Jesus Cristo. Os bons soldados de Cristo precisam suportar as dificuldades.

III – O que eles estavam fazendo. Pedro e André estavam, então, lançando suas redes, estavam pescando; e Tiago e João estavam consertando as suas redes, o que era um exemplo da sua atividade e da sua boa administração. Eles não foram pedir ao seu pai dinheiro para comprar novas redes, mas se esforçaram para consertar as velhas. É elogiável fazer com que aquilo que tem os dure o máximo possível. Tiago e João estavam com o seu pai, Zebedeu, prontos para ajudá-lo e tornar o negócio mais fácil para ele. Ê um presságio feliz e esperançoso ver filhos que cuidam dos seus pais, e que lhes são obedientes. Observe:

1.Todos eles estavam empregados, todos muito ocupados, nenhum deles ocioso. Quando Cristo chega, é bom a pessoa ser encontrada ocupada. “Eu estou em Cristo?” É uma pergunta muito importante que devemos fazer a nós mesmos, e, em seguida: “Estou agindo conforme a minha chamada?”.

2.Eles estavam fazendo coisas diferentes. Dois deles estavam pescando, e dois outros estavam consertando suas redes. Os ministros devem estar sempre trabalhando, seja no ensino ou no estudo; eles podem sempre encontrar alguma coisa para fazer, caso contrário será sua própria falha; e consertar as redes é, na hora certa, um trabalho tão necessário quanto pescar.

IV – Qual foi o chamado (v. 19): “Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens”. Eles tinham seguido a Cristo antes, como discípulos normais (João 1.37), mas podiam seguir a Cristo e também à sua chamada. Portanto, eles foram chamados a um relacionamento mais íntimo e frequente, e precisaram deixar a sua profissão. Mesmo aqueles que foram chamados para seguir a Cristo, têm necessidade de serem chamados para segui-lo mais de perto, especialmente quando são designados para a obra do ministério. Observe:

1.O que Cristo designava para eles: “Eu vos farei pescadores de homens”; isto faz alusão à sua profissão anterior. Que eles não se orgulhem da nova honra que lhes é designada, pois ainda são apenas pescadores; que eles não tenham medo da nova tarefa que lhes foi designada, pois estão acostumados a pescar e continuam sendo pescadores. Era usual que Cristo falasse de coisas espirituais e celestiais com tais alusões, e com tais expressões, que nasciam das coisas comuns que se ofereciam à sua vista. Davi foi chamado de alimentar ovelhas para alimentar o Israel de Deus; e quando ele se torna rei, trabalha corno um pastor do povo. Observe:

(1) Os ministros são pescadores de homens, não para destruí-los, mas para salvá-los, para levá-los a outro fundamento. Eles devem pescar, não por raiva, por riqueza, por honra ou por uma promoção, não para ganhar algo ou alguém para si mesmos, mas devem lutar pelas almas, para ganhá-las para Cristo. Eles velam por nossa alma (Hebreus 13.17), e não buscam o que é nosso, mas, sim, a nós (2 Coríntios 12.14,16). (2) É Jesus Cristo quem os faz assim: “Eu vos farei pescadores de homens”. É Ele quem qualifica os homens para este trabalho, quem lhes dá a vocação, quem os autoriza a realizá-lo, lhes dá a missão de pescar almas, e lhes dá a sabedoria para conquistar as pessoas. Estes ministros terão conforto no seu trabalho, se estiverem na direção de Jesus Cristo.

2.O que eles devem fazer para conseguir isto: “Vinde após mim”. Eles precisam se dedicar a uma comunhão assídua com Ele, estar continuamente na presença dele e ser urna humilde imitação dele. Devem segui-lo corno seu líder. Observe:

(1) Aqueles a quem Cristo emprega em qualquer serviço para si, primeiramente devem ser adequados e estar qualificados para isto.

(2) Aqueles que pregam a Cristo, primeiramente devem conhecer a Cristo, e aprender com Ele. Como podemos esperar levar o conhecimento de Cristo aos outros, se nós mesmos não o conhecermos bem?

(3) Aqueles que conhecem a Cristo devem ser diligentes e constantes na sua comunhão com Ele, precisam estar constantemente na presença dele. Os apóstolos estavam preparados para o seu trabalho, por acompanharem a Cristo “todo o tempo em que o Senhor Jesus entrou e saiu dentre eles” (Atos 1.21). Não existe um aprendizado comparável àquele que se consegue seguindo a Cristo. Ao servir a Moisés, Josué se tornou o homem adequado para ser o seu sucessor.

(4) Aqueles que querem ser pescadores de homens devem, neste sentido, seguir a Cristo, e fazer o que Ele fazia com diligência, fé e carinho. Cristo é o grande padrão dos pregadores; assim, estes devem procurar ser trabalhadores semelhantes a Ele, e que trabalhem junto com Ele.

V – Qual foi o resultado deste chamado. Pedro e André deixaram imediatamente suas redes (v. 20); e Tiago e João imediatamente deixaram o barco e o seu pai (v. 22); e todos eles o seguiram. Aqueles que desejam seguir a Cristo imediatamente, devem deixar tudo para segui-lo. Cada cristão deve abandonar todas as coisas a que é apegado, amando a Cristo mais do que ao pai ou à mãe (Lucas 14.26, versão NTLHJ, estar preparado para se separar dos seus interesses por amor a Ele, e não do seu interesse por Jesus Cristo; mas aqueles que se dedicam à obra do ministério devem estar, de uma maneira especial, preocupados com a sua separação dos assuntos desta vida para que passam se dedicar integralmente àquela obra, que exige o homem por completo. Agora:

1.Este exemplo do poder do Senhor Jesus nos dá um bom incentivo para confiarmos na suficiência da sua graça. Corno é forte e eficaz a sua palavra! Ele fala, e tudo acontece conforme a sua vontade. O mesmo poder acompanha estas palavras de Cristo: “Vinde após mim”, e acompanha as palavras: “Lázaro, vem para fora”; um poder que desperta a vontade (Salmos 110.3).

2.Este exemplo de docilidade dos discípulos nos dá um bom exemplo de obediência ao comando de Cristo. Note que é uma boa qualidade de todos os servos fiéis de Cristo vir quando são chamados e seguir o seu Messias para onde Ele os levar. Eles não levantaram objeções sobre os seus empregos atuais, suas responsabilidades com suas famílias, as dificuldades do trabalho para o qual eram chamados nem a sua própria inadequação para ele; mas, ao serem chamados, obedeceram, e, como Abraão, saíram sem saber para onde iam, mas sabendo muito bem a quem estavam seguindo. Tiago e João deixaram seu pai: não é dito o que aconteceu com ele; a sua mãe, Salomé, era uma seguidora assídua de Cristo; sem dúvida, o seu pai, Zebedeu, era um crente, mas o chamado para seguir a Cristo foi direcionado aos jovens. A juventude é a idade do aprendizado e do trabalho. Os sacerdotes ministram no auge da sua vida.

PSICOLOGIA ANALÍTICA

Corpo, psique e experiencia humana

CORPO, PSIQUE E EXPERIÊNCIA HUMANA

Saúde, sintoma e doença são manifestações de um jogo complexo de forças quase sempre desconhecidas do indivíduo.

 Mais que uma questão de semântica, antes mesmo de discussões filosóficas ou embates ideológicos, as relações entre corpo e psique são uma realidade que sistematicamente se manifesta por meio da experiência de cada um. Das mais simples vivências cotidianas, como a aceleração do ritmo cardíaco diante da lembrança de um encontro amoroso, até as complexas descobertas experimentais da psiconeuroimunologia que comprovam a redução do número de glóbulos brancos e das defesas imunológicas em pessoas que vivem momentos depressivos, a gama de manifestações que revelam as interações permanentes e indissociais entre funções orgânicas e psíquicas é infinita.

Apesar de seu caráter quase intuitivo e das fortes evidências encontradas pela pesquisa experimental em muitas situações clínicas essas relações são negligenciadas, produzindo situações paradoxais. Na medicina, apesar dos enormes avanços diagnósticos terapêuticos avançado em todas as especialidades, não são raros os casos em que os médicos deparam com pacientes cujas queixas e sintomatologia permanecem refratários a todos esses progressos.

As dificuldades encontradas nessas situações originaram diferentes termos que tentam descrever os quadros apresentados por esses pacientes: doenças “funcionais”, “psicossomáticas”, “idiopáticas”, sintomas de “somatizaçâo”. Essas denominações em geral se apresentam como diagnósticos de exclusão, resultantes da impossibilidade de identificação das dinâmicas etiológicas das queixas e da sintomatologia ou do caráter surpreendente de suas evoluções. Os tratamentos prescritos, normalmente sintomáticos, trazem alívio, porém não resolvem o problema do paciente, que volta a apresentar os mesmos ou outros quadros sintomáticos e muitas vezes é submetido a uma sucessão de encaminhamentos a diversos especialistas, com quem as mesmas dificuldades se repetem.

A necessidade não apenas de reconhecer, mas, sobretudo, compreender e tratar em sua plenitude os fenômenos relacionados às interações entre corpo e psique deu origem a diversas hipóteses. Numa perspectiva fenomenológica, Karl Jaspers sugeriu o termo somatopsicologia para descrever o fato de que toda reação expressiva, manifestam-se pôr meio de funções corporais e se prestam como sede da alma, que, por sua vez, determina as qualidades e experiências dessas funções. Utilizada em 1818por J. Heinroth, a palavra psicossomática é atualmente mais conhecida, apesar de questionada. Por meio dela, muitos modelos teóricos buscam descrever e explicar as relações causais existentes entre as dimensões corporais e psíquicas da experiência humana.

Desde seus primeiros modelos, a psicanálise trouxe importante contribuição a essa investigação. Diante da perplexidade e incompreensão provocadas nos médicos pelas manifestações corporais histéricas (paralisias, anestesias, cegueiras, convulsões, entre outros) e pelos sintomas que pareciam não respeitar organizações anatômicas, fisiológicas e neurológicas, Freud revelou a existência de relações particulares entre formas de expressão corporal e dinâmicas psíquicas. Referidos a uma anatomia imaginária, carregados de significados, marcados pela história e por episódios específicos da vida da pessoa, os sintomas histéricos evidenciam a capacidade de expressão, através do corpo, de um conflito psíquico inconsciente. Reconhecendo e considerando a importância dos processos somáticos presentes na sintomatologia, a grande contribuição da psicanálise foi ter desenvolvido instrumentos específicos para a observação e escuta de dimensões da experiência do corpo que transcendem o abstrato orgânico dessa experiência prestando-se à manifestação, ao compartilhamento como outro e à transformação por meio da linguagem e do universo simbólico.

Desde o início do século XX, o modelo da histeria inspirou a investigação das relações etiológicas entre conflitos psíquicos e diversas doenças orgânicas como asma, eczema, psoríase, retocolite, úlcera e muitas outras. Até hoje essa visão conversiva do adoecer impregna certa compreensão popular do adoecimento, quando se afirma que uma pessoa somatiza por problemas emocionais”

Efeitos da fragilidade

Porém, ao propor o conceito de neuroses atuais, o próprio Freud apontou para os limites do modelo da conversão histérica (uma psiconeurose) para a compreensão de algumas expressões e doenças orgânicas. Diferentemente das organizações histéricas, nas quais é possível encontrar sentidos simbólicos para os sintomas, ele observou que nas neuroses atuais (neurose de angústia, neurastenia e hipocondria) parecia haver uma descarga direta da excitação pulsional pelas vias somáticas com pouca ou nenhuma elaboração mental da excitação, nem derivação ou correspondência com dinâmicas psíquicas

Por causa dessas características Freud desaconselhava o tratamento psicanalítico para pacientes com neuroses atuais e doenças orgânicas. Sandor Ferenczi reconheceu as dificuldades apontadas por Freud para o tratamento dessas manifestações, porém insistiu na importância do referencial teórico que a psicanálise vinha desenvolvendo para a apreensão da experiência subjetiva e para o acompanhamento clínico dos pacientes com doenças orgânicas, tanto no âmbito da própria psicanálise como no meio, médico. Ferenczi sugeriu a necessidade de outra postura do terapeuta e de modificações no dispositivo clínico para lidar com esses pacientes, ao mesmo tempo que propunha a sensibilização dos médicos para as vivências psíquicas de seus pacientes, um caminho pelo qual enveredam todos os pioneiros da psicossomática como Georg Groddeck, Felix Deutsch, Franz Alexander, Ballint e muitos outros.

Na esteira desses pioneiros (e de Melanie Klein, René Spitz, Donald Winnicott, Pierre Marty, Pierre Fédida, e vários outros) desenvolveu-se toda uma vertente teórico-clínica que, ampliando a compreensão da metapsicologia psicanalítica, atualmente oferece possibilidades de tratamento não apenas para pacientes que apresentam sintomatologia orgânica, mas também psicóticos, borderlines, adictos e com transtornos de caráter, ou seja, pessoas que vivem os  efeitos das fragilidades decorrentes da precariedade de suas vivências infantis, de seu desenvolvimento, do  esgarçamento de seu tecido psíquico, de suas fragilidades narcísicas, da pobreza de seu mundo objetal e de representações.

Com efeito, apesar das diferenças entre essas formas de manifestação, a clínica revela a existência de uma perfeita continuidade funcional e de modo de organização entre esses quadros, tanto do ponto de vista do desenvolvimento humano, como da manifestação patológica.

A partir dessas constatações, a psicossomática psicanalítica apresenta uma perspectiva teórica e clínica que permite compreender que as manifestações ou as queixas centradas no corpo são apenas uma das modalidades possíveis de expressão do sofrimento humano. Por sua vez, apesar da predominância da expressão psíquica os sintomas psicopatológicos constituem outra vertente para a manifestação desse sofrimento. Mesmo considerando os mecanismos fisiológicos e psiconeuroimunológicos implicados nesses processos, é fundamental compreender a perspectiva intersubjetiva e histórica segundo a qual se desenvolvem e se organizam esses mecanismos em suas relações com as funções psíquicas e com a regulação do funcionamento vital. A preponderância de uma ou outra dessas formas de expressão é fruto da história de cada um, no contexto de uma interação permanente entre fatores constitucionais, condições do ambiente e suas experiências de vida, modeladas pelo tecido relacional estabelecido, desde o nascimento, com as demais pessoas de seu convívio.

Ao longo da vida somos permanentemente confrontados com exigência, incitações e apelos que partem do interior de nosso organismo (instintos, processos biológicos, pulsões), da realidade em que vivemos (ambiente, condições e recursos sociais), e das pessoas que nos cercam (família, amigos, colegas de trabalho, comunidade). Os complexos mecanismos metabólicos do corpo, por exemplo, exigem o aporte de carboidratos, proteínas e sais minerais, entre outros, que por meio da sensação de fome, mobilizam-nos a buscar alimentos capazes de acalmá-la e de satisfazer necessidades físicas

História de vida

Diante das ameaças da natureza ou da civilização, desde sempre buscamos abrigo. A necessidade de sobrevivência e de proteção incita formas de organização coletiva.  Ao mesmo tempo que tentam criar maneiras mais eficientes de produzir recursos, regras de convivência e leis regulam, mas muitas vezes cerceiam comportamentos e iniciativas individuais.

Para lidar com exigências e necessidades como essas, e com muitas outras, o ser humano busca em princípio alcançar os melhores recursos possíveis. Seu grau de desenvolvimento, eficiência e qualidade dependem de sua história de vida: seu patrimônio genético, suas experiências infantis, suas condições materiais de vida, suas experiências afetivas, relacionais, socioculturais, etc. Nesse contexto, modulado pelas relações com seus semelhantes, gradualmente se desenvolvem recursos orgânicos, comportamentais e psíquicos.

A filogênese revela que, ao longo da evolução, os seres vivos mais complexos e mais tardios apresentam características moldadas a partir daqueles presentes em seres mais simples e primitivos. Na ontogênese o desenvolvimento de cada ser humano se inicia através de seu elemento mais essencial, a reprodução celular, formando estruturas e funções de complexidade crescente. Durante a gestação, a partir de uma única célula indiferenciada, formam-se gradativamente os tecidos, os órgãos, os sistemas vitais, o feto como um todo. Após o nascimento, o bebê integra de maneira cada vez mais específica e diferenciada movimentos e funções antes desorganizadas: a convergência ocular, a coordenação motora, a discriminação auditiva, o reconhecimento e a distinção entre seres familiares e estranhos, a memória, a imaginação, o pensamento, a linguagem, entre outros.

Apesar de “completo” do ponto de vista biológico, ao nascer o bebê é um ser imaturo e desamparado, por si só inviável para a sobrevivência. Sua vida e seu crescimento dependem da presença de outro ser humano, geralmente os pais, que além de satisfazer suas necessidades vitais (alimentação, proteção, cuidado), assumem inicialmente funções que o bebê ainda não é capaz de assumir (reconhecer, discriminar, agir, pensar), protegendo-o o de estímulos que ele é incapaz de assimilar, de ameaças que não pode reconhecer nem evitar.

Hierarquias e dinâmicas

Podermos pensar na função maternal como uma “película protetora”, pela qual o adulto de certa forma “empresta” ao bebê seus próprios recursos enquanto os da criança ainda não puderem se desenvolver. Essa dinâmica continua se manifestando sob a mais diversas formas por meio de inúmeras pessoas ao longo de toda a vida e constitui importante paradigma para a função terapêutica, é essencial para o amadurecimento e o equilíbrio da economia psicossomática do bebê, para a integração das funções orgânicas, motoras e psíquicas. As condições promovidas pela função materna propiciam à criança a descoberta e o acompanhamento de seus próprios ritmos, a percepção, a interpretação e a resposta aos contatos corporais, as vocalizações e os gestos do bebê, e a organização de seus comportamentos e funções.

Uma vez presentes as mínimas condições necessárias, no contexto das relações vividas pelo sujeito, as interações entre funções corporais e psíquica constituem organizações, estruturas, hierarquias e dinâmica cada vez mais complexas. O objetivo da complexificação do desenvolvimento humano é responder aos estímulos e solicitações internos e externos e assegurar o equilíbrio de vida do sujeito pelas organizações e modos de funcionamento mais evoluídos. Porém, perturbações do desenvolvimento ou situações desorganizadoras do equilíbrio vital podem impedir a formação ou a utilização de recursos, que se revelam insuficientes para lidar com a intensidade das solicitações e com as condições que se encontra submetido. Para alcançar ou recuperar seu equilíbrio, as interações entre corpo e psique podem responder a essas solicitações por meio de reações anacrônicas, primitivas, menos elaboradas do que é ou já foi capaz

Apesar de potencialmente orientar-se para a formação de funções cada vez mais complexas, organizada e hierarquizada, o equilíbrio da economia psicossomática é algumas vezes alcançado pelo desencadeamento de movimentos regressivos e de desorganização, mobilizando modos de funcionamento mais primitivos. Segundo o psicanalista francês Pierre Marty (1918-1993) o adoecimento, orgânico ou psíquico, pode ser um dos recursos para a regulação da homeostase do indivíduo, de suas relações com o meio e com os outros humanos.

As vias orgânica, motora e de pensamento representam nessa ordem uma hierarquia progressiva de recursos a serem utilizados com tal finalidade. Os recursos psíquicos são o grau economicamente mais elaborado de organização e funcionamento, por permitirem que sejam poupados recursos da motricidade e da desorganização somática, mais primitivos, menos “eficientes” para lidar com estímulos e conflitos.

Consideremos, por exemplo, diferentes reações diante de uma demissão injusta. Um trabalhador reage escrevendo uma carta de protesto à direção da empresa, buscando negociar com os responsáveis por sua demissão. Outro, incapaz dessas atitudes, exprime sua revolta chutando o carro do responsável por recursos humanos. Um terceiro, sem conseguir realizar as ações precedentes, pode acatar a decisão em silêncio, aparentemente sem nenhuma contrariedade e, mais tarde, apresentar algum tipo de disfunção somática

Na vida, muitas situações costumam provocar esses três tipos de reação, com diferentes consequências em benefício ou prejuízo do sujeito. De forma esquemática, elas evidenciam três modalidades hierarquicamente diferente de organização dos recursos psicossomáticos para lidar com as exigências vitais, com os outros e com a realidade e conflitos que deles decorrem. Naturalmente, além da demissão, comum aos três, o segundo trabalhador corre o risco de pagar os danos que provocou ao carro do diretor, e o terceiro pode ter um comprometimento de gravidade variável de sua saúde.

Recursos psíquicos

Marty destaca a importância dos recursos psíquicos por ele denominados mentalização como reguladores da economia psicossomática. A mentalização consiste em operações de representação e simbolização através das quais o aparelho psíquico busca regular as energias instintivas e pulsionais, libidinais e agressivas. A fantasia, o devaneio, o sonho, a criatividade, os recursos metafóricos da linguagem são, portanto, funções essenciais de regulação do equilíbrio psicossomático. Falhas durante o desenvolvimento ou experiências de vida desorganizadoras, traumáticas, comprometem a   estrutura, o funcionamento e a disponibilidade dos recursos psíquicos, de forma duradoura ou temporária. Diante dessas deficiências e da indisponibilidade dos recursos mais evoluídos são mobilizados recursos mais primitivos, da ordem da motricidade ou mesmo da exacerbação de reações orgânicas como tentativas para reequilibrar a economia psicossomática

Observando pessoas que tendem a reagir aos conflitos internos e externos através de manifestações somáticas, Joyce McDougall relata que muitas delas se revelam super-adaptadas à realidade e mesmo às dificuldades de sua existência. Em seu comportamento, as pessoas são frequentemente impelidas à ação em vez de lidar com os conflitos pela elaboração psíquica, solicitando permanentemente dos objetos do mundo exterior a realização de funções que deveriam ser asseguradas por objetos internos simbólicos ausentes ou comprometidos. Muitos dos pacientes que apresentam esse tipo de comportamento procuram seus médicos completamente alienados de outros sofrimentos que não corporais. Por seu caráter concreto, real e urgente, os sintomas orgânicos capturam o médico e o paciente numa visão limitada da vida e da doença deste.

A impossibilidade do desenvolvimento dos recursos mais evoluídos da economia psicossomática ou a desorganização desses recursos em situações críticas de vida podem tornar uma pessoa vulnerável às afecções somáticas, a comportamentos de risco como adições, atos impulsivos e acidentes. As três vias possíveis para lidar com as solicitações vitais e do ambiente – orgânica, motora e de pensamento – são também os caminhos potenciais da doença.

O indivíduo bem organizado no plano psíquico poderá apresentar, em decorrência de uma situação conflitual, manifestação psicopatológicas, da ordem das neuroses ou das psicoses, de intensidade e duração variáveis, geralmente sem maiores riscos de desorganizações comportamentais ou somáticas. A pessoa com falhas estruturais ou agudas das funções psíquicas pode tentar encontrar, através da motricidade ou das vias orgânicas, as vias de descarga e de organização da excitação e dos conflitos vividos por não dispor de recursos mentais (sonhos, fantasias, mecanismos de defesa psíquicos) para lidar com essas experiências. Observa-se então a manifestação de descargas pelo comportamento (impulsividade, toxicomanias, transtornos de caráter), ou ainda, como último recurso, o aparecimento de perturbações, sintomatologias e doenças somáticas.

É importante considerar que, apesar de seu caráter mais primitivo e desviante, toda doença –  mental, comportamental ou somática –  é ainda uma tentativa do humano de alcançar um equilíbrio. A gravidade dessa doença depende da qualidade dos recursos do sujeito para enfrentar tensões e conflitos, mas também da intensidade e da duração destas. A manutenção do equilíbrio psicossomático em patamares mais primitivos dependerá da duração da tensão e da capacidade do organismo de reorganizar-se para responder de maneira mais elaborada a tais situações

Assim, evidencia-se que o caráter traumático de uma experiência não é inerente à natureza de um acontecimento (a perda de um ente querido ou uma frustração, por exemplo), mas depende da conjunção das intensidades afetivas mobilizadas por tais acontecimentos com os recursos dos quais dispõe o indivíduo para lidar com eles. Ou seja, algumas pessoas fragilizadas do ponto de vista da economia psicossomática podem ficar bastante perturbadas diante de acontecimentos de intensidade leve ou moderada (frustração por uma derrota esportiva) enquanto outras, mais bem estruturadas, conseguem preservar sua organização e lidar de forma satisfatória com acontecimentos intensos (como a morte de um próximo).

Efeitos negativos

É evidente, portanto, a importância e o interesse para todos os profissionais da saúde, e para o médico em particular, de ampliar seus recursos diagnósticos e terapêuticos de forma a incluir a compreensão da economia psicossomática do paciente. A avaliação dos elementos clínicos, anatomo­fisiopatológicos, bioquímicos e radiológicos geralmente utilizados para o diagnóstico e para acompanhar a evolução do paciente é enriquecida quando se consideram os recursos deste para lidar com suas situações de vida, com os conflitos a ela inerentes e com a própria doença. No plano terapêutico, os tratamentos médicos podem ser potencializados por técnicas que enriquecem e promovem os recursos da economia psicossomática para propiciar ao paciente o funcionamento segundo níveis mais evoluídos.

Vários autores apontam que ainda é grande a dificuldade dos médicos de diagnosticar e tratar a pluralidade e a heterogeneidade de manifestações dos fenômenos de somatização bem corno de reconhecer o sofrimento psíquico (como depressão e ansiedade) subjacente à sintomatologia orgânica. Essas dificuldades são perturbadoras para o paciente, provocando efeitos negativos na relação terapêutica e no tratamento, sendo também responsáveis pelo excesso de procedimentos médicos e pela insatisfação com o médico e com o serviço de saúde.

O enfoque quase exclusivo na queixa somática faz com que as dificuldades diagnósticas ou a impossibilidade de descobrir as causas orgânicas de tais queixas sejam ansiógenas para o paciente, muitas vezes sem que o médico consiga lidar com elas. O conhecimento das dinâmicas subjacentes à economia psicossomática pode ser um meio de superar grande parte dessas dificuldades e suas consequências, diminuindo as consultas e os procedimentos desnecessários com seus eventuais efeitos iatrogênicos.

Também no âmbito psicoterapêutico é fundamental perceber e lidar com os efeitos das desorganizações e das manifestações corporais do sofrimento. Há momentos em que a palavra, a interpretação e a transferência chegam a seus limites, e é através de atuações e expressões corporais que o paciente ainda tenta comunicar-se com o terapeuta. Ele é convocado ao encontro do paciente nos terrenos mais primitivos da existência deste que muitas vezes se coloca em risco através de adições, atuações impulsivas ou mesmo doenças graves

Ao compreender a função dessas manifestações no momento vivido por quem o procura, o psicoterapeuta pode ajudar a promover o paciente seus melhores modos de funcionamento com relação aos recursos que lhe são imediatamente disponíveis O horizonte terapêutico visa propiciar a evolução e o enriquecimento das capacidades e, em especial, dos recursos psíquico e representativos, através de um trabalho de figuração, de criação e instalação do espaço onírico e lúdico. A descrição da instauração do espaço potencial e da constituição dos objetos transicionais, feita por Winncott, é pertinente para a compreensão dos movimentos fundamentais dessa verdadeira clínica das desorganizações

Percebemos, portanto, a importância de considerar, na clínica e no tratamento, a história do desenvolvimento do paciente que evidencia a inter-relação permanente de fatores orgânicos, psíquicos e o meio ambiente, mediado pela qualidade da presença de seus semelhantes. É nesse contexto que se organiza a economia psicossomática que, no processo de vida, pode em alguns momentos encontrar seu equilíbrio tanto em condições saudáveis como em processos patológicos.

A saúde, o sintoma e a doença são manifestações que resultam de um jogo complexo de forças quase sempre desconhecidas do indivíduo. Diante do sofrimento, paciente e terapeuta devem não apenas eliminá-lo, mas compreender a história da qual ele se constituiu. Não se trata apenas de tentar atribuir um sentido a essa história. Trata-se, sobretudo, de propiciar ao paciente um acolhimento e uma escuta que, simultaneamente aos procedimentos necessários ao tratamento e à cura das manifestações somáticas de uma doença, possam também promover o desenvolvimento de recursos que lhe permitam lidar com conflitos e impasses da vida com menos riscos à integridade física e à própria existência. Através dessa função terapêutica esperamos também que essa pessoa que sofre consiga realizar-se através de modos de vida mais satisfatórios.

GESTÃO E CARREIRA

Estratégia de alto rendimento

ESTRATÉGIA DE ALTO RENDIMENTO

Em novo livro, dez dos maiores investidores do Brasil revelam os métodos que adotam para garantir lucros acima da média em suas aplicações.

Qual o segredo dos grandes investidores do Brasil e o que você pode aprender com eles. Esse é ponto de partida do recém lançado Fora da Curva (Ed. Portfolio Penguin), que nasceu do curso Grandes Investidores, na Casa do Saber, escola de formações de curta duração com unidades em São Paulo e no Rio de Janeiro. A obra traz a experiência detalhada, em primeira pessoa, de dez profissionais que se destacam por obter retornos acima da média em suas aplicações. “Escolhemos apenas pessoas com experiência, resultados sólidos ao longo dos anos e bons princípios éticos. Não entraram nessa lista investidores que deram um grande tiro, mas nunca mais conseguiram acertar o alvo”, diz Pierre Moreau, sócio da Casa do Saber e um dos organizadores cio livro. “Buscamos investidores que tivessem características complementares e trabalhassem com classes ele ativos diferentes, corno ações, renda fixa e mercado imobiliário”, afirma. Confira, a seguir, um apanhado de cinco atitudes que esses dez profissionais afirmam ser essenciais na hora ele fazer investimentos. Mudar a forma como você planeja e acompanha suas aplicações pode significar algumas dezenas de milhares de reais a mais ou a menos em sua conta ao longo dos anos.

DESEMPENHO FORA DA CURVA

Compare a rentabilidade obtida por três representantes da elite brasileira de investidores com a média do Ibovespa.

1.Estudar o cenário econômico

Esmiuçar o contexto macroe­conômico e seu impacto sobre os diferentes investimentos, como ações, títulos públicos ou fundos multimercados, é regra básica antes de fazer uma aplicação. Para Florian Bartunek, fundador da Constellation, gestora de fundos de ações com 2 bilhões de reais de patrimônio, e sócio do empresário Jorge Paulo Lemann, as pessoas costumam gastar horas na internet antes de comprar um eletrodoméstico, conferindo comentários e comparando preços, mas não gastam nem dez minutos para pesquisar sobre o mercado de ações. “Elas ligam para o corretor e perguntam: ·o que está bom aí?” Ou perguntam para o amigo”, afirma. “Se você for a um médico e ele disser: ‘Olha, não sou formado em medicina, mas gosto muito de cérebros, li muito sobre cirurgia, então vou abrir sua cabeça”, você sairá correndo, certo? Se o piloto disser que não tirou brevê, você provavelmente não vai voar com ele. Mas muita gente ouve dicas do amigo de um amigo sobre a Bolsa”, diz ele. Florian afirma em seu depoimento que a maioria erra justamente por não fazer o dever de casa. “O mercado acionário dá a falsa sensação de que ganhar dinheiro é fácil. Alguém pode me perguntar qual ação acho que vai valorizar, e eu digo. Aí, no dia seguinte, esse cara compra as ações e ganha 30% em seis meses. Eu ganhei a mesma coisa, mas, para isso, fiz um baita trabalho, uma série de contas, conversei com dezenas de pessoas, estudei o setor.”

2.Ter um plano claro

Qual é o seu objetivo: ter uma boa aposentadoria ou abrir       um negócio no curto prazo? Quanto pode poupar para investir? Que valor está disposto a perder? Cálculos fazem parte do roteiro de dez entre dez investidores que fizeram fortuna. Todos eles fazem contas para desenhar um plano de investimento em vez de pular de aplicação em aplicação em busca de uma grande tacada. Luiz Stuhlberger, gestor do Verde, um dos fundos multimercados mais rentáveis do país, criou um método bastante claro. “Investir um terço em ações e dois terços em renda fixa”, diz ele. A ideia é lucrar com a segurança dos juros altos, sem perder algumas oportunidades em renda variável. A abordagem rendeu 12 041% de crescimento desde que o fundo foi criado, em 1997. Isso significa que quem investiu 10 000 reais à época tem, hoje, mais de 1,2 milhão de reais. Outro exemplo de como montar uma estratégia de investimentos vem de André Jakurski, ex-sócio do banco Pactual e fundador da gestora de recursos JGP. Sua tática é ter uma carteira de investimentos permanente e outra variável. Na permanente, concentra ativos com bom retorno no médio prazo. Na variável, aproveita as oportunidades geradas pelas mudanças do mercado. “É preciso ficar atento para descobrir quando comprar uma ação barata com potencial de valorização. Nos raros momentos em que isso ocorre, faço investimentos bem grandes”, diz.

3.Ouvir e compartilhar ideias

Tomar decisões solitárias, com base em intuição ou autoconfiança em excesso, está fora de cogitação para os mestres do investimento. Pierre, um dos organizadores do livro, ressalta que um traço comum desse grupo é a atenção às opiniões das pessoas em quem confiam. “Eles se preocupam em se cercar dos melhores”, diz. Com essa atitude, os investidores fora da curva passam um recado aos mais inexperientes. Se não há tempo nem conhecimento para fazer um bom planejamento das aplicações, delegue isso a um especialista. “Para um investidor leigo, o que mais faz diferença é estar bem assessorado”, diz Luiz Fernando Figueiredo, ex-diretor do Banco Central e dono da Mauá Capital, que tem cerca de 2 bilhões de reais sob gestão Ele sugere pesquisar o histórico dos profissionais que cuidarão do seu dinheiro. “Mais do que dar grandes tacadas, eles podem evitar que você cometa grandes erros, que pode comprometer seu patrimônio”, afirma no livro. Para Luís Stuhlberger, do Fundo Verde, o que se deve busca num gestor de investimentos é a capacidade de identificar tendências e mudanças.  “Essa pessoa precisa antecipar o que pode acontecer com os juros, o câmbio e a inflação e entender como isso vai influenciar as em presas e os setores”, afirma.

4.Estar disposto a correr riscos

No prefácio de Fora da Curva, Jorge Paulo Lemann, dono de uma fortuna estimada em cerca de 30 bilhões de dólares e de um império que inclui marcas como Ambev, Heinz e Burger King, opina que o bom investidor é aquele que arrisca na hora certa. “Meu conselho para quem está começando é investir no que conhece melhor e, aos poucos, aumentar a exposição ao risco à medida que vai ganhando experiência”, afirma. Em geral, os investidores entrevistados acreditam que qualquer plano de investimentos deve tentar prever e calcular os riscos. Para Zeca Magalhães, que à frente da gestora Tarpon administra cerca de 10 bilhões de reais, a melhor forma de lidar com a volatilidade da Bolsa é estudar a solidez de uma empresa. Não à toa, ele prefere colocar metade dos recursos em uma só companhia, a BRF, presente em 170 países. “Durmo melhor tendo 55% do patrimônio em ações da BRF”, diz. “A alta e a baixa dos preços fazem parte da dinâmica da Bolsa. Risco é a possibilidade de um negócio se deteriorar e não gerar mais valor para os acionistas.”

5.Aprender com os erros

Na apresentação do livro, Jorge Paulo Lemann ensina que se deve tentar aprender com os erros de investidores mais experientes. “Se não for possível, é importante fazer uma análise para entender o que não funcionou para fazer ajustes e tentar ir melhor da próxima vez”, afirma. Foi o que aprendeu Meyer Joseph Nigri, fundador da Tecnisa, incorporadora com faturamento de 1,2 bilhão de reais no ano passado. Quando abriu o capital da empresa, em 2007, ele tomou decisões motivadas pela pressão dos acionistas. “Os analistas diziam que era preciso construir em cidades com menos concorrência” diz. Hoje, ele julga que foi um erro. “Deveríamos ter feito só o que achávamos viável, não o que o mercado pedia. “Para os novatos no mundo dos investimentos, a lição que se extrai é a importância de evitar o efeito manada. Em vez de tomar decisões que refletem a atitude da maioria, deve-se dedicar tempo a estudar o mercado, as empresas e aplicações. Afinal, o risco de se descolar da média pode ser recompensado com um desempenho fora da curva.

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