PSICOLOGIA ANALÍTICA

Amor e sexo em tempos de internet

AMOR E SEXO EM TEMPOS DE INTERNET

Sites eróticos, páginas que prometem a oportunidade de encontrar o “par perfeito”, fóruns destinados aos mais inusitados fetiches, serviços on-line para pessoas interessadas em relações extraconjugais – o anonimato e a variedade de estímulos proporcionados pela rede permitem experimentar novas formas de se relacionar.

Na década de 70, um grupo de universitários ficou confinado por cerca de uma hora dentro de uma sala completamente escura no Swarthmore College, na Pensilvânia. Eram 50 homens e mulheres com idade entre 18 e 25 anos que não se conheciam. Sabiam apenas que participavam de um estudo de psicologia e que, principalmente, não seriam apresentados uns aos outros. O psicólogo Kenneth Gergen instalou um gravador no local e depois entrevistou cada participante sobre o que ocorreu. Segundo ele, poucos minutos depois do início do experimento, os voluntários começaram a se movimentar pela sala e a conversar em voz baixa com uma ou outra pessoa, abandonando ou prolongando o contato de acordo com seu interesse.

A maioria confessou que sentiu curiosidade, ansiedade e excitação sexual durante aqueles minutos. Metade deles abraçou alguém e uns poucos chegaram a trocar beijos, o que não aconteceu quando o psicólogo repetiu o experimento com outro grupo, mas com as luzes acesas.

“Imagine uma câmara escura muito maior que a de Gergen, capaz de comportar milhões de pessoas que acreditam estar no anonimato. Essa pode ser a internet”, compara o neurocientista Ogi Ogas, doutor do Departamento de Sistemas Cognitivos e Neurais da Universidade de Boston e um dos autores do maior estudo já feito sobre sexualidade. Com o neurocientista Sai Gaddam, Ogas mapeou mais de 400 milhões de consultas feitas em cinco idiomas nos sites de busca Google, Yahoo! e Bing entre julho de 2009 e julho de 2010 – 55 milhões delas relacionadas a sexo, o equivalente a 13% das buscas. Segundo os pesquisadores, isso corresponde a 2 milhões de pessoas. Os resultados, divulgados no livro A billion wicked thoughts (“Um bilhão de pensamentos pervertidos”, sem edição em português, Dutton, 2011), mostram que, apesar da variedade oferecida pela rede, 90% das buscas estão concentradas em apenas cinco tipos de material pornográfico.

Os neurocientistas analisam alguns dos dados da perspectiva da psicologia evolutiva. Por exemplo, a grande procura por vídeos e fotografias de mulheres mais jovens (13,5% das buscas continham palavras referentes à juventude) por usuários do sexo masculino é resquício, segundo eles, da atração ancestral por parceiras capazes de gerar filhos saudáveis. No entanto, o ponto de vista evolucionista não explica alguns conteúdos populares na rede, como os designados pela sigla MILF, que se refere à fantasia de fazer sexo com mulheres da idade da própria mãe, e pelo termo cuckhold – simulação na qual um homem é forçado a assistir à sua mulher fazendo sexo com outros -, o que mostra que o desejo sexual não é regido apenas por fatores biológicos.

INVENTÁRIO DA SEXUALIDADE

Para o psiquiatra Alexandre Saadeh, especialista em sexualidade do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo (1PQ-USP), o anonimato proporcionado pela rede permite dar vazão a algumas fantasias de forma tranquila, isto é, sem expor o desejo à possível rejeição ou ao julgamento do outro. Segundo a psicóloga Rosa Farah, coordenadora do Núcleo de Pesquisas da Psicologia da Informática da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (NPPI/ PUC-SP), o espaço virtual funciona como um laboratório de comportamentos, no qual projetamos aspectos criativos e sombrios de nós mesmos. “Na frente do computador, o internauta está sozinho e, ao mesmo tempo, ‘em relação’. O ‘outro’ está suficientemente distanciado para permitir que seu eu se expresse com maior liberdade e de modo mais protegido”, diz.

Antes do estudo de Ogas e Gaddam, o maior “banco de dados” sobre interesses sexuais foi o formado por informações colhidas pelo zoólogo americano Alfred Kinsey nos anos 40. Ele entrevistou 18 mil americanos e constatou que homossexualidade e masturbação feminina não eram tão raras como se imaginava – segundo o pesquisador, 37% dos homens e 13% das mulheres haviam tido relações homossexuais que resultaram em orgasmo. Suas conclusões se tornaram popularmente conhecidas como “relatório Kinsey” e ainda são citadas como uma espécie de inventário da sexualidade, apesar de o zoólogo haver reunido dados de uma população muito específica – todos os entrevistados eram brancos, de classe média e tinham menos de 35 anos.

Mais de meio século depois é difícil estimar a proporção de usuários da rede que procura conteúdo erótico. Mas a amostra de Ogas e Gaddam pode ser significativa, considerando que, no período da pesquisa, 13% das buscas totais na web eram associadas ao tema, e o filtro virtual CYBERsitter bloqueava 2,5 milhões de páginas com material pornográfico. Segundo os dois pesquisadores, o site adulto Livejasmin.com, no qual usuários interagem ao vivo por meio de webcam, recebe sozinho cerca de 32 milhões de visitantes por mês, o que equivale a 2,5% do total de usuários da rede.

Segundo Rosa, ainda estamos aprendendo a lidar com as oportunidades que a rede nos oferece. Ela pode funcionar como via de autoconhecimento, na qual facetas da sexualidade se tornam mais visíveis e perceptíveis. Alguns aspectos da pesquisa de Ogas e Gaddam chamam a atenção, como a diferença entre o tipo de conteúdo procurado por homens e mulheres e a relação de ambos com o sexo virtual.

Ao cruzarem a busca por conteúdo relacionado a sexo com o histórico virtual dos usuários e cadastros de visitas a sites adultos, os dois pesquisadores puderam criar hipóteses sobre o sexo e a orientação dos autores das consultas. Eles constataram que a pornografia visual é de interesse principalmente masculino. No entanto, cada vez mais mulheres usam a rede para satisfazer sua curiosidade e alimentar algumas fantasias. Elas são as principais visitantes de sites de contos e romances eróticos.

“Há alguns anos o simples pensamento de ser surpreendida alugando um filme erótico impedia uma mulher de buscar esse tipo de conteúdo. Hoje ela pode satisfazer sua curiosidade teclando e clicando, segura com a ideia do anonimato”, escreve Ogas. Um estudo do Departamento de Psicologia da Universidade de New Brunswick, no Canadá, mostra que, se por um lado homens consomem mais pornografia, as mulheres fazem sexo virtual – isto é, interagem eroticamente com uma ou mais pessoas por meio da rede – tanto quanto eles. A pesquisadora Krystelle Shaughnessy entrevistou 217 adultos jovens. Os resultados apontam que 83% dos homens já assistiram a vídeos ou viram fotos de sexo explícito on-line, contra 31% das mulheres. No entanto, em média, voluntários de ambos os sexos fazem sexo virtual de duas a três vezes por mês. Há outro estudo em andamento na instituição, sobre o tipo de parceiro que as pessoas procuram para o sexo on-line. Os resultados não foram divulgados, mas os autores constataram que, ao contrário da ideia que se tem de sexo virtual (a de dois estranhos que provavelmente nunca se encontrarão ao vivo), a interação intencional entre usuários do mesmo círculo social é algo muito comum.

SOLIDÃO E LAÇOS FRÁGEIS

Acessar a internet com propósito sexual parece ter virado rotina em países do Ocidente e do Oriente, entre ambos os sexos. “É difícil imaginar outra mudança tão impactante no campo da sexualidade. Ao visitar um site adulto é possível ver em 30 segundos uma infinidade de corpos nus e obter todo tipo de estímulo sem ter de interagir com ninguém”, analisa Ogas.

Segundo Saadeh, o uso frequente de material pornográfico envolve um ciclo de busca constante por estímulos. “Há casos em que a pessoa deixa de sentir prazer e satisfação com o sexo ‘natural’, e o hábito começa a prejudicar o sono e o desempenho no trabalho por causa das horas investidas em procurar sexo na rede”, explica o psiquiatra, descrevendo sintomas da compulsão por consumir pornografia na internet.

O uso excessivo da rede, não apenas com fins sexuais, parece afetar as relações sociais e afetivas. Um levantamento feito pelo si te de relacionamentos americano OK Cupid mostra que usuários com conta ativa na rede Twitter têm namoros e casamentos em média dois meses mais curtos. Os resultados foram baseados no histórico amoroso e na média de tempo passado na rede social por 800 mil usuários. A hipótese é que a vida social na web demanda tempo e atenção, o que interfere nos relacionamentos “reais”. Talvez o sexo virtual seja atraente porque pode proporcionar prazer imediato, sem o risco da frustração. “A satisfação afetiva e sexual é uma ‘batalha’ diária, que depende do desejo e da disponibilidade do outro. Ela leva tempo e exige intimidade para ser conquistada”, diz Saadeh.

REGRA 34: FANTASIAS ON-LINE

“Se uma coisa existe, há pornografia sobre ela. Sem exceções.” Referida como “regra 34 da internet”, a frase faz parte de uma espécie de lista de conduta para usuários da plataforma de imagens 4chan, a maior comunidade anônima da web, com cerca de 12 milhões de membros. Um território “livre”, no qual pode ser postado todo tipo de conteúdo. Os neuro­cientistas Ogi Ogas e Sai Gaddam decidiram verificar o alcance da regra e analisaram a busca de palavras relacionadas a sexo em inglês, português, italiano, hindi, japonês e russo. Algumas das preferências que identificaram:

Ser traído é uma das fantasias sexuais mais populares: conteúdos de cuckhold porn (simulações em que homens são forçados a assistir à sua mulher fazendo sexo com outro) compreendem 3,4% das buscas.

Homens preferem o corpo das jovens (13,5% das pesquisas fazem menção à juventude), mas há uma grande procura por vídeos de sexo com mulheres idosas – 4,3% das consultas continham a sigla MILF, que se refere ao fetiche de fazer sexo com mulheres que parecem ter a idade da própria mãe.

Usuários do sexo masculino buscam por vídeos e fotografias que evidenciem pênis de tamanho acima da média. As cenas de sexo grupal são muito clicadas, principalmente aquelas em que há mais homens que mulheres.

A palavra “gay” está entre as dez mais pesquisadas.

Animações japonesas de sexo explícito, conhecidas como hentai, estão entre os vídeos mais acessados.

Homens heterossexuais buscam mais por filmes pornográficos amadores, segundo os autores por preferirem cenas de orgasmos verdadeiros. Uma pesquisa anterior, do Center for Behavioral Neuroscience, já havia comprovado que, ao assistirem a filmes pornôs, homens focam mais o olhar na face da atriz na tentativa de verificar o que lhe causa mais prazer.

Um terço dos usuários cadastrados para receber o boletim informativo da revista Today’s Christian Woman (“Mulheres cristãs de hoje”) também procura por conteúdo erótico.

A procura por partes específicas do corpo varia entre as culturas. Há preferência geral por seios, pés e pênis “grandes”. Na Índia, por exemplo, há maior curiosidade por barrigas. Na maioria dos países latinos, principalmente no Brasil, por nádegas. No Japão, pela região chamada zettai ryouiki, a parte da coxa que fica exposta quando a mulher usa saia curta e meias três-quartos – um sem-número de produções hentai retrata esse fetiche.

COMPROMISSO E TRAIÇÃO: CONCEITOS LÍQUIDOS

Mais de 400 mil brasileiros estão cadastrados no site Ohhtel, uma rede social que reúne interessados em manter relacionamentos extraconjugais. Homens pagam R$ 60 para enviar e-mails para as mulheres, que usam a página gratuitamente. Segundo uma das administradoras do site, Laís Ranna, 66% dos usuários são do sexo masculino, com idade média de 40 anos. A das usuárias é de 33 anos. Os pretendentes podem trocar mensagens com a intenção de avaliar se um encontro real vale a pena.

Páginas desse tipo mostram que a rede oferece múltiplas concepções de traição e comprometimento. A rede social Facebook, por exemplo, é considerada uma das principais causas de divórcio entre os americanos atualmente, segundo pesquisa da empresa de antivírus Norton. Na mesma medida, sites destinados a pessoas interessadas em um relacionamento amoroso ganham cada vez mais adeptos: cerca de 5% dos recém-casados americanos se conheceram pelo site de relacionamentos eHarmony, que tem mais de 33 milhões de inscritos espalhados por 191 países. Pagando entre R$ 25 e R$ 60 mensais, o usuário tem acesso a um “sistema de compatibilidade” que sugere pretendentes com gostos, valores e crenças similares aos seus. Em um clique, é possível ver fotografias de uma pessoa, saber algumas de suas preferências e convidá-la para uma conversa – uma forma de conhecer e “flertar” que tem se tornado cada vez mais comum. Segundo pesquisa do Oxford Internet lnstitute divulgada em 2011, o número de usuários desse tipo de serviço aumentou 500% em todo o mundo nos últimos dez anos. Entre os brasileiros solteiros que têm acesso à rede, 65% já visitaram essas páginas.

Dúvidas sobre relacionamentos iniciados e desfeitos na rede e compulsão por pornografia virtual chegam com frequência à caixa de e-mails do Núcleo de Pesquisas da Psicologia da Informática (NPPI) da PUC-SP.

O laboratório desenvolve estudos sobre o impacto da tecnologia nas relações humanas e oferece serviço de orientação on-line – são recebidos em média dez e-mails de usuários por semana, segundo a coordenadora do núcleo, Rosa Farah. “Trocamos e-mails breves, focados no problema. Em alguns casos encaminhamos para a ajuda presencial, mas nem todas as pessoas que nos procuram moram em cidades onde é fácil encontrai atendimento”, diz. Interessados podem contatar os psicólogos do NPPI pelo site www.pucsp.br/nppi.

FERNANDA TEIXEIRA RIBEIRO – é jornalista e subeditora da Revista Mente e Cérebro.

GESTÃO E CARREIRA

Aprenda com a crise

APRENDA COM A CRISE

A obrigação de ter que fazer mais com menos nos incentiva a desenvolver a resiliência e a inteligência emocional.

Com o cenário de desaceleração econômica, as empresas tiveram que readequar a gestão para torná-la mais eficiente. Tanto que as palavras de ordem são fazer mais com menos – inclusive com menos recursos humanos. Com isso, quem está empregado precisa lidar com mais tarefas e com mais pressão por resultados. Ou seja, tem que assobiar, chupar cana e dançar conforme a música. Imagino que você deva estar se identificando com essa realidade e louco para que eu diga como pode sair bem dela. Então vamos lá. O necessário é organização e inteligência emocional. Se você ainda não gerencia bem as tarefas, não controla o uso do seu tempo e vive abalado emocionalmente por se sentir sempre um passo atrás do que precisaria estar, é hora de virar esse jogo. E, nesse ponto, a crise é uma grande oportunidade para se desenvolver e ir além do que se espera de você. Quem já está lidando bem com esses fatores, deve continuar se aperfeiçoando e tornando ­se muito produtivo e resiliente. O segredo para desenvolver a resiliência é o autoconhecimento. É fundamental que você identifique o que te mobiliza. Se tiver clareza sobre seu propósito de vida e de carreira, ficará mais fácil lidar com as dificuldades. Avalie também o que gera ansiedade, assim pode tentar evitar ou aprender a controlar determinadas situações e emoções. Mas, como é impossível eliminar 100% o estresse, é fundamental encontrar válvulas de escape. Aí vale qualquer coisa que goste de fazer: atividades físicas, hobbies ou sair com os amigos. Tudo isso para fazer mais do que a empresa espera de você, para que a companhia entenda que você faz diferença na batalha diária de entregar mais com menos. E, se a liderança perceber que você se saiu bem agora, no meio do turbilhão, certamente vai recompensá-lo no futuro. Para isso, se envolva nos projetos de melhoria e busque inovações – sem deixar, é claro, de desempenhar suas funções do dia a dia. Mostre atitude de dono, assumindo o desafio ele fazer o negócio superar a crise e crescer, com a mesma garra e determinação que o faria o seu fundador.

SOFIA ESTEVES – é fundadora e presidente do Conselho de Administração do Grupo OMRH, professora e pesquisadora de gestão de pessoas

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