ALIMENTO DIÁRIO

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O Nascimento de Cristo

Mateus 1:18-25

O mistério da encarnação de Cristo deve ser venerado, e não visto com curiosidade. Se não conhecemos o caminho do Espírito na formação das pessoas comuns, nem como os ossos são formados no útero daquela que está grávida (Eclesiastes 11. 5), muito menos sabemos como o bendito Jesus foi formado no ventre da virgem bendita. Quando Davi se admira de como ele próprio foi feito em segredo e curiosamente formado (SaImos 139.13-16), parece que ele está falando no espírito da encarnação de Cristo. Algumas circunstâncias presentes no nascimento de Cristo, que encontramos aqui, não constam na versão de Lucas, embora o evento seja mais amplamente descrito por este evangelista. Aqui temos:

I – O casamento de Maria com José. Maria, a mãe de nosso Senhor, desposou José. Ela não estava completamente casada, mas já havia celebrado um contrato de casamento. Este contrato era uma proposta de casamento solenemente manifestada com as palavras no futuro, e a promessa de realizá-lo se Deus o permitisse. Lemos sobre um homem que desposou uma mulher e não a recebeu (Deuteronômio 20.7). Cristo nasceu de uma virgem, mas uma virgem compromissada:

  1. Para dar respeito ao casamento e para defendê-lo como algo honrado para todos, contra aquela doutrina do diabo que proíbe o casamento e identifica a perfeição na condição de solteiro. Quem foi mais favorecido do que Maria o foi em seu matrimônio?
  2. Para salvar a reputação da bendita virgem, que de outra forma teria sido exposta. Era adequado que a sua concepção fosse protegida por um casamento, e assim justificada aos olhos do mundo. Um dos antigos diz: Seria melhor que perguntassem se este não era “o filho do carpinteiro”, do que: Não é este o filho da meretriz?
  3. Para que a bendita virgem pudesse ter alguém para ser o guia da sua juventude, o companheiro em sua solidão e viagens, um parceiro em suas preocupações e uma ajuda adequada em todos os momentos. Alguns pensam que José era então viúvo, e aqueles que são chamados de irmãos de Cristo (cap. 13.55), eram filhos de José com uma esposa anterior. Esta é uma conjectura de muitos dos antigos. José era um homem justo, ela, uma mulher virtuosa. Aqueles que são crentes não devem se juntar de forma desigual com os não-crentes. Mas que se permita aos que são religiosos escolherem se casar com aqueles que também o são, já que eles esperam o conforto de tal relacionamento e, neste, a bênção de Deus sobre eles. Nós também podemos aprender, com este exemplo, que é bom passar à condição de casado com ponderação, e não antecipar as núpcias com precipitação, através de um contrato. Ê melhor dedicar tempo para pensar antes, do que se arrepender depois.

II – Sua gestação da semente prometida; antes de se juntarem corno um casal, Maria ficou grávida, e esta gravidez foi gerada pelo Espírito Santo. O casamento foi postergado para tanto tempo depois do contrato, que ela ficou grávida antes de chegar o momento da celebração do casamento, embora o contrato já tivesse sido celebrado antes de ela conceber. Provavelmente, foi depois do retorno de Maria da casa de sua prima Isabel, com quem permaneceu três meses (Lucas 1.56), que José percebeu que ela estava grávida, e ela não negou isso. Observe que as outras pessoas notam aqueles em quem Cristo é formado: a obra de Deus na vida de cada pessoa se torna patente. Assim sendo, nós bem podemos imaginar que perplexidade isto podia legitimamente causar à bendita virgem. Ela mesma conhecia o divino progenitor dessa concepção; mas como ela podia provar isso? Ela seria tratada como uma prostituta. No te que depois de grandes avanços, a fim de não ficarmos orgulhosos, podemos esperar que alguma situação ou pessoa nos humilhe, ou que soframos alguma repreensão, como um espinho na carne. E não apenas isto, mas às vezes essas situações são como uma espada nos ossos. Jamais alguma filha de Eva foi tão dignificada quanto a virgem Maria, e mesmo assim ainda correu o risco de cair sob a imputação de um dos piores crimes. Porém, observe que nós não a vemos se atormentando por causa disso; mas, consciente de sua própria inocência, ela se manteve calma e tranquila, e comprometida com a causa daquele que julga com justiça. Note que aqueles que se preocupam em manter a consciência limpa podem alegremente confiar que Deus manterá os seus bons nomes, e têm motivos para esperar que Ele limpe não apenas a sua integridade, mas também a sua honra, de uma forma tão clara como o sol ao meio-dia.

III – A perplexidade de José, e sua preocupação sobre o que fazer nesse caso. Nós podemos imaginar que grande problema e desapontamento foi para José descobrir que alguém sobre quem ele tinha tal opinião e consideração, ficasse sob a suspeita de um crime tão odioso. Essa é Maria? Ele começou a pensar: “Como podemos ser ludibriados por aqueles sobre quem pensamos o melhor! Como podemos nos desapontar com aqueles de quem mais esperamos!” Ele reluta em acreditar em algo tão ruim, indo de uma mulher que ele acreditava ser tão boa; e o caso em si, sendo ruim demais par a ser perdoado, é também claro demais para ser negado. Que luta provocou este acontecimento em seu peito, entre aquele ciúme que é a ira do homem, cruel como uma sepultura, por um lado, e a afeição que ele senti a por Maria, por outro!

Considere:

  1. “O extremismo que ele pensou evitar”. Ele não estava disposto a torná-la um exemplo público. Ele podia ter feito isso; pois, pela lei, uma virgem comprometida, se procedesse corno prostituta, ser ia apedrejada até a morte (Deuteronômio 22.23,24). Mas ele não desejava usar a lei contra ela; se ela fosse culpada, o que até agora não se sabia, não seria conhecido através dele. Quão diferente era o ânimo mostrado por José em relação ao de Judá, que em um caso semelhante, apressadamente proferiu aquela sentença severa: “Tirai-a fora para que seja queimada!” (Gênesis 38.24). Que bom é pensar sobre as coisas como José fez aqui. Haveria mais ponderação em nossas críticas e julgamentos, haveria mais misericórdia e moderação neles. Castigá-la é aqui o chamado a fazer dela um exemplo; o que mostra que a finalidade a ser alcançada com a punição é passar um aviso para os outros: é através do terror que, em todo lugar, se ouve e se teme. “Fira o escarnecedor”, e os símplices se acautelarão.

Algumas pessoas de temperamento severo culpariam José por sua clemência, mas aqui este fato é mencionado como um elogio; pois ele era um homem justo, portanto não queria expô-la. Ele era um homem religioso e bom; e, portanto, inclinado a ser misericordioso como Deus é, e perdoar como alguém que foi perdoado. No caso da donzela prometida, se ela fosse desonrada no campo, a lei caridosamente suporia que ela havia gritado (Deuteronômio 22.26), e ela não deveria ser punida. Talvez José tenha dado esta ou alguma outra interpretação caridosa a esse assunto; neste contexto, ele é um homem justo, cuidando do nome daquela que nunca antes havia feito qualquer coisa para manchá-lo. Note que cabe a nós, em muitos casos, sermos gentis com aqueles que estão sob suspeita de haver transgredido a lei, esperar o melhor no tocante a eles, e extrair o melhor daquilo que, a princípio, parece ruim, na esperança de que o melhor aconteça. Summ um just, summa injuriae – O rigor da lei é (às vezes) a medida da injustiça. O tribunal da consciência restringe o rigor da lei ao que nós chamamos de um tribunal justo. Aqueles que são considerados delituosos foram talvez surpreendidos no erro, e devem ser reabilitados com o espírito de brandura; e a intimidação, mesmo quando justa, deve ser moderada.

  1. “A oportunidade que ele encontrou para evitar este extremo”. Ele tinha em mente abandoná-la em segredo, ou seja, dar-lhe em mãos uma carta de divórcio diante de duas testemunhas, e assim manter o assunto somente entre eles. Sendo um homem justo, ou seja, um estrito observa dor da lei, ele não daria andamento ao seu casamento com Maria, mas resolveu afastar-se dela; mesmo assim, em um gesto de carinho para com ela, decidiu fazer isso tão secretamente quanto possível. Note que as críticas àqueles que transgrediram a lei devem ser conduzidas sem estardalhaço. As palavras dos sábios são ouvidas com discrição. O próprio Cristo não discutiria nem gritaria. O amor cristão e a prudência cristã encobrirão uma grande quantidade de pecados, alguns deles graves, até o ponto em que isso não signifique solidarizar-se com eles.

IV – A libertação de José dessa perplexidade por um mensageiro enviado do céu (vv. 20,21). Enquanto ele pensava nessas coisas e não sabia o que decidir, Deus graciosamente indicou-lhe o que fazer, facilitando-lhe as coisas. Note que aqueles que costumam receber a orientação de Deus devem pensar a respeito dela e consultar a si mesmos a este respeito. Deus guiará aquele que reflete, e não o irracional. Quando José estava confuso, e havia pensado sobre o assunto tanto quanto conseguia, então Deus se manifestou com uma recomendação. Note que a hora de Deus em que Ele se manifesta com uma orientação para o seu povo, é aquela em que eles estão confusos e indecisos. O conforto de Deus deleita a alma em meio à profusão de seus pensamentos e de sua perplexidade. A mensagem foi enviada a José através de um anjo do Senhor, provavelmente, o mesmo anjo que levou à Maria a notícia da concepção, o anjo Gabriel. Agora a comunicação com o céu, através de anjos, com a qual os patriarcas haviam sido dignificados, mas que há muito tinha sido interrompida, começa a ser reativada; pois, quando o Primogênito fosse trazido a este mundo, os anjos seriam instruídos a acompanhar os seus movimentos. Quanto pode Deus agora, de um modo invisível, fazer uso do auxílio dos anjos para livrar o seu povo das suas dificuldades, não podemos dizer; mas disto nós temos certeza: todos eles são espíritos que atuam para o bem dele. Este anjo apareceu a José em um sonho quando ele estava dormindo, da maneira como Deus algumas vezes falou aos patriarcas. Quando estamos quietos e tranquilos, estamos no melhor estado de espírito para receber as notícias da vontade divina. O Espírito se move em águas calmas. Este sonho, sem dúvida, carregava em si a evidência de que se originava de Deus, e não de uma presunçosa imaginação. Agora:

  1. José é orientado aqui a prosseguir com o seu casamento. O anjo o chama: “José, filho de Davi”; ele o lembra de sua relação com Davi, para que possa estar preparado para receber esta surpreendente capacidade de entendimento de sua relação com o Messias, que, todos sabiam, seria um descendente de Davi. Às vezes, quando grandes honras recaem sobre aqueles que têm poucas posses, eles não se preocupam em aceitá-las, querendo desistir delas; era, portanto, necessário colocar na mente desse pobre carpinteiro o valor desse nascimento: “Valoriza a ti mesmo, José, tu és aquele filho de Davi através de quem a linhagem do Messias está para ser traçada”. Podemos então dizer a cada verdadeiro crente: “Não temas, tu, filho de Abraão, tu, filho de Deus; não esqueças a dignidade do teu nascimento, do teu novo nascimento”. “Não teimas receber a Maria, tua mulher”; assim isso pode ser entendido. José, suspeitando que ela estava grávida devido à prostituição, temia aceitá-la, com receio de que colocasse sobre si mesmo a culpa ou a acusação. Não, diz Deus, não temas; a questão não é essa. Talvez Maria tivesse lhe dito que havia engravidado pelo Espírito Santo, e talvez ele tenha ouvido o que Isabel disse a ela (Lucas 1.43), quando a chamou de a mãe do seu Senhor; e, se este foi o caso, talvez ele temesse ser presunçoso ao se casar com alguém tão superior a ele. Mas, qualquer que fosse a causa do aparecimento de seus medos, estes foram todos silenciados com estas palavras: “Não temas receber a Maria, tua mulher”. Note que é uma grande bênção sermos libertados de nossos medos, e termos as nossas dúvidas solucionadas, para que assim possamos prosseguir em nossos afazeres com satisfação.
  2. Aqui ele é informado sobre aquele ser sagrado, que a sua esposa tinha em seu ventre. Aquele que foi concebido nela tem origem divina. Ele está tão longe do risco de compartilhar a impureza ao casar-se com ela, que com isso compartilhará a maior honra possível. Duas coisas lhe são ditas:

  • Que ela tinha concebido “pelo poder do Espírito Santo”; e não pela força da natureza. O Espírito Santo, que criou o mundo, gerou nela agora o Salvador do mundo, e preparou para Ele um corpo como lhe fora prometido, quando Ele disse: “Corpo me preparaste” (Hebreus 10.5). Desse modo, é dito que Ele nasceu de uma mulher (Gálatas 4.4), e, além disso, que Ele é o segundo Adão, que é o Senhor do céu (1 Coríntios 15.47). Ele é o Filho de Deus, e mesmo assim compartilha a essência de sua mãe ao ser chamado de fruto do ventre (Lucas 1.42). Era necessário que a sua concepção fosse diferente da normal, para que as­ sim Ele compartilhasse da natureza humana, e mesmo assim pudesse escapar da corrupção, e da contaminação desta, e não ser concebido e formado na iniquidade. Histórias nos contam sobre algumas mulheres que em vão fingiram ter concebido por um poder divino, como a mãe de Alexandre; mas nenhuma realmente o fez, exceto a mãe de nosso Senhor. Seu nome, por isso, como em outras situações, é Maravilhoso. Nós não lemos que a própria virgem Maria tenha proclamado a honra que recebeu; mas ela ocultou isso em seu coração, e por isso Deus enviou um anjo para testificar. Aqueles que não procuram a sua própria glória terão a honra que vem de Deus; ela é reservada para os humildes.
  • Que ela daria à luz ao Salvador do mundo (v. 21).

Ela daria à luz um filho; e que ele seria foi declarado:

[l] Pelo nome que deveria ser dado ao seu Filho: “lhe porás o nome de Jesus”, o Salvador. O nome é o mesmo que Josué, apenas com a terminação sendo mudada para adequar-se ao grego. Na Septuaginta, Josué é chamado de Jesus (Atos 7.45; Hebreus 4.8). Havia dois homens com esse nome no Antigo Testamento, e eram ambos reconhecidos tipos de Cristo. Josué, o comandante de Israel em seu primeiro assentamento em Canaã, e Josué, o sumo sacerdote em seu segundo assentamento após o cativeiro (Zacarias 6.11,12). Cristo é o nosso Josué; tanto o Comandante da nossa salvação, como o Sumo Sacerdote da nossa profissão de fé. E, em ambos os casos, Ele é o nosso Salvador, um Josué que vem no lugar de Moisés, e faz por nós aquilo que a lei não pode fazer, naquilo em que ela era fraca. Josué havia sido chamado de Oséias, mas Moisés prefixou a primeira sílaba do nome Jeová, e assim tornou-o Josué ( Números 13.16), para indicar que o Messias, que teria esse nome, deveria ser Jeová; Ele é, portanto, o maior salvador, e em nenhum outro há salvação.

[2]Na razão desse nome: “Por que ele salvar á o seu povo dos seus pecados”; não apenas a nação dos judeus (Ele veio para eles e eles não o receberam), mas todos que foram dados a Ele pela escolha do Pai, e todos que se deram a Ele por si mesmos. Ele é um rei que protege seus súditos, e, corno os antigos juízes de Israel, lhes traz a salvação. Note que aqueles que Cristo salva, Ele os salva dos pecados que praticaram; da culpa do pecado, em virtude da sua morte, e do domínio do pecado, pelo Espírito da sua graça. Ao salvá-los do pecado, Ele os salva da ira e da maldição, e de todo sofrimento aqui e na vida futura. Cristo veio para salvar o seu povo, não em seus pecados, mas dos seus pecados; para comprar para ele não a liberdade para pecar, mas a libertação do pecado, para redimi-lo de toda iniquidade (Tito 2.14); e assim redimi-lo de entre os homens (Apocalipse 14.4) para si mesmo, pois está separado dos pecadores. Para que aqueles que deixarem os seus pecados, e se entregarem a Cristo como seu povo, estejam envolvidos com o Salvador, e na grande salvação que Ele planejou (Romanos 11.26).

V – O cumprimento das Escrituras em tudo isso. Este evangelista, escrevendo entre os judeus, observa mais frequentemente isto do que qualquer outro evangelista. Aqui as profecias do Antigo Testamento tiveram a sua consumação em nosso Senhor Jesus, através do qual fica claro que este era aquele que deveria vir, e que nós não devemos procurar por nenhum outro; porque este é aquele sobre o qual todos os profetas deram testemunho. Agora a Escritura que foi cumprida no nascimento de Cristo foi a da promessa de um sinal que Deus fez para o rei Acaz (Isaias 7.14): “Eis que um a virgem conceberá”. Aqui o profeta, encorajando o povo de Deus a esperar pela prometida libertação da invasão de Senaqueríbe, o instrui a aguardar ansiosamente pelo Messias, que viria do povo dos judeus e da casa de Davi. Daí era fácil inferir que – embora aquele povo e aquela casa estivessem angustiados – nem um nem o outro poderiam ser abandonados à ruína, enquanto Deus tivesse tal honra e tal bênção reservadas para eles. Os livramentos que Deus concedeu à igreja do Antigo Testamento eram símbolos e figuras da grande salvação através de Cristo; e, se Deus consegue fazer aquilo que é maior, Ele não falhará em fazer aquilo que é menor.

A profecia aqui citada é devidamente introduzida com as palavras: “em sonho, lhe apareceu”, que indicam tanto atenção como admiração; pois aqui temos o mistério da graça, que é, sem controvérsia, notável, de que Deus se manifestou em carne.

  1. O sinal dado era que o Messias de veria nascer de uma virgem. “Uma virgem conceberá”, e, por ela, Ele será manifestado na carne. A palavra Almah significa uma virgem no sentido mais exato, tal corno Maria declara ser (Lucas 1.34): “Não conheço varão”. Este não seria um sinal tão maravilhoso como se pretendia que fosse, se tivesse sido de outra forma. Foi anunciado desde o princípio que o Messias deveria nascer de uma virgem, quando foi dito que Ele deveria vir da semente da mulher. Podemos entender que a expressão “semente da mulher” não poderia ser o mesmo que “a semente de qualquer homem”. Cristo nasceu de uma virgem não apenas porque seu nascimento tinha que ser sobrenatural e completamente extraordinário, mas porque deveria ser imaculado, e puro, e sem qualquer mancha de pecado. Cristo nasceria, não de urna imperatriz ou rainha, porque Ele não veio em pompa ou esplendor externos, mas de uma virgem, para nos ensinar a pureza espiritual, a morte para todos os deleites dos sentidos, e assim nos mantermos sem a mácula do mundo e da carne, para que possamos ser apresentados a Cristo como virgens castas.
  2. A verdade demonstrada por esses sinais é que Ele é o Filho de Deus, e o Mediador entre Deus e os homens: porque eles o chamarão “pelo nome de Emanuel”; isto é, Ele será o Emanuel; e a expressão “Ele será chamado” significa que Ele será o Senhor, Justiça Nossa. Emanuel significa Deus conosco; um nome misterioso, mas muito precioso; Deus encarnado entre nós, e assim Deus reconciliado conosco, em paz conosco, nos conduzindo ao pacto e à comunhão consigo. Os judeus tiveram Deus consigo, em símbolos e sombras, morando entre os querubins; mas nunca do modo como quando a Palavra se tornou carne – que era o bendito Shekinah. Que passo feliz é dado no sentido de estabelecer a paz e a harmonia entre Deus e o homem, reunindo as duas naturezas na pessoa do Mediador! Por isso Ele se tornou um árbitro irrepreensível, com plenas condições de colocar as suas mãos sobre ambos, uma vez que ele compartilha a natureza de ambos. Veja, nisto, o mistério mais profundo, e a misericórdia mais rica que jamais existiu. Pela luz da natureza, vemos Deus como um Deus acima de nós; pela luz da lei, o veem os como um Deus contra nós; mas pela luz do Evangelho, nós o vemos como Emanuel, Deus conosco, em nossa própria natureza – e (o que é ainda melhor) a nosso favor. Aqui o Redentor glorificou o seu amor. Com o nome de Cristo, Emanuel, nós podemos comparar o nome dado à igreja do Novo Testamento (Ezequiel 48.35). Jeová-Shamá – O Senhor está ali; o Senhor dos exércitos está conosco.

Nem é impróprio dizer que a profecia que expressou que Ele deveria ser chama do Emanuel foi cumprida, com o desígnio e a intenção que possuía, quando Ele foi chamado de Jesus; pois se Ele não tivesse sido Emanuel, Deus conosco, Ele não poderia ter sido Jesus, o Salvador. E nisso consiste a salvação que Ele preparou, ao reunir Deus e o homem em um só corpo; isso foi o que Ele planejou, trazer Deus para estar conosco, que é a nossa grande felicidade, e trazer-nos para estar com Deus, que é o nosso grande dever.

VI – A obediência de José ao divino preceito (v. 24).

Tendo despertado pela impressão que o sono deixou em si, José fez como o anjo do Senhor ordenou, muito embora isso fosse contrário aos seus sentimentos e intenções anteriores; ele tomou par a si a sua esposa; ele fez isso rapidamente, sem demora, e alegremente, sem discutir; ele não foi desobediente à visão divina. No presente, não esperamos por um a orientação extraordinária como essa; mas Deus ainda tem meios de tornar a sua vontade conhecida em casos ambíguos através de indícios da providência, de debates de consciência, e de conselhos de amigos confiáveis. Em cada um desses meios, aplicando as regras gerais da Palavra escrita, nós devemos, portanto, em todos os passos de nossa vida, particularmente nas grandes mudanças, como esta de José, receber a orientação de Deus, e perceber quão seguro e confortável é agir como Ele nos ordena.

VII – A consumação da promessa divina (v.25). Ela deu à luz a seu primogênito. As circunstâncias disso são mais amplamente relatadas em Lucas

2.l ss. Note que aquilo que é concebido pelo Espírito Santo nunca fracassa, mas certamente será trazido à luz em seu devido tempo. O que é da vontade da carne e da vontade do homem, frequentemente fracassa; mas, se Cristo estiver consolidado na alma, o próprio Deus inicia a boa obra que Ele realizará; o que é concebido na graça, sem dúvida nascerá em glória.

Observa -se aqui, além disso:

  1. Que José, embora tivesse celebrado o contrato de casamento com Maria, a quem desposara, manteve-se afastado dela enquanto ela estava grávida, tendo em seu ventre o ser sagrado; ele não a conheceu até que ela tivesse dado à luz. Muito tem sido dito no tocante à virgindade perpétua da mãe de nosso Senhor; Jerônimo ficou muito irritado com Helvídio por negá-la. É certo que isso não pode ser provado a partir das Escrituras. O Dr. Whitby inclina-se a pensar que quando se diz que José não a conheceu até que ela deu à luz seu primogênito está implícito que, depois disso, cessado o motivo, ele viveu com ela de acordo com a lei (Êxodo 21.10).
  2. Que Cristo era o primogênito; e assim Ele deveria ser chamado – mesmo que a sua mãe nunca mais tivesse outro filho depois dele – de acordo com a linguagem das Escrituras. Também não é sem mistério que Cristo é chamado de seu primogênito, pois Ele é o primogênito de toda criatura, ou seja, o Herdeiro de todas as coisas; e Ele é o primogênito entre muitos irmãos, para que em todas as coisas possa ter a preeminência.
  3. Que José deu-lhe o nome de Jesus, conforme a orientação que lhe foi dada. Tendo-o Deus designado para ser o Salvador – o que está implícito ao lhe dar o nome de Jesus – devemos aceitar que Ele seja o nosso Salvador, e, em concordância com essa designação, devemos chamá-lo de Jesus, nosso Salvador.

PSICOLOGIA ANALÍTICA

Somos todos psicossomáticos

SOMOS TODOS PSICOSSOMÁTICOS

Quando as dificuldades enfrentadas são muito intensas ou ocorrem num curto intervalo, sem que tenhamos tempo para nos recuperar, mesmo os mais equilibrados dificilmente conseguem absorver e elaborar os problemas. E o sofrimento se expressa no corpo de alguma forma.

 No dia a dia observamos pessoas que adoeceram gravemente após terem tido um grande problema na vida. Cada vez mais, nos últimos anos, tem sido reconhecido o fato de que fatores psicológicos participam do aparecimento e curso de patologias físicas. Um caso que não deixa margem à dúvida: os pesquisadores americanos D. Phillips e D.G. Smith constataram que, na colheita chinesa da Califórnia, na semana que precede a festa da Colheita da Lua, em setembro, a mortalidade diminui 35%. Na semana seguinte, os índices se reequilibram, numa espécie de “compensação”, e as pessoas voltam a ser vitimadas por acidentes vasculares cerebrais, doenças cardíacas e neoplasias. “Vemos que a expectativa feliz da festa é um fator psicológico que garante um novo alento de vida aos chineses, diminuindo a mortalidade”, escreveu o oncologista francês Claude Jasmin ao analisar o caso.

Reconhecidamente, o estresse tem papel importante no desenvolvimento de doenças, tanto físicas quanto mentais. Esse estado, porém, parece impreciso, às vezes até mesmo para psicólogos. Nesse sentido, a psicossomática tem se mostrado uma opção para a compreensão dos processos mentais envolvidos no adoecimento físico. Curiosamente, essa área surgiu na França e nos Estados Unidos, embora seus formuladores não soubessem das pesquisas um do outro. Os europeus, na verdade, precederam os americanos em nove anos. Em 1963, Pierre Marty, então presidente da Sociedade Francesa de Psicanálise, e seus colaboradores publicaram o artigo O pensamento operatório. Em 1972, o psicanalista Peter Sifneos, professor da Universidade Harvard, introduziu a noção de alexitimia, que se referia praticamente ao mesmo que Marty. Ambos os termos significam que, numa situação difícil da vida (como perda ou separação, falência, ameaça persistente, forte humilhação), é mais comum que voltemos nosso pensamento para o que aconteceu, muitas vezes independentemente de nossa vontade, trazendo lembranças, imaginando consequências e tirando conclusões. Com isso, elaboramos o problema – e não importa se nossas conclusões são as melhores, nem se nosso pensamento corresponde à realidade, o que conta é que nossa mente se ocupe do problema.

No pensamento operatório, no entanto, a mente se volta minimamente ao que aconteceu. A formulação central proposta pela psicossomática é a seguinte: de qualquer forma o indivíduo é afetado pelo problema; se sua mente não o elabora, ele atinge o corpo, o soma, daí o termo somatização.

Particularmente, prefiro a psicossomática de Marty porque nela o pensamento

operatório foi se refinando e dando lugar a diversificações e ao conceito de mentalização, oferecendo espaço a gradações. Fala-se hoje em pessoas “melhor” ou “pior” mentalizadas. Podemos pensar em exemplificar com dois indivíduos hipotéticos, A e B, relatando como foi seu dia:

  1. Tomei café da manhã ouvindo as notícias.
  2. Tomei café da manhã pensando na discussão ontem à noite com meu filho.
  3. A) No trânsito, fiquei ouvindo música e pensando em tudo que ia fazer durante o dia.
  4. B) No trânsito fiquei ouvindo música e uma delas me fez lembrar a vez em que dancei esta música com minha primeira namorada.
  1. Fiquei pensando em C, em como será nossa convivência no trabalho, já que fui promovido e ele não.
  2. Fiquei pensando sobre que faculdade meu filho deveria cursar e na viagem de formatura dele daqui a quatro anos. Será que vale a despesa?
  3. Passei a tarde conversando com clientes. Quando finalmente fiquei só, pensei em como deveria conversar no dia seguinte com D sobre o projeto.
  4. Passei a tarde conversando com os clientes.

  1. À noite fiquei assistindo TV com minha mulher.
  2. À noite fui à casa de minha mãe e me senti culpado de ter ficado pouco tempo lá, mas ando muito ocupado. Quando eu namorava, estava com minha mãe e queria logo ir embora ver minha namorada. No caminho me sentia culpado.

Podemos perceber que B é mais bem mentalizado em comparação a A, cujo pensamento é voltado a ações e ao momento presente (poucos dias antes, poucos dias depois). O pensamento de B tem autonomia, distancia-se das ações, tece relações (ou associações de ideias), faz incursões pelo passado longínquo ou futuro distante. Em razão das limitações decorrentes da pouca autonomia e do fato de se ater ao presente, a quantidade de pensa­ mentos de B acaba, consequentemente, sendo menor do que a de A. Numa psicoterapia, B não tem muito a dizer. Mas nos momentos difíceis da vida, A e B não mudam o funcionamento mental; o pensamento de B continua sendo sumário – mas em momentos críticos isso prejudica sua saúde física.

LIMITES TÊNUES

Quando a mentalização é precária e o pensamento é muito unido às ações, a vida onírica também se apresenta empobrecida. Quando dormimos e deixamos de agir, o pensamento se esvai e não há produção de sonhos – eles são muito raros, de tipo simples, sem elementos insólitos e de fácil interpretação, revelando assim a pouca atividade mental na sua construção.

Há algo importante a ser considerado: essa concepção de somatização só é válida para doenças graves (por definição, aquelas em que a possibilidade de morte é quase certa se a medicina não for capaz de intervir). Doenças crônicas muito comuns, que se apresentam geralmente na forma de crises – como asma, enxaqueca, cefaleia tensional, dores nas costas, prisão de ventre, gastrite e úlcera -, não seguem esse esquema, não têm relação com a mentalização, embora cada manifestação corresponda a uma dificuldade psicológica característica do paciente.

Porém, se as dificuldades enfrentadas forem muito intensas, principalmente se surgirem vários problemas simultâneos ou estes se sucederem em curto intervalo, mesmo uma pessoa com mentalização de boa qualidade dificilmente conseguirá absorver e elaborar os problemas e terá grandes possibilidades de somatizar gravemente – o que nos leva a crer que somos todos “psicossomáticos”. É importante destacar, porém, que o aparecimento de doenças graves depende de nossas predisposições genéticas e adquiridas – por exemplo, pelo uso do tabaco, ou de agentes do meio ambiente, como vírus e bactérias.

A personalidade mais vulnerável a somatizações graves foi chamada por Marty de neurose de comportamento. Nos Estados Unidos, alguns anos depois, o psicanalista Otto Kernberg descreveu o mesmo tipo de personalidade, designada borderline, que depois passou para a classificação do DSM-IV. A descrição de Marty, entretanto, continua mais completa por incluir a mentalização. Uma primeira característica dessa personalidade é a impulsividade. Significa que a ação é intempestiva, não há retenção no pensamento e a ação “transborda” em direção ao alvo. Isso ocorre porque o indivíduo é tomado por uma emoção muito intensa. Ora, a emoção fica muita intensa porque não cai na rede dos pensamentos, não é modulada por eles, justamente por haver “pouco pensamento”, ou seja, uma má mentalização. Outra característica do borderline consiste em estar quase permanentemente ligado a coisas externas, assistindo TV, por exemplo, ou fazendo algo.

Somos seres sociais; se não estamos nos relacionando com alguém presente, tecemos relações em nosso mundo interno, imaginando diálogos e as mais diversas situações. Como para o paciente com características borderlines falta esse contato interno, o processo se dá externamente. A pessoa vive temendo separações, e seu ponto fraco para somatizações é justamente a ruptura de relacionamentos. Nessas ocasiões, o indivíduo fica desesperado, até eventualmente encontrar substitutos.

A principal causa da constituição da personalidade borderline está nos maus cuidados com o bebê. Na prática, isso se dá em situações de falta de amor ou incoerência afetiva (na qual sentimentos positivos se alternam com negativos de um momento para o outro), violência física, caos na guarda (a criança passa semanas ou meses com a mãe, outras semanas ou meses com a avó, até poder ir parar num abrigo). Nos casos mais graves, encontramos todos esses antecedentes. Nessas condições de maus cuidados, a mentalização mal se constitui. O prejuízo pode ser revertido na infância se as condições mudarem, mas depois dessa fase torna-se mais difícil reparar os prejuízos.

Pessoas com mentalização um pouco melhor que os que sofrem com a personalidade borderline podem apresentar neurose de caráter (o termo foi usado por Marty e substituído depois por neurose mal mentalizada). A descrição do psicanalista francês também precedeu a da personalidade narcísica apresentada pelos psicanalistas Heinz Kohut e Otto Kernberg, que também passou para a classificação do DSM-IV. A descrição de Marty é mais abrangente porque parte de formas mais amenas – embora já vulneráveis a somatizações graves – em vez de manifestações nas quais a patologia mental é mais evidente. O DSM­IV volta-se para quadros sintomáticos mais “evidentes e barulhentos” e assim considera dentro de uma faixa de normalidade formas mais brandas que, no entanto, podem estar correlacionadas com maior vulnerabilidade para somatizações graves.

Na personalidade narcísica o investimento essencial está na formação de um ego ideal, segundo a nomenclatura de Marty – ou self grandioso, conforme Kohut e Kernberg. Ainda na infância o sujeito mostra certa independência, como se não precisasse dos cuidadores.

Na adolescência formam-se fantasias de muito poder, riqueza, beleza e principalmente a necessidade da relação superior-inferior, na qual o narcisista estaria obviamente identificado com o superior. Nesse caso, os cuidados negligentes com o bebê não foram tão ruins quanto no caso do paciente borderline. Aqui, geralmente, o que mais ocorre é falta de amor e dedicação, uma hostilidade encoberta. Compensatoriamente o bebê infla seu self e agarra-se a ele (enquanto o borderline se agarra às pessoas). Como os cuidados não foram de boa qualidade, consequentemente, além do self grandioso, deparamos com uma má mentalização.

Maiores problemas na vida, como falência e traição, por exemplo, ferem o self grandioso. Se o indivíduo não consegue culpar outros ou responsabilizar as circunstâncias, fica arrasado, o que pode ser uma porta de entrada da somatização grave. Mas o próprio ciclo da vida com a chegada da meia-idade e o início do processo de envelhecimento dificilmente é aceito pelo self grandioso, já que a pessoa cultiva a ideia de que estar envelhecendo é sinal de inferioridade, o que pode resultar em somatizações graves.

Um terceiro funcionamento mental propenso ao adoecimento foi chamado por Marty de mentalização incerta. O paciente mostra pouca presença da mente como nas más mentalizações vistas antes, no entanto, um dia a pessoa relata um sonho complexo ou tece relações reflexivas como nas boas mentalizações. Isso, porém, é “sem amanhã” – e o paciente volta por muito tempo à precariedade dos conteúdos mentais. Na realidade, não se trata de uma má mentalização, mas sim de uma repressão maciça do pré-consciente (numa referência a conteúdos que sabemos existirem, diferentemente dos conteúdos inconscientes). O indivíduo não quer saber de si (é como se existisse outro ele dentro dele). Muitas vezes mais voltada a profissões e atividades técnicas, essa pessoa isola seu universo psíquico e tende a ver a psicologia com certo escárnio. Esse tipo de paciente chega à terapia normalmente por insistência de alguém próximo. Se o terapeuta não focar logo essa repressão maciça, a possibilidade de o paciente deixar o tratamento é grande. Como esse indivíduo não apresenta nenhum sintoma “barulhento”, ele ficou excluído do DSM-IV.

RAÍZES NA INFÂNCIA

Há duas causas da repressão maciça. A primeira e mais comum consiste na educação relativamente afetuosa, mas muito severa e aplicada precocemente. Em linhas gerais, é como se o bebê tivesse de aprender a dizer “obrigado” quando ganha algo, antes mesmo de aprender a dizer “mama” e “papa”. Uma segunda causa vem de traumas ocorridos depois dos 2 anos, como a morte de um dos pais, as separações muito tumultuadas entre eles ou o abuso sexual. Não querer pensar no que aconteceu aparece como defesa natural da criança, mas se perdurar isso trará prejuízos ao seu desenvolvimento, já que a defesa pode se cristalizar e se generalizar, resultando na mentalização incerta – infelizmente, na intenção de preservar a criança, muitos cuidadores favorecem esse desdobramento.

Os momentos muito difíceis são acompanhados normalmente de ansiedades difusas. São estados de aflição muito intensos, relativamente justificados pelos fatos. No DSM-IV, caberiam no item que se refere a transtorno de adaptação, e não aos transtornos de ansiedade (pânico, ansiedade generalizada, fobias, transtorno obsessivo compulsivo, reapresentação do trauma), cuja causa aparentemente não é justificada. No paciente borderline, os estados de desespero são equivalentes da ansiedade difusa, e, no paciente narcísico, os momentos em que se sente arrasado que são equivalentes da ansiedade difusa. Na realidade, a ansiedade difusa propriamente dita ocorre mais nas melhores mentalizações (que podem conduzir a somatizações graves). Também nas melhores mentalizações podemos constatar, antes que a doença se instaure, o que Marty chamou de depressão essencial. Ela é indolor, sem a tristeza e/ou imobilidade que caracteriza a depressão na classificação do DSM-IV. Na manifestação à qual Marty se refere, vemos desaparecer a vida onírica, a pessoa deixa de ter ideias e cai em fórmulas feitas, na repetição do mesmo, em automatismos.

Na psicoterapia, o profissional procura, de imediato, assumir o papel do ego auxiliar da mentalização do paciente, trazendo a dificuldade de vida como tema a ser tratado e examinando os vários aspectos da questão, de forma a chegar gradativamente às partes mais dolorosas, não deixando o assunto esmorecer, que seria uma tendência natural na má mentalização. Ao longo do processo terapêutico, a proposta é ajudar a pessoa a melhorar sua capacidade de mentalização para que possa elaborar os problemas futuros de maneira mais eficiente.

WILSON DE CAMPOS VIEIRA é psicólogo e psicanalista, bacharel em filosofia; professor e coordenador do curso de especialização Psicopatologia, Psicanalítica Contemporânea, Particularmente a Psicossomática, credenciado pelo Conselho Federal de Psicologia, nos Estudos Avançados. É coautor de Estudos de psicossomática, além de autor de inúmeros artigos publicados no Brasil e no exterior.

GESTÃO E CARREIRA

INIMIGOS OU ALIADOS

INIMIGOS OU ALIADOS?

Os sistemas de inteligência artificial ajudarão as pessoas a toar decisões, mas serão uma ameaça aos trabalhadores.

Kris Hammond, professor de ciência da computação na Universidade Northwestern, nos Estados Unidos, e referência quando se trata do tema interação homem-máquina, esteve no Brasil em junho para falar sobre um dos maiores temores dos trabalhadores modernos: os computadores chegarão a substituir a mão de obra humana? No evento Knowledge Exchange Sessions, Hammond mostrou que a capacidade dos sistemas de processar e analisar uma grande quantidade de dados já tem transformado os negócios e exigido novas habilidades dos profissionais.

E isso não deve parar por aí. A chamada computação cognitiva deve mudar até a forma como tomamos decisões.

A computação cognitiva será capaz de substituir o ser humano?

Acredita-se que os computadores serão incapazes de lidar com as nuances de raciocínio que permite aos humanos avaliar o que está acontecendo com o mundo e tomar decisões. O pressuposto por trás dessa crença é de que as pessoas são realmente boas nesse raciocínio — e isso é uma mentira. Na realidade, nós estamos propensos a errar por causa de preconceitos e inclinações que carregamos e que influenciam nossas escolhas. Por conta disso, eu acredito que os sistemas de inteligência artificial nos ajudarão a melhorar nossas opções, evitando os convencionalismos que nos prejudicam. A capacidade dos programas de raciocinar sem esses prejulgamentos é poderosa; a tecnologia está apta a fazer melhor do que nós a gestão de decisões complexas. Por outro lado, assim como as máquinas estão livres das crendices que nos sabotam, nós temos informações sobre o mundo que elas não têm.

Como as pessoas podem se beneficiar dessa tecnologia?

Devido aos recentes avanços, existem áreas nas quais a computação cognitiva funciona inacreditavelmente bem, em particular nos campos em que há uma grande quantidade de dados, a partir dos quais previsões, problemas, oportunidades e avaliações podem ser desenhados. Por outro lado, existem setores nos quais os números ou não existem ou não estão em um formato que permita que sejam utilizados por computadores. É nessa parte que as pessoas e suas experiências continuarão se destacando. O fato de cada “sistema”, tanto o tecnológico quanto o humano, ter seus pontos fortes e seus pontos fracos é um bom argumento para a parceria homem-máquina, que deve combinar o melhor de ambos a fim de superar suas fraquezas

De que forma a inteligência artificial deve influenciar a gestão de pessoas?

O maior impacto da computação cognitiva será no gerenciamento de carreira. A combinação do processamento de dados com as análises preditivas permitirá não apenas avaliar as pessoas, mas também dar a elas conselhos proativos dizendo quais são seus pontos fortes e as áreas que de- vem focar para se desenvolver. No geral, a inteligência artificial e a ciência de análise de dados que a sustenta farão com que tenhamos indicações baseadas em provas, em vez de apenas suposições. Educação e saúde, por exemplo, são campos em que veremos as máquinas nos ajudando a melhorar não só o que fazemos, mas o que somos, apontando a direção para nos aperfeiçoarmos.

A partir de quando essa tecnologia começará a afetar as carreiras?

Logo. Mas o impacto não será o mesmo que esperamos. Quando a inteligência artificial começar a fazer tarefas mais intelectuais, haverá uma disrupção. Essa ruptura permitirá que os profissionais qualificados assumam posições de coordenação e façam trabalhos mais importantes e estratégicos, enquanto os sistemas inteligentes farão o trabalho tático. Essa linha divisória entre tático e estratégico irá mudar com o passar dos anos, com as máquinas realizando mais e mais serviços. Mas, se construirmos parcerias com as máquinas, isso nos ajudará por um bom tempo.

Precisamos temer a computação cognitiva?

As profissões altamente analíticas irão sentir o impacto dessa tecnologia muito em breve. Com isso, nós teremos menos cargos de entrada e mais posições estratégicas e de planejamento. Com o passar do tempo, a inteligência artificial estará habilitada a realizar tudo que nós fazemos também. No fim das contas, teremos de rediscutir quem nós somos e o que todos nós fazemos como profissionais. Mas esse dia ainda está muito longe.

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