ALIMENTO DIÁRIO

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A GENEALOGIA DE CRISTO

Mateus 1:1-17

Com respeito a essa genealogia de nosso Salvador, observe:

I Seu título. É o livro (ou o relato, de acordo com o significado dado, às vezes, à palavra hebraica sepher, um livro) da genealogia de Jesus Cristo, de seus ancestrais conforme a carne; ou a narrativa de seu nas­ cimento. É o Biblos Geneseos um livro do Gênesis. O Antigo Testamento começa com o livro da criação do mundo, e é a sua glória que seja assim; mas a glória do Novo Testamento, exaltada neste documento, é começar com a genealogia daquele que criou o mundo. Como Deus, suas origens são desde os tempos antigo s, desde os dias da eternidade (Miquéias 5.2), e ninguém pode explicar aquela criação; mas, como homem, Ele foi enviado na plenitude dos tempos, nasceu de uma mulher, e é esta criação que é proclamada aqui.

II – A principal intenção dela. Não é uma genealogia sem fim ou desnecessária; não é presunçosa como são geralmente as dos grandes homens. Stemmata, quid faciunt? Qual a utilidade das antigas genealogias? Deviam ser usadas como evidência, para comprovar um título e apoiar uma alegação; o objetivo aqui é provar que o nosso Senhor Jesus Cristo é o filho de Davi e o filho de Abraão, e, portanto, daquela nação e daquela família através da qual o Messias estava para surgir. Abraão e Davi eram, em seus dias, os grandes depositários da promessa relativa ao Messias. A promessa da bênção foi feita a Abraão e à sua semente, e a do poder, a Davi e à sua semente; e aqueles que teriam um envolvimento com Cristo, como o filho de Abraão, em quem serão abençoadas todas as famílias da terra, deveriam ser fiéis e leais súditos dele como o filho de Davi, por quem serão governadas todas as famílias da terra. Foi prometido a Abraão e a Davi que Cristo descenderia deles (Gênesis 12.3; 22.18; 2 Samuel 7.12; Salmo 132.11); consequentemente, a menos que possa ser provado que Jesus é um filho de Davi, e um filho de Abraão, não podemos aceitar que Ele seja o Messias. Agora isso está provado aqui através dos registros autênticos do ofício da aristocracia. Os judeus eram muito precisos em manter a sua genealogia, e havia prudência nisso, pois assim podiam esclarecer a linhagem do Messias a partir dos patriarcas; e desde a sua vinda essa nação está tão dispersa e confusa que existe uma questão sobre se qualquer pessoa no mundo pode legalmente provar que é um filho de Abraão. De qualquer maneira, é certo que ninguém pode provar que é um filho de Abraão ou de Davi; desse modo, o ofício de sacerdote e de rei deve ser abandonado, corno perdido para sempre, ou ser colocado nas mãos de nosso Senhor Jesus. Cristo é aqui, pela primeira vez, chamado de filho de Davi, por que sob esse título, ele era frequentemente comentado e esperado entre os judeus. Aqueles que reconheciam ser ele o Cristo, chamavam-no de filho de Davi (cap. 15.22; 20.31; 21.15). Desse modo, portanto, o evangelista tem a tarefa de comprovar que Ele não é apenas um filho de Davi, mas aquele filho de Davi sobre cujos ombros deveria estar o governo; não apenas um filho de Abraão, mas aquele filho de Abraão que seria o pai de muitas nações.

Ao chamar Cristo de filho de Davi, e filho de Abraão, ele mostra que Deus é fiel à sua promessa, e cumprirá tudo o que disse:

2. Embora o cumprimento fosse adiado por um longo período. Quando Deus prometeu a Abraão um filho, que deveria ser a grande bênção do mundo, talvez ele esperasse que este fosse seu filho imediato; mas ficou comprovado que se trata, a de um descendente que estava a quarenta e duas gerações de distância, cerca de 2.000 anos. Deus pode profetizar com muita antecedência aquilo que deve ser feito e, às vezes, muito tempo depois cumpriu o que foi prometido. Observe que embora a demora em conceder as misericórdias prometidas exercite a nossa paciência, ela não enfraquece a promessa de Deus.

2. Embora alguém comece a perder a esperança. Esse filho de Davi e de Abraão, que deveria ser a glória da casa de seu Pai, nasceu quando a semente de Abraão era um povo menosprezado, que recentemente se tornara 1:tributário do jugo romano, e quando a casa de Davi havia mergulhado na obscuridade. Pois Cristo seria uma raiz arrancada de solo seco. Note que o tempo de Deus para o cumprimento de suas promessas geralmente é aquele em que as condições se mostram mais desfavoráveis.

 

III – Uma sequência particular, descrita em linha reta diretamente a partir de Abraão, de acordo com as genealogias registradas no início dos livros de Crônicas (até onde elas vão), e cuja utilidade vem os aqui.

Algumas peculiaridades que podemos observar na genealogia:

1. Entre os ancestrais de Cristo que eram irmãos, geralmente Ele descendia do irmão mais novo; assim foi com o próprio Abraão, Jacó, Judá, Davi, Natã e Resa; para mostrar que a superioridade de Cristo vinha, não como no caso dos príncipes terrenos, da primogenitura de seus ancestrais, mas da vontade de Deus, que, conforme o método de sua providência, exalta os menores depositando uma honra mais abundante sobre a parte que menos tinha.

2. Entre os filhos de Jacó, além de Judá, de quem veio Siló, a atenção é dada aqui a seus irmãos: Judá e seus irmãos. Não é feita menção a Ismael, filho de Abraão, ou a Esaú, o filho de Isaque, porque eles foram impedidos de entrar na congregação. Todos os filhos de Jacó foram recebidos, embora não fossem os pais de Cristo; mas mesmo assim foram patriarcas da igreja (Atos 7.8), e por isso serão mencionados na genealogia, para o encorajamento das doze tribos que foram espalhadas pelo mundo, insinuando a estas que elas têm um envolvimento com Cristo, e que permanecem relacionadas tanto a Ele como a Judá.

3. Perez e Zerá, filhos gêmeos de Judá, são igualmente mencionados, embora somente Perez fosse ancestral de Cristo, pela mesma razão que os irmãos de Judá são mencionados; e alguns pensam que seja porque o nascimento de Perez e Zerá contenha uma espécie de alegoria.

Zerá colocou sua mão para fora primeiro, como se fosse o primogênito, mas quando a recolheu, Perez ficou com o direito da primogenitura. A igreja judaica, como Zerá, alcançou antes o direito de primogenitura, mas pela sua descrença, ao retrair a mão, a igreja gentílica, como Perez, adiantou-se e conquistou o direito de primogenitura; e assim em parte a cegueira atinge a Israel, até que os gentios atinjam a plenitude e, então, Zerá nascerá e todo Israel será salvo (Romanos 11.25,26).

4. Há quatro mulheres, e somente quatro, listadas nesta genealogia; duas delas originariamente não pertencentes à comunidade de Israel: Raabe, uma cananeia e, além disso, prostituta, e Rute, a moabita; pois em Jesus Cristo não há nem grego nem judeu; os forasteiros e os estrangeiros são, em Cristo, bem-vindos como concidadãos dos santos. As duas outras eram adúlteras, Tamar e Bate-Seba; o que foi uma marca a mais de humilhação colocada sobre nosso Senhor Jesus. É particular mente observado em sua genealogia que Ele era um descendente delas, e nenhum véu é posto sobre este fato. Ele tomou sobre si a semelhança da carne pecaminosa (Romanos 8.3), e aceita até mesmo os maiores pecadores – após eles se arrependerem – em seu círculo de relações mais próximas. Note que não devemos criticar as pessoas pelos escândalos de seus ancestrais; é algo que elas não podem controlar, e isto ocorre até mesmo com as melhores pessoas; ocorreu até mesmo com o nosso próprio Mestre

O fato de Davi ter gerado Salomão através daquela que havia sido a esposa de Urias é mencionado (diz o Dr. Whitby) para mostrar que o crime de Davi, devido ao arrependimento, estava muito longe de impedir o cumprimento da promessa que lhe for a feita. O cumprimento da promessa agradava tanto a Deus, que Ele tolerou que fosse cumprida através daquela mulher.

5. Embora diversos reis sejam aqui citados, nenhum é chamado de rei, exceto Davi (v. 6). Davi, o rei; porque com ele foi feito o pacto da realeza, e a ele foi feita a promessa do reino do Messias, sobre quem é dito que herdará o trono de seu pai Davi (Lucas 1.32).

6. Na linhagem dos reis de Judá, entre Jorão e Uzias (v. 8), existem três  que não são citados, especificamente Acazias, Joás e Amazias; e consequentemente quando é dito que Jorão gerou a Uzias, isto significa, de acordo com o uso da língua hebraica, que Uzias era um descendente dele  em linha reta, assim como é dito a Ezequias que os filhos que haveria de gerar  seriam levados para a Babilônia, levando em conta que várias gerações se passaram até que ocorresse a referida remoção. Provavelmente não foi por engano ou esquecimento que estes três foram omitidos nas tabelas genealógicas que o evangelista consultou. Mesmo assim, elas são consideradas como autênticas. Alguns dão a seguinte razão par a isso: sendo desejo de Mateus, para facilitar a memorização, reduzir o número de ancestrais de Cristo a três períodos de quatorze gerações, foi preciso que, nesse período, três fossem excluídos, e ninguém era mais adequado do que aqueles que eram descendentes diretos da amaldiçoada Atalia, que introduziu a idolatria de Acabe na casa de Davi, motivo pelo qual este estigma foi colocado sobre a família, e a iniquidade atingiu até a terceira e a quarta geração. Dois desses três eram apóstatas; e dessa maneira Deus geralmente coloca uma marca de desagrado sobre este mundo: os três foram levados ao túmulo com sangue.

7. Alguns observam que havia uma mistura de bons e maus na sucessão desses reis; como, por exemplo (vv. 7 ,8), o mau Roboão gerou ao mau Abias; o mau Abias gerou ao bom Asa; o bom Asa gerou ao bom Josafá; o bom Josafá gerou ao mau Jorão. Nem a graça nem o pecado correm no sangue. A graça de Deus pertence a Ele, e Ele a dá ou retira conforme lhe agrada.

8. O cativeiro da Babilônia é mencionado como um período singular nessa lista (vv. 11 ,12). Levando tudo em conta, foi um milagre que os judeus não tenham se perdido nesse cativeiro, como aconteceu com outras nações. Mas isso sugere a razão pela qual as multidões desse povo se mantiveram puras ao atravessar aquele mar morto: pois deles, segundo a carne, surgiria o Cristo. “Não o destrua, pois há bênção nele”, até mesmo a bênção das bênçãos, o próprio Cristo (Isaias 65.8,9). Foi com vistas a Ele que eles foram retomados, e sobre o santuário assolado o Senhor fez resplandecer o seu santo rosto (Daniel 9.17).

9. Ê dito que Josias gerou a Jeconias e a seus irmãos (v. 11); Jeconias quer dizer, aqui, Joaquim, que foi o primogênito de Josias; mas, quando se diz (v.12) que Jeconias gerou a Salatiel, esse Jeconias era o filho daquele Joaquim que foi levado para a Babilônia e lá gerou a Salatiel (como mostra o Dr. Whitby), e, quando Jeconias é descrito como não tendo filhos (Jeremias 22.30), isso é explicado da seguinte forma: nenhum dos homens de sua semente prosperaria. Aqui é dito que Salatiel gerou a Zorobabel, enquanto que Salatiel gerou a Pedaías, e este gerou a Zorobabel (1 Crônicas 3.19); mas, como anteriormente, o neto é geralmente chamado de filho. É provável que Pedaías tenha morrido enquanto seu pai era vivo, e assim seu filho Zorobabel era chamado de filho de Salatiel.

10 .A linhagem não vai até Maria, a mãe de nosso Senhor, mas até José, o marido de Maria (v. 16); pois os judeus sempre consideravam as suas genealogias pelo lado dos homens. Além disso, Maria era da mesma tribo e da mesma família de José, de modo que, tanto por sua mãe como por seu suposto pai, Ele era da casa de Davi; todavia a sua relação com essa nobreza deriva de José, com quem, segundo a carne, ele não tinha nenhuma relação, para mostrar que o reinado do Messias não é baseado em uma linhagem natural de Davi.

11. O centro em quem todas essas linhagens se encontram é Jesus, que é chamado de Cristo (v.16). Este é aquele que era tão ansiosamente desejado, tão impacientemente aguardado, e a quem os patriarcas tinham em vista quando desejavam tanto ter filhos para que pudessem ter a honra de fazer parte da linhagem sagrada. Bendito seja Deus, por não estarmos agora em uma condição tão sombria e turva de expectativa como eles então estavam, mas podermos ver claramente aquilo que esses profetas e reis veriam através de um vidro escuro. E nós podemos ter, a não ser por nossa própria culpa, uma honra maior do que aquela que eles tanto ambicionavam, pois aqueles que fazem a vontade de Deus estão em uma posição mais honrada em relação a Cristo do que aqueles que eram seus parentes segundo a carne (cap. 12.50). Jesus é chamado de o Cristo, ou seja, o Ungido, o mesmo que a palavra hebraica Messias. Ele é chamado de Messias, o Príncipe (Daniel 9.25), e frequentemente de o Ungido de Deus (SaImos 2.2). Nessa condição, Ele era esperado: “És tu o Cristo, o ungido?” O rei Davi foi ungido (1 Samuel 16.13); Arão, o sacerdote, também o foi (Levíticos 8-12); e também Eliseu, o profeta (1 Reis 19.16), e Isaías, o profeta (Isaias 61.1). Cristo, sendo designado e qualificado para todas essas posições, é por essa razão chamado de o Ungido, ungido com óleo de alegria, mais do que a seus companheiros; e por causa do seu nome, que é como uma unção que flui com abundância, todos os seus seguidores são chamados de cristãos, pois eles também recebem a sua unção.

Por último temos o resumo geral de toda essa genealogia (v. 17), onde ela é totalizada em três períodos de quatorze gerações, identificados por períodos extraordinários. No primeiro período de quatorze anos, temos a família de Davi em ascensão promissora como uma manhã. No segundo, nós a vemos prosperando até atingir o seu brilho máximo. No terceiro, ela entra em declínio, crescendo cada vez menos, diminuindo até chegar à família de um pobre carpinteiro, e então Cristo surge dela, resplandecendo; Ele é a glória de seu povo, Israel.

 

PSICOLOGIA ANALÍTICA

O amor é cego - midia

“O AMOR É CEGO”

A frase escrita por William Shakespeare, no século 16, foi repetida incontáveis vezes – e, de fato, muita gente acreditou nela. A novidade é que pesquisadores parecem ter encontrado comprovação científica das palavras do escritor inglês.

 A paixão distorce a percepção. Qualquer um que já tenha passado pela experiência do enamoramento sabe disso – nem são necessários muitos estudos sofisticados para chegar a essa conclusão. Ainda assim, o conhecimento empírico ganhou respaldo com a constatação de que, de fato, quando estamos apaixonados tendemos a olhar menos para pessoas atraentes do sexo oposto. Pelo menos foi isso que revelou o psicólogo Jon Maner, pesquisador da Universidade Estadual da Flórida, em Tallahassee, nos Estados Unidos. Ele e seus colegas pediram a 57 universitários que mantinham relacionamentos heterossexuais que escrevessem sobre ocasiões nas quais sentiram amor intenso por seu parceiro. Outros 56 estudantes que também participavam do experimento redigiram textos sobre sentimento de extrema felicidade.

Na etapa seguinte do experimento, os voluntários olharam uma série de fotos, mas durante um período tão curto – 500 microssegundos – que eles sequer se davam conta conscientemente das imagens que estavam à sua frente. Na sequência, foram apresentados aos participantes dois grupos de imagens: um deles de homens (às garotas) e mulheres (aos rapazes) extremamente atraentes; outro, com pessoas com aparência normal.

Quando as fotografias desapareciam, um quadrado ou um círculo surgia na tela em outro lugar do monitor. Os participantes foram instruídos, então, a identificar a forma geométrica o mais rapidamente possível. A proposta dos cientistas ao usar essa estratégia era cronometrar quanto tempo levava a identificação das figuras e, assim, estabelecer uma medida de atenção visual no nível subconsciente. Resultado: estudantes “vacinados” pelas lembranças da paixão levaram muito menos tempo para identificar as formas depois de ver um rosto atraente do sexo oposto, em comparação com aqueles que tinham escrito ensaios sobre a felicidade. Ou seja: pareciam não ficar tão interessados em modelos atraentes.

“Descobrimos que quando as pessoas eram instigadas a pensar em seu parceiro atual, a atenção voltada a um exemplar atraente do sexo oposto diminuía sensivelmente, como se estivessem ‘imunes’ ao interesse por outras pessoas”, afirma Maner. Segundo ele, a descoberta pode ajudar a explicar por que os enamorados não procuram outros companheiros, mesmo que tenham atributos aparentemente interessantes – como se realmente o estado de apaixonamento tornasse nossa visão seletiva. Segundo Maner, “a repulsa”, como ele chama, acontece nas fases iniciais do processamento visual, muitas vezes antes mesmo que os voluntários tenham consciência clara do conteúdo da foto. Estudos anteriores haviam sugerido que pessoas comprometidas, em relações estáveis e felizes, conferem menos valor a potenciais parceiros alternativos. O que psicólogos não sabem, pelo menos até agora, é se é isso o que as pessoas realmente pensam, ou se desenvolvemos, em algum nível, uma espécie de defesa para não nos angustiarmos, tentando convencer a nós mesmos que fizemos a escolha certa. Esse mecanismo, porém, não seria determinado pela vontade consciente. No estudo desenvolvido na Universidade Estadual da Flórida, o efeito repulsivo era tão rápido que – ainda que se empenhassem – os estudantes não teriam sido capazes de exercer controle consciente sobre sua vontade.

Curiosamente, o efeito de “desvio de atenção” apareceu de forma bem mais pronunciada quando as pessoas das fotos eram mais bonitas que as mais comuns, sem atributos visuais especialmente atraentes. “Deixando de lado aprofundamentos em questões psíquicas, podemos pensar que estudos desse tipo sugerem que o amor romântico tenha importantes funções, como a de atenuar o ímpeto de continuamente nos mantermos atentos, buscando o melhor companheiro disponível”, afirma o psicólogo social Joseph Forgas, professor da Universidade de New South Wales, em Sydney. Segundo ele, do ponto de vista evolutivo a falta de interesse (ou mesmo repulsa subconsciente) por membros atraentes do sexo oposto pode ter surgido a serviço da preservação da espécie, já que os relacionamentos podem fornecer uma vantagem reprodutiva, melhorando as chances de que os descendentes sobrevivessem.

EFEITO ANALGÉSICO

Sob a óptica de cientistas e especialistas em comportamento, o amor – tão idealizado e incensado – pode ser bem menos mágico que para escritores e poetas. Para os evolucionistas, o ato de apaixonar-se pode ter se instituído porque ao concentrar a atenção em um único parceiro tendemos a poupar tempo e energia, melhorando, portanto, as próprias chances de sobrevivência e reprodução. Infelizmente, isso também significa que estamos predispostos a sofrer quando nos sentimos desprezados por nossos amados.

Propositadamente deixando de lado neste momento o universo psicanalítico – que nos remete a considerar marcas psíquicas primitivas, carências arcaicas, instâncias inconscientes, conotações simbólicas, desejo e pulsão -, recorremos à biologia dos afetos.

Já é sabido que sentimentos amorosos ativam sistemas primitivos no organismo, o que causa impacto direto na forma como sentimos dor, atenuando a sensação de desconforto. Isso equivale a dizer que o amor também nos torna cegos a alguns sofrimentos físicos. A constatação é do cientista americano Sean Makey, da Universidade Stanford, na Califórnia.

Para investigar esse efeito “analgésico” do afeto – em especial da paixão – o pesquisador acompanhou 15 universitários que declararam estar “loucamente apaixonados”. Cada estudante deveria levar uma foto da pessoa pela qual estava enamorado e outra imagem de alguém que achasse atraente, mas com quem não tivesse nenhuma ligação romântica. Durante os testes, os participantes deveriam segurar um objeto que poderia ficar muito quente ou muito frio – de acordo com regulagem feita pelos cientistas-, o que algumas vezes causava dor. Enquanto isso, os jovens deveriam olhar para a fotografia do amado e, em seguida, definir o grau de dor sentida.

Os resultados mostraram que a imagem da pessoa amada realmente diminui a sensação de dor, o que não aconteceu quando os voluntários olhavam para alguém considerado atraente. Os pesquisadores associam o fato à liberação de ocitocina, um hormônio que regula a reprodução em mamíferos, incluindo os processos de lactação e parto. Além disso, a ocitocina influencia em comportamentos sociais como o estabelecimento de vínculo entre parceiros e entre mãe e filho.

Por outro lado, o enamoramento pode ser fonte de outros tipos de sofrimento. Ficar longe da pessoa amada, por exemplo, pode trazer grande desconforto, comparado à privação de drogas para um dependente químico. A angústia causada pela distância do objeto de amor e desejo pode levar ao aumento da ansiedade, desencadear perturbações do sono e, em casos mais graves, deflagrar a de­ pressão. Essas reações intrigaram cientistas que estão desenvolvendo pesquisas para identificar os mecanismos neuroquímicos por trás desses efeitos psicológicos. Um estudo recente trabalhou com arganazes-do-campo, roedores corpulentos de cauda curta, que foram separados da parceira por quatro dias. Durante esse período, os animais exibiram comportamento semelhante à depressão e aumento da corticosterona, o equivalente, nesses animais, ao cortisol, o hormônio do estresse em humanos.  Machos que foram separados de seus irmãos não mostraram quaisquer desses sintomas, sugerindo que a resposta era relacionada, especificamente, à separação dos parceiros sexuais –  e não a situações de isolamento social. Quando receberam uma droga que bloqueou a liberação da corticosterona, os roedores pararam de exibir o comportamento depressivo pós-separação, confirmando que os hormônios estavam na raiz do problema.

É nesse sentido que os efeitos do afastamento dos parceiros lembram, em alguns aspectos, a abstinência de drogas. “Mesmo em um curto prazo, a separação deflagra um estado aversivo ao meio, que faz com que os arganazes-do­campo procurem a parceira para não perder o vínculo”, diz o neurocientista comportamental Larry Young, do Centro de Pesquisas Nacionais em Primatas da Universidade de Emory e co­autor do estudo. Outras pesquisas mostram que animais monogâmicos, que coabitam e se reproduzem, têm níveis aumentados de ocitocina, vasopressina e dopamina – hormônios que estimulam as ligações emocionais – em áreas do cérebro associadas à recompensa.

Em um experimento com separação de casais humanos por um período de 4 a 7 dias, a psicóloga social Lisa Diamond, da Universidade de Utah, observou sintomas leves de abstinência, como irritabilidade e perturbações do sono, e aumento no nível de cortisol. Os voluntários que relataram maior ansiedade apresentaram picos nos níveis de cortisol. Mesmo os que mostraram baixos índices de estresse tiveram, em algum grau, níveis mais altos de cortisol e desconforto físico no período de afastamento, em comparação a quando estavam com seu par. Esses resultados, assim como os encontrados nos estudos de Young, indicam uma ligação específica entre separação e aumento do cortisol. Para pesquisadores, isso significa que, no futuro, podem ser desenvolvidas drogas que bloqueiem esse hormônio e ajudem as pessoas a se desligar de um parceiro.

Estudos mostram que o laço entre pares evolui com base na ligação entre pais e filhos e a separação nos remete a sentimentos antigos de rejeição, vividos nos primórdios da infância. Embora a maioria dos adultos não se recorde, quando as figuras parentais (que eram nosso universo) se afastavam e surgia a possibilidade de perdê-las, sobrevinha uma angústia extrema, só aplacada com o reencontro – o que pode explicar por que sentimos as conexões atuais de forma tão intensa. As mesmas substâncias neuroquímicas – ocitocina, vasopressina e dopamina – têm sido associadas a ambos os relacionamentos. “As relações românticas adultas e os relacionamentos entre pais e filhos são fundamentalmente diferentes, mas ambas apresentam a mesma proposta funcional: criar um direcionamento psicológico para o outro, querer cuidar de alguém e resistir à separação”, explica Lisa.

UM JEITO ESPECIAL DE FALAR

Casais apaixonados ou que mantêm um relacionamento íntimo de longo prazo não raro se atribuem apelidos carinhosos ou mudam o tom de voz quando falam um com o outro. Segundo pesquisadores da Universidade do Texas, em Austin, a identidade afetiva por meio das palavras não para por aí. Um estudo conduzido pelo psicólogo James Pennebaker mostra que pares “bem-sucedidos” ou com mais chances de sê-lo costumam usar o mesmo tipo de palavras funcionais – preposições, pronomes, artigos e conjunções – e com frequência equivalente. Empregados em vários contextos, esses termos são, em geral, processados de forma rápida e inconsciente.

Para chegar a essa conclusão, o psicólogo reuniu 80 homens e mulheres e solicitou que cada um conversasse com alguém do sexo oposto por alguns minutos. Em seguida, questionou-os sobre a possibilidade de saírem juntos. Curiosamente, os pares que usaram tipos similares de palavras funcionais se mostraram mais inclinados a marcar outro encontro – mesmo aqueles que declararam não ter muitos pontos em comum.

Em outro estudo, Pennebaker analisou o conteúdo de mensagens de celular enviadas por 86 casais e perguntou aos voluntários quão felizes eles se sentiam com o compromisso assumido. Três meses depois, o pesquisador verificou se os pares ainda estavam juntos. Ele observou que os pares estáveis eram os que trocavam torpedos com mais palavras funcionais em comum. O curioso é que isso se aplicou também a quem declarou estar insatisfeito com o companheiro, na primeira fase da pesquisa.

Agora os pesquisadores querem entender se o vocabulário em comum provoca atração ou se na verdade as pessoas adaptam sua forma de falar, ficando parecidas com o outro. Os dois processos são possíveis, mas Pennebaker acredita que o último seja mais provável: “A linguagem prediz o sucesso dos relacionamentos porque reflete a forma como os casais escutam um ao outro e se entendem”, acredita o psicólogo.

Cérebro apaixonado

SELMA CORRÊA é jornalista.

GESTÃO E CARREIRA

O deficit do sono

O DÉFICIT DO SONO

Uma noite mal dormida reduz a motivação dos funcionários e a capacidade dos líderes de tomar decisões, afetando a produtividade e os resultados da organização.

 Há tempos se fala dos prejuízos da falta de sono para a saúde do ser humano. Agora a consultoria de gestão McKinsey alerta sobre esse mal também para o mundo dos negócios. “A deficiência do sono afeta o desempenho dos executivos, por minar comportamentos importantes para a liderança, e pode, assim, prejudicar a atuação financeira da empresa”, escrevem Nick van Dam e Els van der Helm no relatório O Custo Operacional do Sono Insuficiente, de fevereiro de 2016.

Em 2011, a academia americana de medicina do sono já apontava que trabalhadores com insônia produziam em média o equivalente a 11 dias a menos por ano. Para a nação, isso representava um prejuízo de 63 bilhões de dólares anuais. Na época, os autores do estudo anunciaram que, em uma economia baseada na informação, seria difícil encontrar outra condição que impactasse mais a produtividade.

Num mundo hiper conectado, no qual as companhias esperam que seus empregados estejam disponíveis quase 24 horas por dia, e no qual as pessoas optam por se manter acordadas para dar conta de cada vez mais atividades, a questão do sono merece atenção urgente.

EPIDEMIA MUNDIAL

Existem mais de 80 tipos de distúrbio do sono, sendo a insônia e a apneia os mais frequentes. Mas, além das patologias, um segundo problema tem prejudicado a nossa saúde: o da restrição — quando alguém opta por dormir me- nos do que deveria. “Isso virou uma epidemia”, afirma Luciana Palombini, médica especializada no assunto e integrante da equipe do Instituto do Sono de São Paulo. Em 15 anos, o período de letargia caiu, puxando para seis horas a média de sono nas grandes capitais do país.

Criou-se na sociedade a ideologia de que dormir é ruim, que se perde tempo e que é um hábito para preguiçosos. Começaram a surgir também pessoas que, na tentativa de se manterem saudáveis, acordam às cinco horas da manhã para se exercitar.

O problema não está no despertar prematuro, mas na quantidade de tempo com os olhos fechados — e na qualidade desse descanso. Segundo Luciana, as horas necessárias de sono são definidas pela genética e variam para cada um. Mas, de forma geral, todos precisam de sete a oito horas de descanso. Sentir-se bem com menos tempo é uma rara exceção. A médica ainda destaca ser impossível “acostumar” o corpo a dormir menos. “Muita gente dorme seis horas e diz que isso é suficiente, mas o fato é que depois de alguns dias de privação do sono o indivíduo perde a referência do que é bom”, diz.

Uma pesquisa da International Stress Management Association no Brasil (Isma-Br) indica que quase metade das pessoas sofria de algum tipo de distúrbio do sono em 2015 (seis pontos percentuais acima do resultado de 2014). Dessas, 27% relatavam dormir menos do que o necessário, sendo que 18% o faziam por opção própria. Além da menor quantidade, a qualidade do descanso está pior. Ana Maria Rossi, presidente da Isma-Br, afirma que a maior parte dos indivíduos não passa da fase mais superficial do ciclo do sono (a segunda, de quatro), por isso nunca chega a atingir a recuperação plena. “De repente, o profissional se habitua a estar sempre mal-humorado e impaciente. Ele nem nota que atravessa na frente dos outros ou que não espera a porta automática abrir sozinha, sem a sua interferência”, diz a especialista. Recentemente, a Mental Clean, uma consultoria de gestão de saúde, perguntou a 8 000 funcionários de seus clientes como eles se sentiam em relação à qualidade do descanso. Dos que reportavam privação do sono, 32% sentiam cansaço constante, 31% notavam problemas de memória e 30% experimentavam irritabilidade excessiva.

HABILIDADES COMPROMETIDAS

No estudo da McKinsey, quatro em dez líderes de negócios afirmaram não dormir o suficiente pelo menos quatro noites na semana; 66% estão insatisfeitos com a quantidade de horas que dormem e 55%, com a qualidade do sono. Apesar de 46% dos executivos ouvidos pela consultoria acreditarem que a falta de sono tem pequeno impacto sobre o desempenho como líderes, recentes investigações provam o contrário. Pesquisadores da Universidade de Tel-Aviv, de Israel, concluíram que apenas uma noite mal dormida é suficiente para desregular a função das amídalas, grupo de neurônios responsável por processar as emoções no cérebro. Sem a pausa, o ser humano não consegue distinguir se algo é emocionante ou indiferente. Assim, perde a habilidade de decidir o que é mais ou menos importante — o que pode levar a um processamento cognitivo tendencioso e a um julgamento pobre.

Outro documento, da escola de negócios da Universidade de Washington, dos Estados Unidos, garante que líderes com privação de sono são menos propensos a demostrar emoções positivas e, por isso, são tidos como pouco carismáticos. Por sua vez, subordinados com horas insuficientes de descanso tendem a ter dificuldade para perceber emoções positivas. Resultado: a companhia fica cheia de líderes menos inspiradores e de times mais difíceis de serem inspirados.

“Dormir é uma habilidade chave. Há uma relação científica forte entre um boa noite de descanso e a prontidão profissional”, afirma Malena Martelli, vice-presidente de recursos humanos da Schneider Electric, multinacional francesa especializada em produtos e serviços para distribuição elétrica. Para a RH, quando a pessoa dorme bem, ela consegue desempenhar melhor em questões inesperadas, fora do planejamento. “E o que é o mundo executivo hoje em dia? Na maior parte do tempo, o funcionário precisa ser rápido, flexível e inovador. Tudo isso está relacionado com a presteza oriunda do sono”, diz.

A visão de Malena veio após a Schneider pagar um curso sobre bem-estar e gestão da energia para presidentes, vice-presidentes e diretores que comandam suas operações mundialmente. Agora a companhia adicionou o tema sono no programa de qualidade de vida. A ideia é mudar a falsa crença de que adormecer é ruim. “Dormir é bom, e cabe a nós, líderes, cuidar disso”, diz. Há um objetivo de negócio por trás dessa conscientização: descansados, os empregados produzem mais e melhor.

ATLETAS CORPORATIVOS

Em seu relatório, a McKinsey afirma que a qualidade do sono compromete quatro tipos de comportamentos esperados de um bom líder (veja quadro na página 36). Uma noite ruim também danifica os três estágios de aprendizagem: o pré-aprendizado (a fase de codificar a nova informação); o pós-aprendizado (de consolidar a informação); e a prévia da memorização (de reter a informação na memória).

Para Frederico Porto, médico psiquiatra e professor da Fundação Dom Cabral, os executivos modernos têm a rotina de um atleta de alto desempenho. Porém, enquanto estes são obrigados a dormir cedo, aqueles seguem o caminho oposto. “Se é inaceitável que um jogador como o Ronaldo vá a uma balada antes de um jogo importante, por que toleramos que o líder, que administra companhias com orçamentos na casa dos bilhões, não durma?”

Aliás, outro estudo recém-publicado pela Universidade da Califórnia, também americana, aponta que atletas com restrição de sono gastam 4% a mais de energia durante uma atividade e atingem a exaustão 11% mais rápido em relação aos que têm o sono em dia.

QUESTÃO URGENTE

Dos 196 executivos entrevistados pela McKinsey, 36% afirmam que a empresa proíbe que eles tenham o sono como prioridade. E 83% declaram que a companhia não gasta tempo suficiente para ensiná-los sobre a importância do sono.

Para Luciana Palombini, do Instituto do Sono, os profissionais de RH precisam “cuidar disso urgentemente”. As corporações deveriam promover a “semana de conscientização sobre o sono”, para explicar a importância de dormir pelo menos sete horas. E poderiam ensinar sobre a “higiene do sono”: dormir e acordar em horários regulares; só ir para a cama com sono, sem levar o trabalho ou as redes sociais junto; fazer atividade relaxante de 30 a 40 minutos antes de fechar os olhos; evitar café e cigarro; ter um quarto escuro, limpo e silencioso. “A empresa poderia ainda usar um aparelho portátil para mapear os empregados com apneia. Isso ajudaria bastante, uma vez que 30% da população geral sofre desse mal”, diz.

Apesar de poucas, algumas companhias mantêm práticas estruturadas para tratar do problema. Na Schneider, o RH colocou dicas de sono no jornal sobre bem-estar e Malena quer desenvolver uma cultura que aceite a siesta como algo formal.

No Google isso é realidade. “Uma das coisas que valorizamos é a ‘power nap’, a parada durante o dia para descansar. Tem gente que opta por ioga, corrida, meditação, cochilo”, diz Monica Santos, líder de RH do Google para América Latina. Como os funcionários têm demandas diferentes, a empresa fornece espaços para cada escolha. No escritório de São Paulo há a Casa da Fazenda, uma sala com redes, grama e cheiro de campo, para as pessoas sossegarem. Uma placa na porta informa que ali é proibido fazer barulho, falar ao celular ou usar o computador. Para que os funcionários se sintam à vontade, não há controle da movimentação do espaço. “Mais importante do que a parte física, é a cultura corporativa dar essa abertura”, diz Monica.

A mineradora Vale começou em 2003 a mapear a fadiga de operadores de equipamentos pesados e motoristas de caminhão fora de estrada — um grupo que a cada dois dias troca de turno e pode trabalhar durante a madrugada. De lá para cá, a prática evoluiu, ganhou status de Programa de Bem-Estar, e trouxe resultados positivos. Nesses anos de pesquisa, Fabrício Morais Sal- gado, médico responsável pela iniciativa, percebeu que funcionários cansados, ou com distúrbio de sono, são desmotivados, distraídos e irritados.

Além de tratar adequadamente a questão, a companhia realizou melhorias em máquinas e processos, avaliações médicas e treinamentos sobre saúde. Com tudo, em três anos, houve uma redução de 22% na taxa de acidentes na unidade de Ferrosos Sul.

O impacto da privação do sono está tão claro para a mineradora que, no próximo ano, 7 800 pessoas da operação de Ferrosos Sul, em Minas Gerais, passarão por uma análise para verificar como andam a quantidade e a qualidade das horas dormidas, entre outras coisas. Nesse grupo, estão, inclusive, líderes e pessoas do escritório.

Ao que parece, estimular uma noite bem-dormida pode ser o caminho mais rápido — e barato — para quem deseja melhorar os indicadores de gestão de pessoas e de negócios.

 

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