A CRISTOLOGIA DA MISSÃO
A “missiologia” é uma disciplina reconhecida cujos parâmetros se alargam cada vez mais. Ela abrange: a história das missões cristãs; o estudo comparativo das religiões; a teologia das religiões e da unicidade de Cristo; a base bíblica da missão; estratégias de missão e crescimento da igreja; motivações e métodos missionários; questões de cultura, contextualização e formação de igrejas; as relações entre evangelização e responsabilidade social; e a renovação da igreja. Mas às vezes falta nesta lista o que se poderia chamar de “cristologia” da missão, que reconhece ser Cristo a fonte e o caminho, o coração e a alma, o fundamento e o alvo de toda missão. Nada é mais importante para a redescoberta da missão da igreja (onde ela se perdeu) ou para o seu desenvolvimento (onde ela está enfraquecida) do que uma visão renovada, clara e abrangente a respeito de Jesus Cristo. Quando ele é aviltado e especialmente quando é negado na plenitude de sua incomparável pessoa e obra, a igreja fica sem motivação e sem direção, nossa moral se esfacela e nossa missão se desintegra. Mas quando vemos Jesus, isto nos basta. Nós temos toda a inspiração, incentivo, autoridade e poder de que necessitamos.
Neste capítulo, portanto, eu proponho, primeiro, que olhemos para o nosso Senhor e Salvador de uma maneira nova e diferente; segundo que repassemos os seis principais eventos de sua carreira salvífica — sua encarnação, a cruz, a ressurreição, sua exaltação, a dádiva do Espírito Santo e a parusia — atentando para a inevitável (se bem que geralmente negligenciada) dimensão missionária de cada um deles.
A ENCARNA DE CRISTO
O modelo para a missão
Conforme o Relatório de Willowbank sobre Evangelho e Cultura (1978), já mencionado diversas vezes, a encarnação foi “o exemplo mais espetacular de identificação cultural na história da humanidade”. Afinal de contas, o Filho de Deus não permaneceu na segura imunidade de seu céu, distante do pecado e da tragédia humana. Ele de fato entrou em nosso mundo. Esvaziou-se de sua glória e humilhou-se para servir. Assumiu a nossa natureza, viveu a nossa vida, suportou nossas tentações, vivenciou nossas tristezas, sentiu nossas dores, carregou nossos pecados e morreu a nossa morte. Ele participou profundamente da nossa condição de seres humanos. Nunca se afastou das pessoas que se esperaria que ele evitasse. Foi amigo dos marginalizados da sociedade e até mesmo tocou nos intocáveis. Não poderia ter sido mais igual a nós. Foi a total identificação do amor.
Refletindo sobre o significado de missão, às vezes eu fico comparando e traço, em minha mente, um contraste entre a missão de Cristo aqui na terra e a missão Apolo na lua. A analogia é, com certeza, muito rasa, mas é também instrutiva, pois há entre as duas tanto similaridades quanto diferenças. Poderíamos dizer que são similares no sentido de que cada uma delas é descrita como uma “missão” e consistiu de uma viagem sensacional e transcultural — no caso de Cristo, do céu até a terra; e, no caso dos astronautas, da terra para a lua. São, porém, figuras diferentes quanto ao nível e à profundidade de identificação envolvida. Os astronautas da Apolo nunca se identificaram com a lua; e, se tivessem tentado fazê-lo, teriam morrido na hora. Pelo contrário, levaram consigo os aparatos da terra: oxigênio terrestre, equipamentos, roupas e alimentos da terra. Mas quando Jesus veio do céu para a terra, ele deixou atrás de si o céu e nada trouxe consigo. Não foi uma visitinha rápida à terra. Ele se tornou um ser humano como nós e, portanto, vulnerável como nós.
Mesmo assim, como vimos no capítulo 15, Cristo, ao identificar-se conosco, não abriu mão de sua própria identidade, nem a alterou de maneira alguma, pois, tornando-se um de nós, mesmo assim continuou sendo ele mesmo. Ele passou a ser humano, mas sem deixar de ser Deus.
E agora ele nos envia ao mundo, assim como o Pai o enviou ao mundo. Em outras palavras, nossa missão deve ser modelada a partir da sua missão. Na verdade, toda missão de verdade é missão encarnacional. Exige identificação sem perda de identidade. Significa entrar no mundo dos outros, assim como ele entrou no nosso mundo, mas sem comprometer nossas convicções, valores e padrões cristãos.
Tomemos como exemplo o apóstolo Paulo. Poderíamos argumentar, como alguns o fazem, dizendo que Paulo não participou pessoalmente na vida das pessoas que ele tentava evangelizar; que ele era essencialmente um pregador para rostos anônimos, fosse na sinagoga ou ao ar livre; e que ele mantinha distância das pessoas a quem se dirigia. Mas não era assim que ele via o seu ministério. Pelo contrário, embora fosse livre, ele se fez escravo de todos. “Procedi, para com os judeus, como judeu, a fim de ganhar os judeus… Aos sem lei, como se eu mesmo o fosse… para ganhar os que vivem fora do regime da lei. Fiz-me fraco para com os fracos, com o fim de ganhar os fracos. Fiz-me tudo para com todos, com o fim de, por todos os modos, salvar alguns.” É este o princípio da encarnação. E identificar-se com as pessoas lá onde elas estão.
Na história das missões há muitos exemplos significativos de cristãos que tentaram aplicar este princípio. Quero mencionar três deles, extraídos dos últimos três séculos.
Em 1732, o Conde Zinzendorf, o líder moraviano, enviou dois dos seus missionários para as plantações de açúcar no Oeste da Índia. Eles descobriram que a única maneira de alcançar os escravos africanos era deixar-se acorrentar como eles e compartilhar suas choupanas.
Em 1882, o Major Frederick Tucker iniciou o Exército da Salvação na índia. As últimas palavras do General Booth para ele foram: “Entre na pele deles, Tucker!” Ele o fez. Profundamente preocupado com os marginalizados, Tucker decidiu que ele e seus soldados deveriam viver a vida daqueles. Assim, passaram a usar túnicas de algodão Ungido, adotaram nomes indianos, andavam descalços, limpavam os dentes com carvão e comiam seu curry com agua sentados de pernas cruzadas no chão.
Então, em 1950, um jovem sacerdote católico, Mário Borelli, horrorizado com a situação dos scugnizzi, os meninos de rua de Nápoles, que viviam sem teto e sem amor, decidiu que a única forma de os alcançar seria tornando-se um deles. Por isso assumiu “suas roupas, seu jeito de falar, seus hábitos”. Pode ser que ele tenha ido longe demais.
E nem sempre é sábio que os missionários “virem nativos”, “principalmente porque a tentativa de um estrangeiro fazer isso pode não ser vista como autêntica, mas como algo falso e artificial”. No entanto, não podemos deixar de admirar estas ousadas tentativas de seguir o exemplo de encarnação de Jesus.
Para muitos de nós, no entanto, o modelo da encarnação implica uma luta mais mundana. Primeiro, vem a necessidade de mergulhar no mundo do pensamento dos outros. Nesta conexão, eu sempre gostei do título do livro de Jim Sire The Universe Next Door (O Universo Vizinho), em que ele esboça o significado de deísmo, naturalismo, nihilismo, existencialismo, monismo panteísta ocidental, etc. O seu argumento é que os seus adeptos vivem em um outro universo de pensamento; portanto, para alcançá-las, é preciso haver uma espécie de encarnação.
Da mesma forma, na conferência missionária ecumênica realizada em Melbourne em maio de 1980, John V. Taylor enfatizou que nunca conseguiremos apresentar o evangelho aos céticos modernos “enquanto permanecermos dentro de nossas próprias trincheiras culturais. Os que não conhecem a verdade”, continua ele, “só podem ser alcançados lá fora… Se nós não pertencemos ao mundo daqueles ‘estranhos’ específicos que desejamos alcançar, alguém dentre nós tem que se dar ao trabalho de atravessar para o outro lado e aprender a sentir-se à vontade no estranho território deles…”.
Eu acho que nós deveríamos orar e lutar para que toda uma geração de pensadores e apologetas cristãos viesse a dedicar a Cristo a mente que Deus lhes deu, a fim de se envolverem e participarem dos conflitos dos seus contemporâneos, desmascarando falsas ideologias e apresentando o evangelho de Jesus Cristo de tal maneira que vejam nele alguém que oferece aquilo que outras religiões não podem oferecer, porque ele e somente ele pode preencher as nossas aspirações humanas mais profundas. Pelo menos no Ocidente, onde o Iluminismo caiu de moda, chegou a hora de (em palavras de Lesslie Newbigin) “um encontro genuinamente missionário com a cultura pós-iluminista”.
Em segundo lugar, precisamos penetrar no mundo do coração das outras pessoas, o mundo do seu Angst (medo) e sua alienação, e chorar com aqueles que choram. Em todos os não-cristãos (como também em muitos cristãos), até nos mais joviais e extrovertidos, existem profundas dores ocultas. Nós só iremos alcançá-los se estivermos dispostos a penetrar em seu sofrimento. Isso significa também participar da sua realidade social, como vimos no último capítulo, pois não se pode compartilhar o evangelho com alguém em um vazio social, isolando as pessoas do seu verdadeiro contexto e ignorando o sofrimento delas.
A CRUZ DE CRISTO
O preço da missão
Um dos aspectos mais negligenciados da missão bíblica hoje é o lugar que têm nela, indispensavelmente, o sofrimento e até mesmo a morte. No entanto, a Escritura deixa isto muito claro. Vou citar três exemplos.
Primeiro, nós o vemos claramente no servo sofredor de Isaías. Antes que ele possa tornar-se uma luz para as nações e trazer salvação para os confins da terra, o servo oferece as costas aos que o ferem, a face aos que lhe arrancam os cabelos e o rosto aos que o afrontam e cospem nele. Antes de “causar admiração às nações”, ele é “desprezado, e o mais rejeitado entre os homens, homem de dores, e que sabe o que é padecer”. Mais do que isso, ele carrega os nossos pecados e morre por nós como oferta pelo pecado. Douglas Webster enfatiza isto de maneira apropriada, quando diz que
Mais cedo ou mais tarde, a missão leva à paixão. Em categorias bíblicas… o servo deve sofrer…; é isso que torna efetiva a missão… Toda modalidade de missão conduz a algum tipo de cruz. A própria forma da missão é cruciforme. Nós só podemos entender a missão em termos da Cruz….
Em segundo lugar, o próprio Senhor Jesus ensinou e demonstrou este princípio, estendendo-o aos seus seguidores. Quando alguns gregos desejaram vê-lo, ele disse: “É chegada a hora de ser glorificado (sc. na cruz) o Filho do homem. Em verdade, em verdade vos digo: Se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, produz muito fruto.” Em outras palavras, só através de sua morte o evangelho iria se estender para o mundo gentílico. Assim, a morte é mais do que um caminho para a vida; ela é a condição para se frutificar. Se a semente não morrer, fica sozinha. Mas, se ela morrer, se multiplica. Foi assim com o Messias; e o mesmo se dá com a comunidade messiânica. Afinal, “se alguém me serve, siga-me”, disse Jesus.
Em terceiro lugar, o apóstolo Paulo aplicou a si mesmo este mesmo princípio. Consideremos estes surpreendentes textos:
Portanto vos peço que não desfaleçais nas minhas tribulações por vós, pois nisso está a vossa glória.
Por esta razão, tudo suporto por causa dos eleitos, para que também eles obtenham a salvação que está em Cristo Jesus com eterna glória.
De modo que em nós opera a morte; mas em vós, a vida.
Estes três versículos contêm certas declarações realmente impressionantes. Paulo tem a ousadia de dizer que através de seus sofrimentos outras pessoas entrarão na glória, que através da sua perseverança outros serão salvos e que através da sua morte outros irão viver. Será que o apóstolo perdeu o juízo?! Não! Será isso mesmo que ele queria dizer? Sim! Naturalmente, não é que ele atribua nenhuma eficácia expiatória aos seus próprios sofrimentos e morte, como o faz em relação aos sofrimentos e à morte de Jesus Cristo. Pelo contrário. As pessoas só podem receber a salvação, a vida e a glória quando o evangelho é pregado a elas, e aqueles que pregam o evangelho com fidelidade invariavelmente sofrem por isso. Paulo sabia de que estava falando. A razão pela qual se tornara um prisioneiro e estava algemado é que ele havia sido fiel à “visão celestial” de que os gentios seriam recebidos na comunidade cristã exatamente nos mesmos termos que os judeus. Foi este aspecto do evangelho que levantou contra ele uma oposição quase fanática. E os gentios deviam a sua salvação à disposição de Paulo de sofrer por proclamar essas boas novas.
Desde a época de Paulo, deve ter havido muitos exemplos de sofrimento. Não é por acaso que a palavra grega para “testemunho” é martys. As páginas da história da Igreja estão repletas de histórias de perseguição. Esta, algumas vezes, tem sido física. Em 1880, pouco depois que o Exército da Salvação foi fundado na Inglaterra,
“publicanos e donos de bordéis desencadearam um selvagem contra-ataque… o Exército descobriu a triste verdade do provérbio espanhol: ‘Quem quiser ser cristão tem que esperar a crucificação”… Em um ano (1882), 669 oficiais do Exército de Salvação foram espancados ou brutalmente assaltados.” Durante a década de 1880, os salvacionistas, ao dedicarem os seus filhos, confessavam que estavam prontos para vê-los sendo “desprezados, odiados, amaldiçoados, espancados, chutados, aprisionados ou mortos por amor a Cristo”. Em outras ocasiões o sofrimento foi mais mental do que físico. Em 1883, por exemplo, “a Marechala”, como sempre foi conhecida a filha mais velha do General Booth, escreveu, em sua cela na prisão de Neuchâtel, na Suíça, um artigo para o War Cry, em que ela refletia sobre a crucificação interior.
Jesus foi crucificado… Desde aquele dia, os homens vêm tentando encontrar uma maneira mais fácil, mas os caminhos mais fáceis fracassam. Se você quer ganhar milhares que estão sem Deus, precisa estar pronto para ser crucificado: seus planos, seus ideais, seus gostos e suas inclinações. Mas as coisas mudaram, diria você; agora há liberdade. Será? Vá e viva a vida de Cristo, fale como ele falou, ensine o que ele ensinou, denuncie o pecado onde quer que o encontre, e veja se o inimigo não se voltará contra você com toda a fúria do inferno… Cristo não foi crucificado na sala de visitas. O que aconteceu com ele não foi nada fácil… Você tem medo de ser espancado, caluniado ou difamado? Então chegou a hora de ser crucificado…
Mas há ainda um terceiro tipo de sofrimento, que é o social. Certa vez, Vincent Donovan, um sacerdote católico americano que trabalhou por dezessete anos entre os Masai, na Tanzânia, perguntou a si mesmo qual seria a marca distintiva de um missionário. Eis a resposta que ele encontrou:
O missionário é essencialmente um mártir social, arrancado de suas raízes, de sua gente, seu sangue, sua terra, seu contexto, sua cultura… Ele tem que ser desnudado até o máximo que um ser humano pode ser, até as próprias entranhas do seu ser… (ele precisa) despir-se de sua própria cultura, a fim de poder ser um instrumento nu e cru do evangelho para as culturas do mundo.
Mas este apelo para o sofrimento e a morte, como condição para uma missão frutífera, soa muito estranho aos nossos modernos ouvidos ocidentais. A respeitável “escravidão de classe média” da igreja não é exatamente uma arena para perseguição. Onde está, hoje, a disposição para sofrer por Cristo? Na tendência evangélica para o triunfalismo parece haver pouco espaço para a tribulação. E o falso “evangelho da prosperidade”, com suas promessas de saúde e riqueza ilimitadas, cega as pessoas para as exortações bíblicas quanto à adversidade.
Mas permanece o fato de que, se fôssemos mais firmes e mais fiéis, certamente sofreríamos mais.
Há três razões principais para a oposição; elas se encontram na esfera da doutrina, da ética e da disciplina. Quanto à doutrina, o evangelho de Cristo continua sendo loucura para os intelectualmente orgulhosos e uma pedra de tropeço para quem se arroga justiça própria; ambos os grupos o consideram humilhante. Quanto à ética, o apelo de Cristo é para a autonegação e o domínio próprio; os autoindulgentes acham inaceitável o seu desafio. Quanto a disciplina, tanto o batismo como a Ceia do Senhor pressupõem arrependimento e fé por parte daqueles que desejam recebê-los; negar estes sacramentos evangélicos a alguém, mesmo a quem admite abertamente que não se arrepende nem crê, é, mesmo assim, considerado por estes um grande ultraje. Assim, quem quer que procure ser fiel na doutrina, na ética e na disciplina certamente haverá de despertar perseguição, tanto na igreja como no mundo.
Estamos, portanto, prontos para suportar o sofrimento de ser ridicularizados, a solidão de ser relegados ao ostracismo, a dor de ser caluniados e difamados? Estamos realmente dispostos, se necessário, a morrer com Cristo para a popularidade e a promoção, para o conforto e o sucesso, para o nosso entranhado senso de superioridade pessoal e cultural, para a nossa egoísta ambição de ser ricos, famosos e poderosos?
É a semente que morre e se multiplica.
Um irmão de Orissa, Índia, contou-me certa vez que, quando ele tinha oito anos de idade, seu pai, que era evangelista, havia sido martirizado, morto por assassinos de aluguel. Na ocasião da morte do seu pai, contou, havia apenas doze igrejas naquela região; quando ele falou comigo havia cento e cinquenta.
A RESSURREIÇÃO DE CRISTO
O mandato missionário
É importantíssimo lembrar que a ressurreição precedeu a Grande Comissão. Foi o Senhor ressurreto que proferiu a sua comissão, ordenando aos seus seguidores que fossem e fizessem discípulos de todas as nações. Ele não poderia tê-los comissionado mais cedo, antes de ser ressuscitado da morte e investido de autoridade. “Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra”, agora ele podia dizer. “Ide, portanto, fazei discípulos…”.
Este é um tema relevante em um livro de Johannes Blauw, ex-secretário do Concílio Missionário Holandês. O livro chama-se A Natureza Missionária da Igreja e o subtítulo, Um Panorama da Teologia Bíblica de Missão. Sua tese é que a perspectiva do Antigo Testamento seria a do “universalismo” (Deus prometendo que todas as nações que ele tinha criado haveriam de vir e adorá-lo), mas não a “missão” (Israel saindo para ganhar as nações). A visão profética dos últimos dias seria a de uma “peregrinação das nações” para Jerusalém. O Monte Sião seria exaltado como principal entre as montanhas e todas as nações afluiriam para ele. No Novo Testamento, porém, essa “consciência missionária centrípeta” é substituída por uma “atividade missionária centrífuga”. Ou seja, em vez de as nações afluírem para a igreja, agora a igreja sai rumo às nações. E qual teria sido o momento da mudança? “A Grande Reviravolta”, declara Johannes Blauw, foi a ressurreição. Ela precedeu a Grande Comissão para ir tendo agora toda autoridade sido dada a Cristo, em cumprimento a Daniel 7.13-14. “Com a Páscoa, começou uma nova era: a entronização de um novo dominador do mundo e a proclamação desse novo senhor entre as nações. A missão é a marca convocatória do Senhorio de Cristo.” “Se, à primeira vista, a missão do Novo Testamento parece centrífuga”, elabora Johannes Blauw posteriormente, “é para capacitá-la a tornar-se centrípeta. Nós saímos para o mundo a fim de reuni-lo; nós atiramos a rede a fim de recolhê-la; nós semeamos a fim de colher.” Além disso, “na própria pessoa de Paulo os aspectos centrípeto e centrífugo da pregação se conciliam.” Isto é, ao sair para pregar o evangelho, ele está congregando gentios e Israel e trazendo-os de volta para casa.
Mas a ressurreição é a chave para ambos os movimentos. É o Senhor ressurreto que nos envia para o mundo, e é o mesmo Senhor ressurreto que congrega as pessoas em sua igreja. A legitimidade da missão universal da igreja tem sua origem no senhorio universal de Cristo. Desta forma a ressurreição abastece o mandato missionário.
A EXALTAÇÃO DE CRISTO
O incentivo para a missão
A motivação é um aspecto muito importante para qualquer empreendimento humano. Nós precisamos saber não somente o que deveríamos estar fazendo, mas também por que deveríamos fazê-lo. Quando o motivo que nos move é forte e profundo, nós conseguimos persistir quase indefinidamente em qualquer tarefa. Mas quando nossa motivação é errônea, nós logo começamos a esmorecer. Isto acontece, sem dúvida nenhuma, na missão cristã. Tentar ganhar pessoas para Cristo é trabalho duro, muito impopular e desvalorizado e, como acabamos de ver, geralmente provoca oposição. Portanto, se a igreja quiser perseverar, precisa de muito estímulo. Meu argumento nesta seção é que o fato de Cristo ter sido exaltado, elevado à direita de Deus Pai, isto é, à posição de suprema honra, constitui-se na mais forte de todas as motivações para fazermos missão.
Neste contexto, é melhor referir-se à “exaltação” de Cristo do que a sua “ascensão”, pois, embora seja verdade que ele “ascendeu aos céus”, mesmo assim dizer que “ele foi exaltado” indica que foi Deus o Pai quem vindicou, promoveu, entronizou e investiu seu Filho. Além disso, as declarações apostólicas sobre a exaltação de Jesus fazem tudo para enfatizar que ele foi elevado acima de todos os rivais possíveis – na verdade, muito acima “de todo principado, e potestade, e poder, e domínio, e de todo nome que se possa referir não só no presente século, mas também no vindouro”. Este é “o lugar mais alto” ao qual Deus exaltou Jesus (“Deus o exaltou sobremaneira”), e a “primazia” que Deus quer que ele desfrute.
Isto explica o uso da palavra “superioridade”, vista com desagrado por aqueles que rejeitam o antigo conceito do exclusivismo e do inclusivismo em favor do novo pluralismo (ver o capítulo 18). Certamente, adotar um “ar de superioridade” em relação aos adeptos de outras religiões é uma terrível manifestação de descortesia e arrogância. Da mesma maneira, como aponta o professor Hick, “nos séculos XVIII e XIX, a convicção da definitiva superioridade do cristianismo” proporcionou um poderoso ímpeto para a expansão imperial do Ocidente. Mas não é para o “cristianismo” como instituição ou sistema empírico que os cristãos deveriam reivindicar superioridade. É Cristo, e somente Cristo. Nós precisamos afirmar, sem nenhum sinal de embaraço ou vergonha, que ele é “superior” a todos os líderes religiosos, justamente porque somente ele se humilhou em amor a ponto de morrer na cruz; e, por isso, Deus o exaltou “acima” de qualquer outra pessoa, classe ou título.
Em virtude de sua elevação ou exaltação ao mais alto lugar, Deus deseja que “todo joelho” se dobre a ele e que “toda língua” confesse o seu senhorio. O repetido “todo” 6 absoluto; não admite nenhuma exceção. Se Deus conferiu a Jesus essa honra suprema e deseja que todas as demais pessoas o honrem, então o povo de Deus deveria compartilhar do seu desejo. As vezes a Escritura fala nisso em termos de “zelo” e até mesmo de “ciúmes”. O profeta Elias, por exemplo, profundamente desgostoso com a apostasia de Israel, e principalmente pelo fato de estarem adorando os deuses cananeus, disse: “Tenho sido zeloso pelo Senhor, Deus dos Exércitos…”. O apóstolo Paulo declarou sentir “zelo” pelos coríntios ” e “zelo de Deus”, dizendo que ele os havia preparado para “apresentá-los” a Cristo “como virgem pura a um só esposo”, mas temia que eles fossem corrompidos e desviados de sua “simplicidade e pureza devidas a Cristo”. Semelhantemente, Henry Martyn, brilhante e fiel missionário cristão no Irã muçulmano lá pelo início do século XIX, disse certa vez: “Se Jesus não tivesse sido glorificado, eu não conseguiria suportar a existência; para mim seria um inferno se ele tivesse de ser sempre desonrado assim.”
Esta mesma sensação de dor sempre que Jesus Cristo é desonrado e a mesma sensação de zelo para que ele receba sempre a honra que lhe é devida deveria agitar o nosso íntimo neste final do século vinte, qualquer que seja a cultura em que vivemos. A motivação primordial para a missão não deve ser nem a obediência à Grande Comissão, nem o amor por aqueles que estão oprimidos, solitários, perdidos ou perecendo, por mais importantes que sejam estas coisas, mas, sim, zelo ou “ciúmes” pela glória de Cristo. Foi “por amor do seu nome”, para que ele recebesse a honra que lhe é devida, que os primeiros missionários partiram. O mesmo anseio e a mesma compaixão deveriam nos motivar.
Esta é, certamente, nossa resposta para quem nos diz que não se deveria mais evangelizar ou buscar conversões. O professor Gregory Baum, da Universidade de Toronto, por exemplo, disse que “depois de Auschwitz, as igrejas cristãs já não querem mais converter os judeus”, porque “as igrejas passaram a considerar o Judaísmo como uma religião autêntica diante de Deus, com valor e significado próprios, e não como um estágio a caminho do Cristianismo”. Da mesma forma, um bispo católico grego, ao pedir a demissão, escreveu aos seus amigos: “Como bispo, pregador do evangelho, eu nunca tentei converter um judeu ou um muçulmano árabe ao cristianismo; pelo contrário, sempre tentei convertê-los a se fazerem um melhor judeu, um melhor maometano.” Será que estas pessoas não têm nenhum zelo pela honra de Jesus Cristo? Será que não se importam quando ele é desprezado e rejeitado? Será que não desejam, assim como Deus, que todos os seres humanos, qualquer que seja a sua cultura ou religião, dobrem os joelhos diante de Jesus e se submetam a ele como Senhor? E este zelo por Cristo que integra a adoração e o testemunho da igreja. Como podemos adorar a Cristo e não ligar se os outros o fazem? E a nossa adoração a Cristo que nos impele a testemunhar de Cristo, a fim de que outros também possam vir e adorá-lo.
O DOM DO ESPÍRITO DE CRISTO
O poder para a missão
A Conferência Missionária Mundial realizada em Edimburgo em 1910 foi descrita por John R. Mott, sua figura principal, como “a mais significativa reunião já realizada no interesse da evangelização do mundo”. Após apresentar um panorama das oportunidades, problemas e incentivos para a evangelização mundial, John Mott enumera quatro “pré-requisitos para a situação presente”. Ele começa com (1) um plano adequado, (2) uma sede apropriada e (3) uma igreja eficiente no campo de missão. O quarto pré-requisito ele chama de “o fator sobre-humano”. E então acrescenta que, embora haja entre missionários, líderes nacionais e de missão divergências substanciais no que concerne a planos, meios e métodos, eles são absolutamente unânimes na convicção de que a evangelização do mundo é um empreendimento divino, de que o Espírito de Deus é o grande Comissionador e de que somente se ele dominar a obra e os obreiros é que nós podemos esperar ser bem-sucedidos na tarefa de levar o conhecimento de Cristo a todo o mundo. Eles acreditam que ele deu à igreja primitiva o impulso missionário e que hoje toda verdadeira obra missionária deve ser inaugurada, dirigida e sustentada por ele.
Já durante o seu ministério público Jesus havia chamado atenção para a natureza e propósito missionário do Espírito Santo. Ele o comparou a “fontes de águas vivas” irrigando o deserto e prometeu que elas iriam jorrar de dentro de cada um que cresse. “Ninguém pode… ser habitado pelo Espírito de Deus”, comenta William Temple, “e guardar o Espírito para si mesmo. Onde quer que o Espírito esteja, ele transborda; se não houver derramamento do Espírito, então ele não está ali.” E isto ficou provado na igreja primitiva a partir do dia do Pentecoste, como vimos no capítulo 19.
Existem, é claro, diferenças entre as igrejas e dentro destas com relação aos movimentos carismáticos ou neopentecostais, quanto ao chamado “batismo do Espírito santo”, a diversidade dos dons espirituais e o lugar dos “sinais e maravilhas” na evangelização e no crescimento da igreja. Mas todos nós deveríamos ser capazes de afirmar juntos que é impossível evangelizar sem o Espírito Santo, sem o “Deus Evangelista”, como o chama o professor David Wells em um livro que carrega este título. Eu acho que não há melhor maneira de resumir o indispensável ministério do Espírito do que citando o Manifesto de Manila (1989):
As Escrituras declaram que o próprio Deus é o principal evangelista. Afinal, o Espírito de Deus é o Espírito da verdade, do amor, da santidade e do poder, e sem ele é impossível evangelizar. E ele que unge o mensageiro, confirma a palavra, prepara o ouvinte, convence o pecador, ilumina os cegos, dá vida aos mortos, capacita-nos a arrepender-nos e a crer, une-nos ao Corpo de Cristo, assegura-nos de que somos filhos de Deus, leva-nos a ter o caráter de Cristo e a servir como ele, e então nos envia para sermos testemunhas de Cristo. Em tudo isso, a principal preocupação do Espírito Santo é glorificar a Jesus Cristo, revelando-o a nós e formando-o em nosso interior.
Toda evangelização implica em guerra espiritual com os principados e os poderes do mal, e nessa guerra só podem prevalecer as armas espirituais, principalmente a Palavra e o Espírito, com oração. Convocamos, pois, todos os cristãos a serem diligentes em suas orações, tanto em favor da renovação da igreja como da evangelização do mundo.
Toda conversão autêntica envolve um encontro de poderes, em que se demonstra a autoridade superior de Jesus Cristo. Não existe maior milagre do que este, em que o crente é libertado da escravidão de Satanás e do pecado, do medo e da futilidade, da escuridão e da morte.
Embora os milagres de Jesus tenham sido especiais, por serem sinais de sua messianidade e antecipações do seu reino perfeito, em que toda a natureza se sujeitará a ele, nós não temos hoje nenhum direito de impor limites ao poder do Criador que vive. Rejeitamos, pois, tanto o ceticismo que nega os milagres, como a arrogância que os exige, tanto a timidez que se afasta da plenitude do Espírito como o triunfalismo que nega a fraqueza em que se aperfeiçoa o poder de Cristo.
Arrependemo-nos de todo esforço baseado na confiança própria, seja de evangelizar pela nossa própria força, seja de dar ordens ao Espírito Santo. Determinamo-nos a, no futuro, não “entristecer” nem “apagar” o Espírito, mas procurar espalhar as boas novas “com poder, com o Espírito Santo e com profunda convicção”.
É urgente a necessidade de nos humilharmos diante do soberano Espírito Santo hoje. É importante ter noções de Sociologia e Comunicações. Na verdade, existem dons de Deus que devem ser usados na evangelização. Mas precisamos cuidar para que estes não reduzam a nossa confiança no poder no Espírito Santo. Somente o Espírito Santo de Deus pode tomar palavras proferidas em fraqueza humana e devolvê-las impregnadas de poder para a mente, consciência e vontade dos ouvintes. Somente ele pode abrir os olhos dos cegos para que estes vejam a verdade tal como ela é em Jesus, destapar os ouvidos dos surdos para que ouçam a sua voz e soltar a língua dos mudos para que confessem que ele é o Senhor. O Espírito Santo é a testemunha-chave; “sem seu testemunho, o nosso testemunho é vão”.
A PARUSIA DE CRISTO
A urgência da missão
Havia, na atitude dos Doze logo depois da ascensão, algo de fundamentalmente anômalo. Eles haviam sido comissionados para ir “até os confins da terra”; no entanto, ficaram ali parados no Monte das Oliveiras “com os olhos fitos no céu”! Então foi-lhes prometido que o Jesus que acabara de desaparecer haveria de aparecer novamente no tempo devido. Este evento eles precisavam esperar; de nada adiantaria ficarem ali observando o céu, pois isso não apressaria em nada o evento. Enquanto isso, uma vez que fossem revestidos do poder do Espírito, eles deviam enfrentar sua tarefa. Sua preocupação deveria ser com a terra e não com o céu. Assim, os quatro estágios do programa divino estavam bem claros. Primeiro, Jesus voltou para o Pai (Ascensão). Segundo, veio o Espírito Santo (Pentecoste). Terceiro, a igreja sai para fazer discípulos (Missão). Quarto, Jesus voltará (Parusia). Entre o primeiro e o quarto eventos, a ascensão e a parusia, o desaparecimento e o reaparecimento de Jesus, haveria um período “inter-advento” não especificado, durante o qual não se daria nenhum evento salvífico. A lacuna deveria ser preenchida com o testemunho mundial da igreja. Assim, a mensagem implícita dos anjos depois da ascensão foi esta: “Vocês o viram partir. Vocês o verão voltar. Mas entre essa ida e vinda é necessário que haja outra. O Espírito precisa vir, e vocês precisam ir — para o mundo, por Cristo.”
É desta forma que a parusia de Jesus está ligada à missão da igreja. A parusia dará fim ao período missionário que começou com o Pentecoste. Nós só dispomos de um tempo limitado no qual completar a responsabilidade que nos foi confiada por Deus. Precisamos, portanto, resgatar a ansiosa expectativa escatológica dos primeiros cristãos, juntamente com o senso de urgência que ela lhes deu. Jesus havia prometido que o fim não viria antes que o evangelho do Reino tivesse sido pregado através do mundo todo, a todas as nações. Mas nós não temos nenhum direito de pressupor que dispomos de todo o tempo do mundo e, portanto, sair arrastando os pés ou reduzir o ritmo de nossa missão. Pelo contrário, a igreja se encontra “a caminho apressando-se rumo aos confins da terra a fim de exortar todos os homens a que se reconciliem com Deus, e apressando-se rumo ao final dos tempos para encontrar-se com o seu Senhor, que haverá de congregar todos em um só”. Os dois finais irão coincidir.
Outra importante ligação entre a missão da igreja e a volta do Senhor tem a ver com juízo. “Importa que todos nós compareçamos perante o tribunal de Cristo”, escreveu Paulo, “para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito…”. Aqui não se trata, evidentemente, do juízo universal quanto ao nosso destino eterno, mas de um julgamento particular do povo de Deus, relacionado com a nossa vida e ministério cristão. Ele tem a ver com a promessa de algum tipo de reconhecimento e recompensa — ou então o oposto. O próximo versículo diz: “E assim, conhecendo o temor do Senhor, persuadimos aos homens…”. Ou seja: a razão pela qual nós procuramos persuadir as pessoas quanto à verdade do evangelho é que nós estamos diante do tribunal do Senhor Jesus, perante o qual teremos de prestar contas um dia. Eu me lembro das solenes passagens na profecia de Ezequiel em que Deus o aponta como “um atalaia da casa de Israel” e lhe dá a responsabilidade de advertir o povo quanto ao juízo vindouro. Se ele deixar de dar ao perverso a advertência apropriada, e não tentar dissuadi-lo dos seus maus caminhos, diz Deus, “o seu sangue eu o demandarei de ti”. Da mesma forma, o apóstolo confiou a Timóteo essa responsabilidade de “pregar a Palavra” com urgência, não somente “perante Deus e Cristo Jesus”, mas também “pela sua manifestação e pelo seu reino”, pois ele “há de julgar vivos e mortos”. Viver, trabalhar e testemunhar em consciente antecipação da parusia e julgamento de Cristo é um saudável estímulo à fidelidade. A Escritura nos adverte que, na perspectiva de Deus, o tempo é curto, a necessidade é grande e a tarefa é urgente.
Vamos recapitular o que a carreira salvífica de Cristo nos diz acerca da missão. O modelo da missão é a sua encarnação (identificação sem perda de identidade); o preço da missão é a sua cruz (a semente que morre se multiplica); seu mandato é a sua ressurreição (agora, toda a autoridade pertence a ele); sua motivação é a exaltação de Cristo (a honra do seu nome); seu poder é o dom do Espírito (que é a testemunha por excelência); e a urgência da missão é sua parusia (quando ele vier, nós teremos que prestar-lhe contas).
Parece-me que a igreja, para sua inspiração e direção, precisa voltar sempre de novo a essa base cristológica da missão. E este o desafio que temos diante de nós: conseguir ver em Jesus Cristo algo digno de nossa tarefa. Precisamos arrepender-nos de nosso pessimismo (especialmente no Ocidente), nossas baixas expectativas, nossa cínica descrença de que, embora a igreja possa crescer em algum outro lugar, ela nunca crescerá entre nós. Baboseira pura! Se pelo menos conseguíssemos ter acerca de Jesus Cristo uma visão completamente renovada e animadora, vendo-o como Jesus encarnado e crucificado, ressurreto e reinando, concedendo o Espírito e vindo de novo! Então nós teríamos clareza de propósito e força de motivação, coragem, autoridade, poder e paixão pela evangelização do mundo hoje.
Em um sermão de aniversário da Sociedade Missionária (creio que em 1805), John Venn, Reitor de Clapham, descreveu um missionário nos termos a seguir. Seu eloquente retrato aplica-se igualmente a todas as testemunhas cristãs:
Com o mundo aos seus pés, com o céu em seus olhos, com o evangelho nas mãos e Cristo em seu coração, ele apela na qualidade de embaixador de Deus, nada mais j sabendo a não ser Jesus Cristo, nada mais desfrutando a não ser a conversão dos pecadores, nada mais esperando a não ser a promoção do reino de Deus, e gloriando-se unicamente na cruz de Jesus Cristo, pela qual está crucificado para o mundo e o mundo para ele.
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