O QUE A BÍBLIA ME ENSINOU

O que a Bíblia me ensinou

EVANGELIZAÇÃO ATRAVÉS DA IGREJA LOCAL

Sou muito grato aos líderes anglicanos da África por terem proposto (e aos outros por terem concordado) que os últimos dez anos do século XX — ou seja, do segundo milênio d.C. — fossem declarados “Uma Década de Evangelização”.

Esta decisão da Conferência de Lambeth (1988) colocou a evangelização no topo da agenda desafiando-nos, portan­to, a perguntar a nós mesmos o que é que sabemos e cremos quanto a evangelizar. Afinal, agora toda a comunidade viu-se na obrigação de encarar uma responsabilidade da qual tantas vezes tem se esquivado: o chamado para dar tes­temunho de Jesus Cristo. Outras denominações também vêm dando prioridade à evangelização nos anos 90 e es­tabelecendo objetivos para o ano 2000.

Conforme a definição aceita pelos anglicanos, evangelizar é “tornar conhecido, em palavra e em ação, o amor do Cristo crucificado e ressuscitado no poder do Espírito Santo, a fim de que as pessoas se arrependam, creiam e recebam a Cristo como seu Salvador e, em obediência, sirvam a ele como seu Senhor na comunhão de sua igreja”.

Não que a evangelização seja alheia ao ethos do Anglicanismo. Longe disso. O Segundo Livro das Homilias, por exemplo, escrito em sua maior parte pelo Bispo John Jewel de Salisbury e publicado em 1571, contém a seguinte admoestação: “Qualquer homem que seja um cristão si­lencioso e que não professe abertamente a sua fé, ocultando-se e disfarçando-se por medo de perigo que possa vir, dará aos outros ocasião para duvidar, com toda razão e de boa consciência, que ele tenha dentro de si a graça do Espírito Santo, já que é preso de língua e não fala.”

VÁRIAS FORMAS DE EVANGELIZAR

A evangelização pode assumir diferentes formas. Desde que Jesus ofereceu a água da vida à mulher samaritana no poço de Jacó, e desde que Filipe assentou-se ao lado do etíope em sua carruagem para anunciar-lhe as boas novas de Jesus, o evangelismo pessoal tem tido impecáveis prece­dentes bíblicos. Ainda é nosso dever, sempre que surge uma oportunidade e em espírito de humildade, compartilhar Cristo com aqueles parentes, amigos, vizinhos e colegas que ainda não o conhecem.

A evangelização de massas (a pregação de um evan­gelista para as multidões) também tem sido, através dos séculos, visivelmente abençoado por Deus. A desgraça em que têm caído alguns tele evangelistas americanos nos últimos tempos não contradiz este fato. Além do mais, o próprio Jesus proclamou as boas novas do reino para as multidões na Galileia. O mesmo fez o apóstolo Paulo aos pagãos de Listra e aos filósofos de Atenas, e Wesley e Whitefield na Inglaterra e na América do século XVIII. Ainda hoje, evangelistas privilegiados de muitas nacionalidades pregam efetivamente para enormes multidões, mesmo sabendo que o seu ministério depende da cooperação ativa de igrejas e cristãos. E por todo o mundo existem pastores e leigos que levam a sério a sua pregação, conscientes de que em suas congregações sempre haverá tanto não-cristãos como cristãos nominais que precisam ouvir o evangelho.

Não obstante, pode-se dizer que a evangelização através da igreja local é o método mais normal, natural e produtivo de se divulgar o evangelho hoje. Há duas razões principais para recomendá-lo.

A primeira delas encontra-se na Escritura. Segundo o apóstolo Pedro, a igreja é, ao mesmo tempo, “um sacerdócio real”, destinado a oferecer sacrifícios a Deus (ou seja, a adoração), e “uma nação santa”, que divulga os louvores de Deus (ou seja, o testemunho). Além disso, estas res­ponsabilidades da igreja universal se desenvolvem em cada igreja local. Toda congregação cristã é chamada por Deus para ser uma comunidade que adora e testifica. Com efeito, cada um desses dois deveres envolve necessariamente o outro. Se nós adoramos verdadeiramente a Deus, reconhe­cendo e adorando o seu infinito valor, somos igualmente impelidos a torná-lo conhecido de outros, a fim de que eles também possam adorá-lo. Assim, a adoração conduz ao testemunho, e o testemunho, por sua vez, produz adoração, em um círculo vicioso.

Os tessalonicenses deram um belo exemplo de evange­lização através da igreja local. Bem no comecinho de sua primeira carta para eles Paulo aponta para esta notável sequência: “… o nosso evangelho … chegou até vós … Tendo recebido a palavra … de vós repercutiu a palavra do Se­nhor”. É como se a igreja local fosse um eco que reflete e amplifica as vibrações que recebe, ou como um satélite de comunicação, que primeiro recebe e depois transmite uma mensagem. Toda igreja que já ouviu o evangelho deve passá-lo adiante. Este continua sendo o principal método evangelístico de Deus. Se todas as igrejas tivessem sido fiéis, o mundo já teria sido evangelizado há muito tempo.

O segundo argumento parte da estratégia. Cada igreja local está situada em um contexto específico. Sua primeira responsabilidade missionária, portanto, deve ser para com as pessoas que vivem ali. A congregação é situada estra­tegicamente a fim de atingir aquele bairro. Qualquer partido político morreria de ciúmes da nossa situação e do pessoal que existe à nossa disposição. Em muitos países as igrejas têm amplos recursos para disseminar o evangelho através de seu território.

Assim, teologia bíblica e estratégia prática combinam-se para fazer da igreja local o agente primordial da evangelização.

Mas, se a igreja local quiser levar a efeito o papel que lhe foi designado por Deus, primeiro ela tem que preencher quatro pré-requisitos. Ela precisa compreender-se (a teo­logia da igreja), organizar-se (as estruturas da igreja), expressar-se (a mensagem da igreja) e ser ela mesma (a vida da igreja).

A IGREJA PRECISA COMPREENDER-SE

A teologia da igreja

Eu não vou me desculpar por começar pela teologia. Muitas igrejas encontram-se enfermas porque têm uma falsa ima­gem de si mesmas. Elas ainda não chegaram a entender, nem quem elas são (sua identidade), nem para que foram chamadas (sua vocação). Todos nós sabemos que, para a saúde mental, é importante que se tenha uma autoimagem bem acurada. E o que vale para as pessoas vale também para as igrejas.

Hoje em dia prevalecem pelo menos duas falsas imagens com relação à igreja.

A primeira delas é a do clube religioso (ou o cristianismo introvertido). Segundo esta visão, a igreja local lembra, de certa forma, o clube local, com a diferença de que o interesse comum entre os seus membros é Deus e não as atividades sociais. Eles se consideram pessoas religiosas que adoram fazer coisas juntas. Pagam suas mensalidades e, com isso, sentem-se no direito de gozar certos privilégios. O impor­tante para eles é o status e as vantagens de serem membros do clube. Eles evidentemente esqueceram (se é que jamais a conheceram) a significativa declaração atribuída a William Temple, de que “a igreja é a única sociedade cooperativa do mundo que existe para o benefício de seus não-membros”. Ao invés disso, encontram-se completamente introvertidos, voltados para dentro, como uma unha encravada. Na verdade, Temple exagerou um pouco, pois os membros da igreja têm uma certa responsabilidade uns para com os outros, como o atestam os muitos “uns aos outros” que aparecem em versículos do Novo Testamento (“amai uns aos outros”, “fortalecei uns aos outros”, “levai as cargas uns dos outros”, etc.). Nossa responsabilidade primordial, no entanto, é nossa adoração a Deus e nossa missão no mundo.

No extremo oposto dos clubes religiosos encontra-se a missão secular (ou cristianismo sem religião). Foi na década de 60 que certos pensadores cristãos ficaram compreen­sivelmente irritados com aquilo que, na sua opinião, se constituía em egocentrismo eclesiástico da igreja. Esta lhes parecia tão incorrigivelmente absorta em suas pró­prias questiúnculas internas que eles acharam melhor abandoná-la e ir embora. Como arena de serviço divino, eles trocaram a igreja pela comunidade secular. Já não lhes interessavam mais os cultos de adoração, diziam, mas somente servir aos outros. Assim, tentaram desenvolver um “cristianismo sem religião”, substituindo os cultos de adoração pela missão, o amar a Deus por amar ao próximo e o orar a Deus por ir ao encontro das pessoas.

E agora, trinta anos depois, como deveríamos avaliar este movimento? Certamente temos de admitir que o de­sagrado deles pela religião egoísta estava certo. Se ele é desprezível para Deus, também deveria ser repugnante para nós. Mas o conceito de um “cristianismo sem religião” foi uma reação exagerada e desequilibrada. Não temos o direito de confundir adoração e missão, mesmo que (como vimos aqui) cada um deles tenha a ver com o outro. Há sempre um elemento de missão na adoração e de adoração na missão; os dois, contudo, não são sinônimos.

Existe uma terceira forma de se compreender a igreja. Ela combina o que há de verdade em ambas as imagens errôneas vistas acima e reconhece que nos cabe a respon­sabilidade, tanto de adorar a Deus como de servir ao mundo. E a dupla identidade da igreja (ou o cristianismo encar­nado). Quando eu falo de “dupla identidade”, quero dizer que a igreja é um povo que foi chamado para sair do mundo a fim de adorar a Deus e, ao mesmo tempo, é enviado de volta ao mundo a fim de testemunhar e servir. Estas são, de fato, duas das “marcas” clássicas da igreja. De acordo com a primeira, a igreja é “santa”, separada para pertencer a Deus e para adorá-lo. Conforme a segunda, a igreja é “apostólica”, enviada ao mundo em sua missão. Por outro lado, nós poderíamos dizer que a igreja é convocada por Deus para ser simultaneamente “santa”(diferente do mundo) e “mundana” (não no sentido de assimilar os valores e padrões deste mundo, mas no sentido de renunciar ao seu “pertencer a outro mundo”, tornando-se, ao invés disso, total participante na vida deste mundo). Quem captou admiravelmente essa dupla identidade da igreja foi o Dr. Alec Vidler, ao referir-se à “santa mundanidade” desta.

Ninguém jamais demonstrou tanto quanto o próprio Senhor Jesus Cristo o que significa esta “santa mundanidade”. Sua encarnação é a perfeita encarnação dessa mundanidade. Por um lado, ele desceu ao nosso mundo e assumiu a completa realidade da nossa humani­dade. Tornou-se um conosco em nossa fragilidade, expondo-se às tentações. Comungou com gente comum, que se juntava ansiosamente ao seu redor. Ele aceitou todo mundo, sem desprezar ninguém. Identificou-se com as nossas tristezas, nossos pecados e nossa morte. Contudo, ao misturar-se livremente com gente como nós, ele nunca sacrificou nem comprometeu sequer por um momento a sua própria identidade e unicidade. Ele vivenciou a per­feição da “santa mundanidade”.

E agora ele nos envia ao mundo, assim como ele mesmo foi enviado ao mundo. Assim como participou de nosso mundo, nós também precisamos fazer parte do mundo das outras pessoas: o mundo dos seus pensamentos (tentando compreender os mal-entendidos do evangelho), o mundo dos seus sentimentos (procurando empatizar com as suas dores), o mundo do seu dia-a-dia (vivenciando a humilhação de sua situação social, seja ela pobreza, desabrigo, desem­prego ou discriminação). Michael Ramsey expressou isto muito bem ao dizer que “Nós afirmamos e recomendamos a fé somente na medida em que saímos e participamos com amorosa simpatia das dúvidas daquele que duvida, das questões daquele que questiona e da solidão daqueles que perderam o caminho.” Mas essa penosa entrada no mundo dos outros não deve ser empreendida à custa de nossa própria integridade cristã. Nós somos chamados para manter intatos os padrões de Jesus Cristo.

Raramente, no decorrer de sua longa história, a igreja conseguiu preservar essa dupla identidade da santa mun­danidade que lhe foi conferida por Deus. Pelo contrário, sua tendência é oscilar entre os dois extremos. Às vezes, supervalorizando a sua santidade, a igreja se afasta do mundo, negligenciando, assim, a sua missão. Outras vezes, super enfatizando a sua mundanidade, ela se adapta ao mundo, assimilando as visões e os valores deste e negli­genciando, assim, a sua santidade. Mas, para cumprir a sua missão, a igreja precisa atender com fidelidade a ambos os chamados e preservar ambas as partes de sua identidade.

A “missão” surge, portanto, da doutrina bíblica de que a igreja está no mundo. Se nós não formos “a igreja”, o povo santo e separado de Deus, nada teremos a dizer, pois estamos comprometidos. Se, por outro lado, não estiver­mos “no mundo”, profundamente envolvidos em sua vida e sofrimento, não teremos ninguém a quem servir, porque estamos isolados. Nós somos chamados para ser, ao mesmo tempo, “santos” e “mundanos”. Sem essa eclesiologia bíblica equilibrada, nunca resgataremos nem cumprire­mos a nossa missão.

A IGREJA PRECISA ORGANIZAR-SE

As estruturas da igreja

A igreja precisa organizar-se de tal maneira que expresse a sua compreensão de si mesma. Suas estruturas devem refletir a sua teologia, especialmente sua dupla identidade. O defeito mais comum da igreja é ser estruturada para a “santidade” em vez de para a “mundanidade”, para o culto e comunhão em vez de ser estruturada para a missão. Foi esta a ênfase do relatório “A Igreja para os Outros” (1968), subintitulado “Uma Busca por Estruturas para Congre­gações Missionárias”. Nem é preciso concordar com tudo o que está escrito no livro para aceitar que

a igreja que é missionária não se preocupa consigo mesma — ela é uma igreja para os outros… Seu centro está fora, e não dentro dela; ela deve viver ” descentralizadamente “… A igreja tem que voltar-se para fora, para o mundo… Precisamos reconhecer que as igrejas têm se transfor­mado em “igrejas de espera”, para as quais se espera que as pessoas venham. Suas estruturas herdadas ressaltam e encarnam esta visão estática. Pode-se dizer que nós corremos o risco de perpetuar “estruturas de vinda”, ao invés de substituí-las por “estruturas de ida”. Pode-se dizer que a inércia tem substituído o dinamismo do evangelho e da participação na missão de Deus.

Além disso, nossas estruturas estáticas, inflexíveis e cen­tralizadas são “estruturas heréticas”, pois elas incorpo­ram uma doutrina herética da igreja.

Certas igrejas, em seu zelo, organizam um programa superlotado de atividades concentradas na igreja. Arran­jam uma coisa para cada noite da semana. Na segunda-feira à noite reúnem-se as comissões; na terça-feira à noite, os grupos de comunhão. Na noite de quarta-feira realizam-se os estudos bíblicos e na quinta-feira à noite a reunião de oração. Até nas noites de sexta e sábado outras causas nobres ocupam o tempo e a energia das pessoas. Estas igrejas dão a impressão de que o seu principal objetivo é manter os seus membros ocupados o tempo todo! E estes, com toda certeza, não têm nem tempo nem oportunidade para se meter em encrencas, já que estão tão ocupados com a igreja toda santa noite da semana!

Mas um programa desses, tão cheio e tão centralizado na igreja, por mais admirável que pareça à primeira vista, tem muitas desvantagens e apresenta muitos riscos. Para começar, é prejudicial à vida da família cristã. Matrimónios se rompem e famílias se desintegram, pois o pai e/ou a mãe raramente estão em casa. Além disso, impede os membros da igreja de se envolverem com a comunidade local, pois estão demasiadamente preocupados com a igreja local. Portanto, ele contradiz uma parte essencial da identidade da igreja, que é a “mundanidade”. Como disse Richard Wilke, da Igreja Metodista Unida dos Estados Unidos, “a nossa estrutura tornou-se um fim em si mesma, não um meio de salvar o mundo”. Neste sentido, ela é uma es­trutura herética.

Às vezes eu me pergunto (embora eu exagere, a fim de estabelecer o meu argumento) se não seria mais saudável se os membros da igreja só se encontrassem aos domingos (para adorar a Deus, ter comunhão entre si e receber ensino) e em hipótese nenhuma durante a semana. Aí a gente se congregaria aos domingos e se espalharia pelo resto da semana. Nós viríamos a Cristo para adorá-lo e iríamos por Cristo em missão. E, nesse ritmo de domingo-dias-da-semana, congregar-e-espalhar, vai-e-vem, adoração-e-missão, a igreja expressaria sua santa mudanidade, e sua estrutura se adaptaria à sua dupla identidade.

Mas, então, como é que as igrejas locais deveriam se organizar? O ideal, a meu ver, é que a cada cinco ou dez anos cada igreja realizasse uma pesquisa a fim de se avaliar e especialmente para descobrir até onde as suas estruturas refletem a sua identidade. Na verdade, ela deveria realizar duas pesquisas, uma sobre a comunidade local e a outra sobre a igreja local, para descobrir até que ponto a igreja está se envolvendo com a comunidade a fim de levá-la a Cristo. Aliás, esta ideia foi adotada há pouco tempo na Inglaterra por uma comissão que trabalha em áreas ur­banas, que produziu um importante relatório intitulado Fé na Cidade. Ali se recomenda “uma auditoria na igreja local”, que consistiria de um “perfil da igreja” (“desen­volver uma descrição adequada da igreja local”) e um “perfil do bairro” (“desenvolver descrição apropriada do bairro”). Vou considerar os dois na ordem inversa:

Uma pesquisa sobre a comunidade local cada igreja está localizada em um contexto específico e precisa familiarizar-se com este em todas as suas parti­cularidades. Para tanto, é preciso elaborar um questioná­rio. Eis aqui algumas das questões que deveriam ser in­cluídas:

  1. Que tipo de pessoas vive em nossa vizinhança? Qual é a sua origem étnica, nacionalidade, religião, cultura, seu meio de comunicação preferida (TV?) e o seu trabalho? Qual é a proporção de famílias normais, famílias sem pai ou sem mãe, solteiros, idosos, jovens? Quais são as principais necessidades sociais da área, concernentes a moradia, emprego, pobreza, educação?
  2. Existem no bairro centros educacionais, sejam eles esco­las, colégios, centros profissionalizantes, creches?
  3. Que estabelecimentos comerciais existem no bairro? É uma área de atividade rural? Existem fábricas, escritórios, lojas ou estúdios? O nível de desemprego é signifi­cativo?
  4. Onde moram as pessoas: em casas ou apartamentos? São proprietários ou inquilinos? Existem hotéis, pensões, casas estudantis, conjuntos residenciais, lares para ido­sos?
  5. Onde as pessoas se reúnem nas horas de folga: em lan­chonetes ou restaurantes, bares ou discotecas, shopping-centers, clubes, associações, bingos, teatros, cinemas, campos de futebol, parques ou nas esquinas?
  6. Que serviços públicos são disponíveis no bairro? Há polícia, corpo de bombeiros, presídio, hospital, biblio­teca pública, outros serviços sociais?
  7. Existem outros prédios religiosos — igrejas ou capelas, sinagoga, mesquita, templos, salas esotéricas?
  8. A comunidade tem sofrido mudanças nos últimos dez anos? Que mudanças são previstas para os próximos dez anos?

Uma pesquisa sobre a igreja local

Nesta segunda pesquisa será preciso fazer perguntas de sondagem. A igreja está organizada somente em função de si mesma, para sua própria sobrevivência e conveniência e para a preservação de seus privilégios? Ela é organizada para servir a si mesma ou para servir a Deus e a comu­nidade? Quais são as suas tradições e convenções mais apreciadas e que a separam desnecessariamente da comu­nidade? O questionário deveria incluir as seguintes áreas:

O prédio da igreja. A tendência dos membros de uma igreja é interessar-se mais pelo seu interior (beleza, conforto e amenidades). Mas nós precisamos também andar em volta do templo e olhar para ele com os olhos de estranho: Qual é a impressão que ele dá? Parece uma fortaleza (escura, austera e proibitiva), ou é um lugar claro, amistoso e convidativo?

Vou dar um exemplo. Certa vez visitei a enorme praça da catedral da capital de uma república da América Latina. No meio da praça havia a estátua do herói nacional, que havia libertado o país dos conquistadores espanhóis no começo do século passado. Um dos lados da praça era inteiramente ocupado pela catedral católica romana. Tentei entrar, mas estava fechada. Nos degraus que levavam à sua porta principal, porém, havia três seres humanos: um bêbado que acabara de vomitar copiosamente, um mendigo cego vendendo fósforos e uma prostituta oferecendo-se em plena luz do dia a quem quer que passasse por ali. Um bêbado, um mendigo e uma prostituta, três símbolos da tragédia humana! E, atrás deles, uma catedral fechada, como que a dizer: “Afastem-se! Ninguém quer vocês aqui!” Eu imagino que deve haver boas razões para manterem fechada aquela catedral. O que me preocupa são as “vibrações” transmitidas por aquela cena.

E necessário também olhar com olhos críticos para o interior do prédio da igreja, especialmente com os olhos dos visitantes não-cristãos: a decoração, os móveis, a iluminação (e o aquecimento, em lugares frios), os quadros de anúncios, os cartazes, as exposições de livros e de folhetos.

Os cultos da igreja. Tanto nas sinagogas judaicas do primeiro século como na igreja cristã do século XX, existem, na “periferia” de toda congregação, “tementes a Deus” que são atraídos a Cristo, mas que ainda não se comprometeram com ele. Como são os nossos cultos? São planejados visando as pessoas comprometidas, ela­borados apenas para os “iniciados” e, portanto, não dizem a mínima para quem vem de fora? Será que nos lembramos dos membros periféricos e dos não-membros que podem estar presentes? E as formas de culto, a liturgia e a linguagem, a música (palavras, melodias e instrumentos), os assentos, como também as roupas, tanto do clero como da congregação? Precisamos indagar-nos quanto às vibrações que todas estas coisas produzem.

Os membros da igreja. Os nossos membros estão mobi­lizados para a missão? Ou nossa igreja é tão clericalizada (i.e., dominada pelos pastores) que torna isto impossí­vel? Ela já tomou consciência do ensino do Novo Tes­tamento sobre o “sacerdócio universal do corpo de Cristo”? Ou ela é menos um corpo do que uma pirâmide, com os pastores no topo e os leigos apertadinhos nas fileiras inferiores de sua base? Os membros da igreja são também membros da comunidade? Ou eles vivem, ou confinados às atividades da igreja, ou então prati­cando um cristianismo de vai-e-vem (viajando longas distâncias para ir à igreja), o que torna um envolvimento local difícil e até artificial?

O programa da igreja. Nós encarceramos os nossos membros na igreja? Ou liberamos deliberadamente pelo menos alguns deles (inclusive líderes) de compromissos da igreja a fim de encorajá-los a trabalharem por Cristo na sua comunidade, e então os apoiamos com nosso interesse e orações enquanto eles fazem isso? Certificamo-nos de que a verdade bíblica da dupla identidade da igreja seja ensinada e encarnada, e que haja treinamento disponível para aqueles que queiram comprometer-se com o serviço e o testemunho cristão?

As duas pesquisas (sobre a comunidade e sobre a igreja) precisam ser estudadas pela liderança da igreja (pastores e leigos), tanto em separado como em relação uma com a outra. Dessa reflexão, então, surgirá uma estratégia de missão. A liderança (de preferência juntamente com outros que queiram envolver-se) pode estabelecer objetivos de curto e longo prazos, elaborando uma lista de prioridades. Talvez se chegue a algumas conclusões — por exemplo: a de que a igreja está sofrendo com uma falsa imagem e precisa, acima de qualquer outra coisa, de alguns ensinamentos bíblicos sobre a sua santa mundanidade e as implicações disto para a missão; ou que se deve elaborar um programa de treinamento para preparar os membros para a evangelização; ou que as atividades concentradas na igreja deveriam ser reduzidas, para assim aumentar o envolvimento dos membros com a comunidade.

Talvez a decisão seja reestruturar radicalmente o prédio da igreja, sua decoração, a posição dos bancos, os cultos; ou organizar uma visitação geral na área, se possível em colaboração com outras igrejas locais; ou então organizar um grupo de especialistas que vão penetrar em segmentos específicos, seculares, do bairro. Por exemplo, um grupo de jovens comprometidos poderia adotar uma discoteca local, não para fazer investidas evangelísticas ocasionais, mas visitá-la regularmente (de dois a dois) durante um longo período, a fim de fazer amizade com os jovens que a frequentam.

Outra ideia seria organizar reuniões caseiras na vizi­nhança, ou uma série de palestras apologéticas em um local neutro, ou cultos evangelísticos regulares, para os quais os membros seriam incentivados a convidar os seus amigos. Ou pode ser que a igreja resolva assumir alguma neces­sidade social específica da área, que tenha vindo à tona na pesquisa, e incentivar um grupo para estudá-la e depois sugerir o que fazer. Todas estas decisões serão elaboradas para ajudar a igreja a identificar-se com a comunidade e a desenvolver estruturas que facilitem uma missão ver­dadeiramente encarnada.

A IGREJA PRECISA EXPRESSAR-SE

A mensagem da igreja

Não basta que a igreja local se compreenda e se organize apropriadamente; ela precisa também articular sua mensagem. Afinal, evangelizar, no sentido mais simples e mais básico, é compartilhar o evangelho. Assim, para definir a evangelização é preciso também definir as boas novas.

Não há dúvida de que a essência do evangelho é o próprio Jesus Cristo. Seria impossível anunciar as boas novas de Cristo sem falar de Jesus. Assim, nós lemos que Filipe, falando com o etíope, “anunciou-lhe a Jesus”, e que o apóstolo Paulo se apresentou como “separado para o evangelho de Deus… com respeito a seu Filho…”. Além disso, ao testificar de Jesus, nós devemos falar sobretudo sobre a sua morte e ressurreição. Lembremos novamente as palavras de Paulo em seu famoso resumo do evangelho apostólico: “Antes de tudo vos entreguei o que também recebi; que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado, e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras. E apareceu…”. Nós simples­mente não estamos compartilhando o evangelho se não declararmos o amor de Deus ao dar o seu Filho para viver a nossa vida, morrer por nossos pecados e ressuscitar de novo; nem podemos omitir a sua oferta, feita por Jesus Cristo a todos que se arrependem e creem nele, de uma nova vida de perdão e libertação e de participação em sua nova sociedade.

Mas como é que vamos formular estas boas novas nas sociedades cada vez mais pluralistas de nosso mundo, de tal forma que faça sentido para essas pessoas? Existem dois extremos opostos a serem evitados.

O primeiro extremo eu vou chamar de rigidez total. Certos cristãos parecem estar escravizados a palavras e fórmulas, e acabam tornando-se escravos de um evangelho estereotipado. Eles envolvem sua mensagem em um belo e gracioso pacote; depois colam, colocam uma etiqueta e daí colocam o preço, como se fosse destinado a um super­mercado. Então, a não ser que se use a sua nomenclatura predileta (reino de Deus, o sangue de Jesus, libertação da humanidade, nascer de novo, justificação pela fé ou o senhorio cósmico de Cristo), eles declaram redondamente que o evangelho não foi pregado. O que estas pessoas parecem não ter percebido é a riqueza de diversidade na formulação do evangelho que se encontra no próprio Novo Testamento. As opções que acabo de mencionar são todas bíblicas; mas, como todas elas contêm um elemento de imaginação, e cada imagem é diferente, é impossível fundi-las em um único e simples conceito. Portanto, torna-se perfeitamente legítimo desenvolver um ou outro desses conceitos, conforme pareça mais apropriado a cada ocasião.

O extremo oposto é a fluidez total. Anos atrás eu ouvi um religioso dizer: “Esse negócio de evangelho no vazio não existe. Nem se sabe o que é o evangelho, a não ser que se viva cada situação em especial. Primeiro é preciso viver a situação e, depois que se está lá dentro, aí é que se descobre o evangelho.” Agora, se o que ele quis dizer é que ele queria ver o evangelho dentro de um contexto e não no vazio, e que ele precisava relacionar o evangelho sensivelmente com cada pessoa e situação, então eu concordo plenamente com ele. Mas dizer que “esse negócio de evangelho no vazio não existe” e que “se descobre o evangelho” em cada situação, isto é, com toda certeza, um grande exagero. Afinal, o que os defensores da fluidez total parecem não ter percebido é que, juntamente com a rica diversidade da formulação evangélica do Novo Testamento, existe tam­bém uma unidade subjacente (especialmente no que diz respeito à morte salvadora e à ressurreição de Jesus) que concilia as diferentes formulações. Como escreve A. M. Hunter, “existe… no Novo Testamento uma profunda unidade, que domina e transcende todas as diversidades.”

Será que existe um meio termo? Existe, sim. Ambos os extremos que acabo de descrever expressam importantes preocupações que precisam ser preservadas. A primeira (“rigidez total”) enfatiza, com razão, que o evangelho foi revelado por Deus e recebido por nós. Tanto é uma paradosis (uma tradição a ser preservada) como uma paratheke (um depósito a ser guardado). Nós não o inventamos e não temos nenhuma liberdade para modificá-lo ou para brincar com ele. A segunda posição, da “fluidez total”, enfatiza corretamente que o evangelho deve ser contextualizado, isto é, relacionado de maneira apropriada com cada pessoa ou si­tuação em particular. Caso contrário, passa a ser consi­derado irrelevante.

De certa forma, portanto, nós temos que aprender a combinar estas duas preocupações, ambas acertadas. Temos que lutar com a dialética que existe entre a velha Palavra e o mundo moderno, entre o que foi concedido e o que ficou em aberto, entre conteúdo e contexto, Escritura e cultura, revelação e contextualização. Necessitamos mais fidelida­de à Escritura e mais sensibilidade para com as pessoas. Não um sem o outro, mas ambos.

A IGREJA PRECISA SER ELA MESMA

A vida da igreja

O que Deus espera da igreja é que ela seja a sua nova sociedade, a encarnação viva do evangelho, um sinal do reino de Deus, uma demonstração do que é a comunidade humana quando ela se coloca sob o domínio gracioso de Deus.

Em outras palavras, o propósito de Deus é que a boa nova de Jesus Cristo seja expressa tanto visualmente como verbalmente — ou seja, “em palavra e em ação”. Todo educador sabe que para os seres humanos é muito mais fácil aprender através do que eles veem e experimentam do que através do que eles ouvem. Ou melhor, palavra e ação, ouvir e ver, andam juntos. E com a evangelização acontece a mesma coisa. As pessoas precisam ver com os seus próprios olhos que o evangelho que anunciamos nos transformou. Como disse John Poulton: “Os cristãos… precisam parecer com aquilo de que estão falando. O que comunica é primordialmente as pessoas, e não palavras ou ideias… O que comunica agora é basicamente a autenti­cidade pessoal.” Por outro lado, se nossa vida contradiz a nossa mensagem, nossa evangelização não terá credibilidade. Com efeito, o maior empecilho para a evangelização reside na falta de integridade do evangelista.

Nunca um texto me ajudou tanto a entender as impli­cações disto para a vida da igreja local como 1 João 4.12: “Ninguém jamais viu a Deus; se amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós, e o seu amor é em nós aperfei­çoado.” Deus é invisível. Ninguém jamais o viu. Tudo que os seres humanos já viram dele foi um relance de sua glória, do brilho exterior do seu ser.

Agora, a invisibilidade de Deus é um grande problema para a fé. Assim foi também para os judeus no Antigo Testamento. Seus vizinhos pagãos riam deles por adorarem um Deus invisível. “Vocês dizem que acreditam em Deus?”, zombavam deles. “Onde ele está? Venham aos nossos tem­plos e nós lhes mostraremos os nossos deuses. Eles têm ouvidos e olhos, mãos e pés, e também boca e nariz. Mas, o Deus de vocês, onde ele está? Nós não podemos vê-lo. Ha, ha, ha!” Para os judeus isto era difícil de suportar. Daí a reclamação do salmista e profeta: “Por que diriam as nações: onde está o Deus deles?”. Obviamente, Israel tinha sua apologética. Os ídolos dos pagãos não eram nada, somente obras de suas mãos. Tinham boca, é verdade, mas não podiam falar; ouvidos, mas não ouviam; tinham narizes que não podiam cheirar, mãos que não podiam sentir e pés que não andavam. Javé, por sua vez, mesmo não tendo boca (já que era um espírito), havia falado; embora não tivesse ouvidos, ouvia as orações de Israel; e, apesar de não ter mãos, tinha criado o universo e redimido o seu povo com sua poderosa força. Ao mesmo tempo, o povo de Deus desejava ansiosamente que ele se fizesse conhecido às nações, para que estas pudessem vê-lo e acreditar nele.

O mesmo problema de um Deus que não se vê nos desafia hoje, especialmente aos jovens que cresceram confiando em métodos científicos. Eles aprenderam a examinar tudo através de seus cinco sentidos. Qualquer coisa que não se preste a uma investigação empírica eles aprenderam a suspeitar e até mesmo rejeitar. Portanto, que sentido tem em acreditar num Deus invisível? “Se nós o virmos, acre­ditaremos”, é que eles dizem.

Mas, então, como foi que Deus resolveu o problema de sua invisibilidade? Primeiro e acima de tudo, ele o fez enviando o seu Filho ao mundo. “Ninguém jamais viu a Deus; o Deus unigénito, que está no seio do Pai, é quem o revelou.” Por isso é que Jesus pôde dizer: “Quem me vê a mim, vê o Pai” e Paulo pôde descrevê-lo como “a imagem do Deus invisível”.

A isto, as pessoas tendem a replicar: “Isso é realmente maravilhoso… Só que aconteceu há dois mil anos. Não existe uma outra maneira pela qual esse Deus invisível pode tornar-se visível hoje?” Existe, sim. “Ninguém jamais viu a Deus.” João começa este versículo de sua primeira carta com a mesma expressão que usou no prólogo do seu Evan­gelho. Mas agora ele conclui a sentença de maneira diferente. No Evangelho ele escreveu que “o Deus unigênito… é quem o revelou”. Na Epístola ele escreve que “se amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós, e o seu amor é em nós aperfeiçoado”. Considerando a deliberada repetição de João desta mesma declaração, isto só pode significar uma coisa. O Deus invisível, que uma vez se tornou visível através de Cristo, agora torna-se visível através dos cris­tãos, se amarmos uns aos outros.

Deus é amor em sua essência, e revelou seu amor ao dar o seu Filho para viver e morrer por nós. Agora ele nos chama para sermos uma comunidade de amor, amando uns aos outros na intimidade de sua família — especialmente cruzando barreiras de idade e sexo, raça e classe social — e amando o mundo que ele ama em sua alienação, fome, pobreza e sofrimento. É pela qualidade de nosso amor que Deus se faz visível hoje.

Nós não podemos proclamar o evangelho do amor de Deus com a mínima integridade se não o demonstrarmos em nosso amor pelos outros. Creio que nada prejudica tanto a causa de Cristo como uma igreja que, ou é dividida por ciúmes, rivalidade, difamação e malícia, ou então que vive concentrada em seus próprios interesses. Essas igrejas precisam ser radicalmente renovadas em amor. Como se diz num dos relatórios de grupos da Conferência de Lambeth (1978): “Missão sem renovação é hipocrisia.” Somente se amarmos uns aos outros é que o mundo irá crer que Jesus é o Cristo e que nós somos seus discípulos.

Eis aqui, portanto, os quatro pré-requisitos para a evangelização através da igreja local. Primeiro, a igreja precisa compreender-se (teologicamente), vivendo de acor­do com sua dupla identidade. Segundo, ela precisa organizar-se (estruturalmente), desenvolvendo uma estratégia missionária que reflita essa dupla identidade. Terceiro, ela precisa expressar-se (verbalmente), articulando o seu evan­gelho de tal forma que seja, ao mesmo tempo, fiel às Es­crituras e relevante para o mundo contemporâneo. E, quarto, precisa ser ela mesma (moral e espiritualmente), transformando-se tão completamente em uma comunidade de amor que através dela o Deus invisível se torne novamente visível para o mundo.

PSICOLOGIA ANALÍTICA

Sera que você sabe o que pensa que sabe

SERÁ QUE VOCÊ SABE TANTO QUANTO PENSA QUE SABE?

Cientistas acreditam que as pessoas tendem a se iludir a respeito das próprias competências e costumam superestimá-las.

 Nada mais natural do que confiar em nossos instintos se achamos que conhecemos muito sobre determinado assunto. Certo? Não necessariamente. Novas pesquisas sugerem o oposto: pessoas que se declaram especialistas são muito mais propensas a manifestar o que alguns psicólogos denominam overclaiming – o u seja, a firmar ter o domínio de conhecimentos que na verdade não têm.

As pessoas dizem saber coisas que não sabem por uma série de motivos, incluindo insegurança e desejo de influenciar a opinião dos outros. Em situações em que acreditam estar sendo julga das ou avaliadas, tentam parecer mais inteligentes. Mesmo assim, algumas vezes dizer que sabemos mais do que temos conhecimento de fato não é simplesmente um ato deliberado, com o intuito de ludibriar os outros, ainda que por fragilidades, como o medo de não ser aceito. O que cientistas dizem é que essa atitude revela uma superestimativa honesta – embora ilusória – do próprio conhecimento.

Em uma série de experimentos publicados em julho na Psychological Science, pesquisadores da Universidade Cornell testaram a probabilidade de homens e mulheres afirmarem saber mais do que de fato sabem em uma variedade de contextos. Nos primeiros dois experimentos, os participantes avaliavam o grau de conhecimento que acreditavam ter a respeito de uma variedade de tópicos e, na sequência, avaliavam seu grau de familiaridade com cada um dentre 15 termos propostos, três dos quais não eram legítimos. Quanto mais conhecedoras as pessoas se avaliavam sobre determinado tópico, mais propensas eram a afirmar conhecerem expressões e conteúdos não legítimos naquela área.

Num terceiro experimento, outros participantes foram submetidos aos mesmos testes, porém já tinham sido anteriormente informados de que haveriam termos falsos misturados aos corretos. O alerta reduziu o ímpeto dos voluntários de afirmar saber aquilo que não sabiam de fato, mas não alterou a correlação positiva entre auto percepção de conhecimento e a atitude de professar mais sapiência do que realmente tinham.

Em um experimento final, os pesquisadores manipularam a capacidade de percepção de conhecimento dos participantes ao dar a um grupo um questionário de geografia bastante difícil, a outro grupo um fácil e ao terceiro, nenhum. Os participantes que concluíram o questionário fácil avaliaram saber mais de geografia do que os participantes dos outros grupos e, consequentemente, se mostraram mais propensos a afirmar ter conhecimento dos termos falsificados em um teste subsequente.

Os resultados sugerem que, se você está convicto de que sabe muito sobre algo, é melhor conferir a informação, para não correr o risco de cair na armadilha de passar reto pelas palavras e conceitos que parecem familiares. Além disso, os pesquisadores ressaltam que as pessoas que acreditam saber mais do que de fato sabem são menos propensas a dar continuidade aos estudos, ou podem oferecer conselhos e sugestões sobre tópicos dos quais não têm pleno conhecimento. Na área da saúde, em especial da psicologia e principalmente do coaching, tão em moda atualmente, a autovalorização superlativa pode ser especialmente preocupante.

CAPACIDADES SUPERESTIMADAS

Para tomar decisões, seja na vida profissional, pessoal ou mesmo em relação à própria saúde, nos baseamos na representação que temos de nossos conhecimentos, habilidades e personalidade. Ou seja: em nossa autoimagem. O problema é que muitas vezes não avaliamos bem nosso potencial – e tendemos a nos superestimar, valorizando excessivamente não só nossas habilidades atuais, mas também as futuras.

Para entender melhor esse fenômeno, o doutor em psicologia David Dunning, professor da Universidade Cornell, coordenou um experimento no qual solicitou a alunos de primeiro ano de um curso universitário que avaliassem seu desempenho. No entanto, quando a auto avaliação foi comparada àquela fornecida pelos professores, as opiniões se mostraram bastante divergentes: os estudantes acreditavam ter rendimento superior ao apontado pelos mestres.

Uma das avaliações mais frequentemente superestimadas pelas pessoas em geral é em relação à rapidez com que realizarão determinada tarefa – o que resulta numa distorção de planejamento. O professor Roger Buehlei, da Universidade Wilfrid Lauriei em Ontário, Canadá, observou que alunos do segundo grau levavam três semanas a mais do que haviam planejado na “mais realista” das previsões para terminar o trabalho de conclusão de curso – e uma semana além do que supunham no “pior dos casos”. Psicólogos tendem a concordar que a inclinação à supervalorização costuma funcionar como um recurso defensivo para não entrar em contato com a angústia de enfrentarmos o fato de que sabemos (e podemos realizar) menos do que gostaríamos.

 

GESTÃO E CARREIRA

PROGRAMAS DE RECOPENSAS

PROGRAMA DE RECOMPENSAS, UM SHOW DO MILHÃO

 Após gastar 800 000 reais no programa de recompensa, a Algar Tech conseguiu melhorar ainda mais os indicadores de desempenho, que já eram altos.

A multinacional brasileira que oferece soluções de tecnologia da informação e contact center Algar Tech mantinha desde 2011 um programa para reconhecer os empregados da central de atendimento aos clientes que alcançavam as metas. “Nossa gestão é focada na meritocracia e a premiação funciona como uma forma de motivar os funcionários a alcançar — sempre — as melhores entregas nas áreas em que atuam”, afirma a diretora de talentos Marineide Peres. Contudo, a executiva de recursos humanos queria mais; queria estimular as equipes a se superarem ainda mais e a atingir metas ainda mais altas todos os meses. Mas, até 2014, os prêmios do programa Top Performance eram modestos, restritos a vouchers e vales-compra, e não acompanhavam as metas agressivas da empresa. Segundo a consultoria Gartner, a Algar Tech está entre as 200 maiores companhias de serviços de TI do mundo; fazem parte do seu quadro 14 000 pessoas espalhadas por 4 100 cidades na América Latina, que atendem a mais de 500 clientes. Na área de relacionamento com o cliente, a corporação faz atendimentos como cobrança, recuperação de cré- dito e televendas, em até cinco idiomas. Para aumentar o engajamento dos times na obtenção de indicadores de excelência, Marineide decidiu incrementar o valor dos prêmios. Foi assim que ela criou as Olimpíadas Top Performance.

A SOLUÇÃO

O programa de premiação da Algar Tech estabelece três referências de desempenho para o grupo operacional: absenteísmo, pontualidade e um indicador relacionado ao contrato do cliente, que pode ser o tempo de resposta ou a satisfação do consumidor. No caso da liderança, além desses três indicadores, entra um quarto, para monitorar a taxa de desligamento das equipes. A campanha Olimpíadas Top Performance foi dividida em quatro ciclos, de três meses cada. Para concorrer, o colaborador precisava ter, ao longo do trimestre, desempenho superior nos indicadores estipulados. Ao final do período, eram sorteados, além dos já conhecidos vouchers e vales-compra (que foram mantidos), motos e carros zero-quilômetro. Os funcionários que registrassem atuação elevada durante todos os meses de 2015 concorriam também ao montante de 200 000 reais, valor equivalente a uma casa em Uberlândia, Minas Gerais, sede da Algar Tech. As recompensas das Olimpíadas Top Performance chamaram a atenção das equipes. “Destinamos dois prêmios de 200 000 reais, que foram disputados por 168 funcionários da empresa”, afirma Marineide. “Com as premiações mais robustas, o investimento total no programa passou de 200 000 reais, em 2014, para 800 000 reais, em 2015”, acrescenta a diretora, adiantando que o programa será mantido.

O RESULTADO

Os números comprovam o sucesso das Olimpíadas Top Performance. A rotatividade na Algar Tech caiu ainda mais, passando de 5% para 4%, entre 2014 e 2015. Segundo Marineide, 70% dos gerentes de operações alcançaram indicadores considerados elevados em relação à taxa de desligamento de pessoas de suas equipes. “Antes, essa porcentagem era a metade, de apenas 35% dos gerentes”, afirma a diretora de talentos. Em termos de pontualidade, os indicadores, que já eram bons em 2014 – com 86% das operações dentro da meta de excelência estabelecida pela companhia –, tornaram-se ainda melhores, chegando aos 96%.

Já em relação às faltas, em 2014, 45% dos gerentes da empresa tinham desempenho superior. Em 2015, esse percentual subiu para 65% dos gerentes. “Na média das operações, a taxa de absenteísmo das equipes não podia passar de 3%”, explica a diretora. Os prêmios de 200 000 reais ficaram com duas jovens, ambas com 22 anos, que ocupam cargos de atendentes em Uberlândia. “A empresa apostou no nosso potencial e eu realizei o sonho da casa própria graças ao meu empenho e esforço”, afirma Nádia Cruvinel Martins, que trabalha na Algar Tech desde 2012. Em 2016, a verba do programa será mantida em 800 000 reais, mas as premiações ainda estão sendo definidas pela área de recursos humanos.

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